Rússia x Ucrânia: guerra chega ao 6º dia com ataques em pontos estratégicos
Os ataques aéreos da Rússia prosseguiram nesta terça-feira (1), sexto dia de invasão, e atingiram pontos estratégicos da Ucrânia. Na capital Kiev, um dos alvos foi uma torre de TV. Já em Kharkiv, segunda maior cidade ucraniana, um míssil se chocou contra um prédio do governo e foguetes também atingiram parte de uma área residencial.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy disse que a Rússia precisa parar com os bombardeios antes que negociações substanciais sobre um cessar-fogo possam começar, após haver pouco progresso em uma primeira rodada de conversas esta semana.
Apresentando suas condições para mais negociações com os russos, Zelenskiy disse à Reuters e à CNN, em uma entrevista conjunta: "É necessário pelo menos parar de bombardear as pessoas. Apenas pare com os bombardeios e então vamos sentar na mesa de negociação".
Ataques a uma torre de TV
A explosão na torre de TV deixou cinco mortos e outros cinco feridos, segundo o Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia. O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, informou que dois mísseis atingiram a torre de TV e todas as vítimas que passavam pela calçada.
Já o ataque ao prédio do governo deixou ao menos dez mortos e 20 feridos, segundo autoridades ucranianas. Também ocorreram ataques em Sumy, Mykolaiv, Uman, Khmelnytsky e Zhytomyr.
No ataque a Kiev, outra estrutura foi atingida: o Memorial do Holocausto Babi Yar. No local, os nazistas mataram mais de 30 mil judeus em dois dias, em 1941. Nas redes sociais, Volodimir Zelensky disse que a "história está se repetindo".
Para o mundo: qual é o sentido de dizer "nunca mais" por 80 anos, se o mundo fica em silêncio quando uma bomba cai no mesmo local de Babi Yar? Pelo menos 5 mortos
Volodimir Zelensky, presidente da Ucrânia, em post
A capital registrou, somente nesta terça, 12 alertas de ataques aéreos —ontem o canal oficial da Prefeitura de Kiev no Telegram anunciou 13 alertas. A cidade está sob toque de recolher entre 20h e 7h locais (15h às 2h de Brasília).
Imagem divulgada pelo canal verificado do Telegram do governo ucraniano mostra a explosão que atingiu a torre de TV. "Os canais ficarão fora do ar temporariamente. Em breve, a energia de backup será ligada para restabelecer a transmissão", informou.
Também em Kharkiv, além do ataque ao prédio do governo que matou dez pessoas, a agência Interfax informou que foguetes atingiram parte de uma área residencial. No canal oficial do Telegram, o governador da região, Oleg Sinegubov, disse que "o ocupante russo continua usando armas pesadas contra a população civil".
Tropas russas teriam atingido uma escola de tanques em Kharkiv, e destruído a munição existente.
Além disso, mísseis foram lançados em áreas residenciais de Zhytomyr —vídeo divulgado pelo Serviço de Emergência da Ucrânia mostra os estragos. Segundo Anton Gerashchenko, assessor do ministro do Interior ucraniano, quatro pessoas morreram após casas serem atingidas na noite de hoje por um míssil de cruzeiro. Entre os mortos estão uma criança.
Gerashchenko alega que o ataque teve origem na Bielorrússia.
Rússia anuncia ataque contra alvos militares
Antes da destruição da torre de TV, o Ministério da Defesa russo emitiu um comunicado dizendo que planejava realizar ataques contra prédios do Serviço de Segurança da Ucrânia e do 72º Centro Principal de Informações e Operações Psicológicas em Kiev. As informações foram publicadas pela agência de notícias russa Tass.
"Pedimos para que os cidadãos ucranianos envolvidos em provocações contra a Rússia, bem como os residentes de Kiev, que vivem perto de estações de retransmissão, deixem suas casas", informou o ministério russo.
Minutos depois da publicação do comunicado, autoridades ucranianas relataram a explosão da torre de TV.
Maternidade foi atingida
O governo de Vladimir Putin afirma que tem atingido apenas instalações militares, mas imagens divulgadas pela Ucrânia e moradores de diferentes cidades mostram que mísseis têm chegado a prédios civis.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), ao menos 102 civis foram mortos em toda Ucrânia e 304 ficaram feridos. Na segunda-feira (28), o governo ucraniano havia informado que mais de 2 mil civis ficaram feridos, incluindo crianças.
Em uma região próxima a Kiev, uma maternidade foi atingida hoje pelas forças lideradas por Putin. O hospital está situado no vilarejo de Buzova, na rodovia Zhytomyr, onde ocorrem fortes combates, segundo reportou o Kyiv Independent.
Um funcionário do alto escalão de defesa dos Estados Unidos disse à CNN Internacional que mais de 400 mísseis foram disparados pela Rússia hoje.
Ele também disse que, embora o exército russo não tenha alcançado a superioridade aérea, "há áreas em que eles têm mais controle do que outras".
Comboio se aproxima da capital
Desde domingo um comboio russo foi identificado nas proximidades da capital, mantendo pressão sobre Kiev.
Por causa deste comboio, sirenes têm sido acionadas constantemente para alertar a população, pedindo para que as pessoas se dirijam para abrigos de defesa.
Ontem (28), o jornal New York Times veiculou o movimento dos russos rumo a Kiev. "A linha é tão extensa que não foi totalmente capturada nas imagens de satélite. Em algumas áreas, os veículos aparecem em duas ou três fileiras", informou.
Para Zelensky, a capital é o principal objetivo das tropas russas. "Para o inimigo, Kiev é um alvo chave. Portanto, a capital está constantemente sob ameaça", disse em uma mensagem de vídeo na noite de segunda-feira.
Segundo ele, os russos querem deixar Kiev sem eletricidade, mas o presidente ucraniano afirma que os ataques serão neutralizados.
Apoio internacional
Zelensky pediu que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mantenha a ajuda para "conter o agressor o mais rápido possível", em referência à Rússia. Segundo a rede de TV americana CNN, a conversa foi feita através de um telefone via satélite seguro, dado pela embaixada americana em Kiev ao governo ucraniano pouco antes da invasão.
"A liderança americana nas sanções contra a Rússia e o auxílio à defesa da Ucrânia foi discutido. Nós temos que parar o agressor o mais rápido possível. Obrigado pelo apoio", escreveu o líder ucraniano no Twitter após a conversa.
Também hoje, o Parlamento Europeu recomendou que a Ucrânia ganhe o status de membro da União Europeia. A decisão foi tomada por 637 votos favoráveis, 13 votos contrários e 26 abstenções, um dia após o presidente do país, Volodymyr Zelensky, assinar um pedido oficial de incorporação à UE.
Pouco antes da votação parlamentar ser realizada, Zelensky chegou a fazer um discurso por videoconferência pedindo que o bloco "provasse" estar com o país. O discurso feito pelo presidente emocionou o tradutor encarregado de repassar a mensagem em inglês para membros do Parlamento.
Mais de 660 mil pessoas já deixaram a Ucrânia em razão do conflito na região, segundo o Acnur (Alto Comissariado da Organizações das Nações Unidas para os Refugiados). Cerca de um milhão de pessoas fugiram de suas casas, mas continuam no país, de acordo com a agência.
Ajuda europeia deve chegar a 1 bilhão de euros
A ajuda de países da União Europeia à Ucrânia e a refugiados do país em decorrência da invasão russa deve chegar a 1 bilhão de euros, afirmou hoje a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
"Nossa União está usando o orçamento para comprar e empregar equipamento militar a um país sob ataque: 500 milhões de euros para apoiar a defesa da Ucrânia. Também vamos acrescentar a isso 500 milhões de euros para lidar com as consequências humanitárias dessa tragédia no país e para os refugiados", declarou, em discurso aplaudido de pé no Parlamento Europeu.
Ela disse que a União Europeia não pode achar que a segurança das pessoas está garantida e reconheceu que a crise está mudando a região. Ao mesmo tempo, disse que a Rússia está "em uma encruzilhada", porque as ações do governo de Vladimir Putin estão prejudicando os interesses do país e da população, considerou.
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