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Kotscho: Milei é um provocador e adota ingredientes de uma ditadura

O presidente da Argentina, Javier Milei, é um "provocador" e está levando o país a uma ditadura ao ameaçar cortar benefícios sociais de quem vai a protestos contra as medidas tomadas por ele, criticou o comentarista do UOL News Ricardo Kotscho durante o programa da tarde desta terça-feira (26).

Após Milei assinar decreto para demitir funcionários públicos, o sindicato da categoria ameaça convocar uma greve geral a partir de amanhã.

Ele [Milei] é, acima de tudo, um provocador. Parece que ele quer ver o circo pegar fogo e está conseguindo. A Central Geral dos Trabalhadores da Argentina já está programando uma greve geral no país. Fico me perguntando onde ele quer chegar. Ele tem minoria no Congresso, não dialoga com os partidos e vai baixando decretos.

Esse negócio de que primeiro tem que destruir tudo, piorar muito para depois reconstruir o país e que as coisas vão melhorar, lembra o que aconteceu no início do governo Jair Bolsonaro. Ele foi para uma reunião com a extrema direita de lá e falou que o Brasil estava tão ruim que ele tinha que acabar com tudo que tinha sido feito, para depois recomeçar a fazer um novo país. A primeira parte ele cumpriu: realmente destruiu muita coisa e a segunda até hoje estamos esperando.

Desde a semana passada, o governo de Milei tem pressionado contra os protestos. A ministra do Capital Humano, Sandra Pettovello, chegou a dizer que cortaria benefícios de quem participar de atos que bloqueiem vias.

Nas redes sociais, o presidente argentino publicou uma foto antes dos protestos na semana passada com uma foto que dizia "quem bloqueia, não recebe". O Ministério da Segurança divulgou decreto que permite intervenção da polícia e a identificação de manifestantes por meio de câmeras de segurança e drone.

Kotscho também criticou a medida e disse que isso "vai acabar em uma ditadura".

Estão filmando as pessoas nos protestos para identificar quem está indo para as ruas e cortar os benefícios sociais. Isso é de uma desumanidade. Quem recebe benefício social já está na pior, e agora estão ameaçando cortar quem vai para a rua.

Ele está com todos os ingredientes que isso vai acabar em uma ditadura. Não existe isso. Primeiro, ele falou que não pode andar na rua, só na calçada ou na praça. Ele está provocando esse pessoal para ir para a rua protestar e depois reprimir.

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O que aconteceu

A Associação dos Trabalhadores do Estado diz que não aceitará nenhuma demissão. "Estamos perante um ataque sem precedente contra os trabalhadores. Amanhã, [teremos] uma mobilização em todo o país e caminhamos para uma greve geral", afirmou Rodolfo Aguiar, secretário-geral do sindicato, à rádio argentina AM 750.

O protesto de amanhã reúne sindicatos de outras categorias, que são contra as ações feitas pelo atual governo. O decreto assinado hoje por Milei afeta cerca de 7.000 pessoas — funcionários públicos com menos de 1 ano de trabalho não serão renovados.

Há grupos que ficarão isentos da medida e continuarão em suas funções, como pessoas trans ou com deficiência. Também está isento quem "tenha prestado tarefas antes de 1º de janeiro de 2023 e tenha alterado a sua forma de contratação".

O sindicato afirma que todos os trabalhadores "cumprem funções essenciais". "Que ninguém espere que a associação vá aceitar até mesmo uma única demissão", afirma Aguiar.

A categoria também diz que vai dialogar com o Congresso argentino para barrar essa e outras medidas similares. "Se alguém está atingindo a paz social é o próprio governo que decide deixar milhares de famílias na rua neste momento", afirma o secretário-geral do sindicato.

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É difícil encontrar precedentes na administração pública de um ataque de tamanha magnitude aos direitos trabalhistas.
Rodolfo Aguiar, secretário-geral do sindicato

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