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Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


Ucrânia fala em ofensiva 'em todas as direções'; Rússia diz ter matado 300

Do UOL*, em São Paulo

28/04/2022 05h25Atualizada em 28/04/2022 10h48

O Ministério da Defesa da Ucrânia disse, em seu relatório de hoje, que as forças russas estão "aumentando o ritmo da operação ofensiva". "Em quase todas as direções, os ocupantes russos estão exercendo fogo intenso", completou o ministério, que indicou a "maior atividade" em Slobozhansky —com foco em Kharkiv, a segunda maior cidade do país— e Donetsk, no leste do país, foco da Rússia atualmente.

A Defesa ucraniana também indicou que a distribuição de tropas russas atrapalha o movimento de proteção no território. Para a Ucrânia, a Rússia "está tentando garantir a manutenção das reservas das Forças Armadas da Ucrânia na direção norte e impedir seu movimento para a Zona Operacional Oriental".

Já o Ministério da Defesa da Rússia relatou ataques aéreos contra a infraestrutura militar da Ucrânia, atingido 67 instalações. "Como resultado dos ataques, mais de 300 nacionalistas [militares ucranianos] e até 40 veículos blindados foram destruídos." Depósitos de armas também foram atingidos. No total, a Rússia disse ter feito 408 ataques na Ucrânia entre a noite de ontem e a manhã de hoje.

Para esta quinta-feira, 64º dia da guerra russa, está previsto um encontro entre o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, recebe o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres. Na terça (26), Guterres esteve com o presidente russo, Vladimir Putin, e com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, a quem pediu um cessar-fogo em busca do fim da guerra.

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O secretário-geral da ONU, António Guterres (à esquerda), visitou hoje Borodianka, na Ucrânia
Imagem: Reprodução/Twitter/OCHA_Ukraine

Inaceitável

Guterres já visitou hoje cidades próximas a Kiev que chegaram a ser ocupadas pelas forças russas até março, como Borodianka, Irpin e Bucha, que ficou marcada pelo massacre de civis. "Quando vemos este lugar horrível, entendo como é importante ter uma investigação completa e estabelecer as responsabilidades", declarou Guterres em Bucha. "Peço à Rússia que aceite cooperar com o TPI [Tribunal Penal Internacional, que abriu investigação sobre os ocorridos]." Os russos negam ter matado civis em Bucha.

A guerra é um absurdo no século 21. A guerra é o mal. Não há como uma guerra ser aceitável no século 21
António Guterres, secretário-geral da ONU, em visita a Borodianka

Zelensky teve uma agenda hoje com o primeiro-ministro da Bulgária, Kiril Petkov, que visita a Ucrânia. Ontem, a Rússia cortou o fornecimento de gás para os búlgaros como retaliação pelo apoio à Ucrânia no conflito promovido por Putin. Hoje, Petkov disse que a Europa precisa encontrar alternativas ao gás russo.

"Temos que ser mais fortes, temos que ser duros", declarou Petkov, em Irpin. Petkov afirmou que a Bulgária tem "alternativas" para substituir o gás russo. "Se nós somos capazes, todos na Europa têm de ser capazes", acrescentou.

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O primeiro-ministro da Bulgária, Kiril Petkov, foi recebido em Kiev pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky
Imagem: Presidência da Ucrânia

Apelo por armas

A Força Aérea Ucraniana pediu a países aliados "modernos sistemas de mísseis antiaéreos de médio e longo alcance" e "caças modernos para cobertura de caças no céu no sistema de defesa aérea do estado".

"Gostaríamos muito de receber (sob quaisquer condições) equipamentos de fabricação ocidental, tecnológicos e eficientes", disse o tenente-general Mykola Oleshchuk, comandante da Força Aérea. "A guerra não vai acabar tão cedo, precisamos de armas hoje."

Oleshchuk reforçou que a Ucrânia é grata "ao mundo inteiro pelo apoio humanitário, político e financeiro, pressão de sanções ao estado terrorista, assistência técnico-militar". "Mas essas armas que nos foram dadas não são suficientes para vencer."

Segundo o comandante, a Ucrânia recebeu "sistemas portáteis de curto alcance, projetados principalmente para destruir alvos de baixa altitude, como helicópteros". Ele disse que, com esses equipamentos, não se pode atingir os aviões russos, "que atualmente estão lançando bombas em nossas cidades a oito ou mais quilômetros de distância".

Hoje, a Rússia voltou a fazer alertas de que o envio de armas para a Ucrânia pode "ameaçar a segurança" da Europa.

"Esta tendência de inundar a Ucrânia de armas, especialmente armas pesadas, são atos que ameaçam a segurança do continente e provocam instabilidade", disse o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov. Ontem, Putin já havia prometido uma resposta rápida "como um raio" caso haja intervenção de outros países na Ucrânia.

Foco em Izium

Para a Defesa ucraniana, os "principais esforços" da Rússia "estão concentrados na direção de Izium", cidade na região de Kharkiv, a cerca de 620 quilômetros de Kiev.

"A fim de fortalecer o grupo de avanço, os ocupantes também transferiram unidades aerotransportadas para a cidade de Izium, bem como até 500 unidades de equipamentos", disse o relatório.

A Rússia, porém, disse que são as forças ucranianas que têm atacado Izium e Kherson, em áreas residenciais, informação que não pôde ser verificada com fontes independentes. A Defesa russa disse isso configuraria "crime de guerra e uma violação flagrante do direito internacional humanitário".

Sobre Kherson, única capital regional que a Rússia capturou desde o início da invasão, a Ucrânia disse que houve fortes explosões durante a noite de quarta (27). Tropas russas usaram gás lacrimogêneo e granadas de efeito moral ontem para reprimir manifestações pró-ucranianas, e agora estavam bombardeando toda a região ao redor e atacando Mykolaiv e Kryvyi Rih, cidade natal de Zelensky.

Apesar dos ataques russos, o Ministério da Defesa da Ucrânia indicou que conseguiu repelir seis ataques da Rússia nas regiões de Donetsk e Lugansk entre ontem (27) e hoje, destruindo "cinco tanques, um sistema de artilharia, 22 veículos blindados, um carro e uma arma antiaérea".

ataque - Administração Militar Regional de Zaporizhzhia - Administração Militar Regional de Zaporizhzhia
Ataque aéreo destruiu casas em Zaporizhzhia, no leste da Ucrânia
Imagem: Administração Militar Regional de Zaporizhzhia

Ataque

Ao menos três pessoas ficaram feridas —entre elas, uma criança— em um ataque aéreo a Zaporizhzhia, no leste da Ucrânia.

Segundo a administração militar regional, o ataque foi feito com mísseis, que atingiram duas casas.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Presença no Mar Negro

A inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido disse, hoje, que "cerca de 20 navios da Marinha Russa encontram-se atualmente na zona operacional do Mar Negro, incluindo submarinos".

Mas o Reino Unido, aliado da Ucrânia, lembrou que o "estreito de Bósforo permanece fechado para todos os navios de guerra não turcos, tornando a Rússia incapaz de substituir seu cruzador perdido, Moskva, no Mar Negro". O Moskva afundou após um ataque da Ucrânia.

Porém, os britânicos disseram que, "apesar das perdas embaraçosas do navio de desembarque Saratov e do cruzador Moskva, a Frota da Rússia no Mar Negro mantém a capacidade de atacar alvos ucranianos e costeiros."

Perigo sanitário em Mariupol

Sitiada pelas forças russas, a cidade portuária de Mariupol, no sudeste ucraniano, pode enfrentar um perigo sanitário. A Câmara Municipal divulgou hoje um texto em que indica que "cerca de 100.000 moradores de Mariupol estão em perigo mortal não apenas devido aos bombardeios, mas também às condições de vida intoleráveis e insalubres".

O comunicado indica que "epidemias tão poderosas e mortais podem em breve eclodir na cidade devido à falta de abastecimento centralizado de água e saneamento, a decomposição de milhares de cadáveres sob os escombros, uma escassez catastrófica de água potável e alimentos".

Em nota, o prefeito de Mariupol, Vadym Boychenko, reforçou a necessidade de "uma evacuação imediata e completa" da cidade. "Os ocupantes são incapazes de fornecer comida, água e remédios à população existente. Ou simplesmente não estão interessados. Eles bloqueiam todas as tentativas de evacuação. E sem isso, as pessoas vão morrer. Afinal, agora as condições de vida são medievais."

Símbolo da resistência ucraniana em Mariupol, o complexo de Azovstal foi alvo de um ataque, que deixou mortos, segundo informações do governo ucraniano.

(Com Reuters, AFP e RFI)