Atrito com PT, reunião com Bolsonaro: quem é embaixador de Israel no Brasil

Membros do alto escalão do governo Lula consideram que a presença do embaixador israelense Daniel Zonshine no Brasil pode ficar "insustentável", segundo o colunista do UOL Jamil Chade. A crise diplomática entre Brasil e Israel ocorre após o presidente Lula ter comparado a guerra em Gaza aos atos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Quem é o embaixador de Israel no Brasil

A primeira passagem de Daniel Zonshine pelo Brasil ocorreu entre 1998 e 2002. Na ocasião, ele foi ministro-conselheiro da embaixada em Brasília. Depois disso, Zonshine foi cônsul geral em Mumbai, na Índia, entre 2005 e 2008, e embaixador de Israel em Yangon, em Mianmar. Desde 2018, ele é o responsável pelos Programas no Exterior da Agência Nacional para a Cooperação Internacional de Israel.

Embaixador de Israel no Brasil há quase três anos, Zonshine foi escolhido para o cargo como sucessor de Yossi Shelley, ainda durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, o embaixador acumula atritos com o governo Lula. Em novembro do ano passado, Zonshine participou de uma reunião no Congresso Nacional com Jair Bolsonaro e um grupo de parlamentares da oposição ao governo atual. Por isso, dirigentes petistas criticam uma suposta aproximação do embaixador com o ex-presidente.

Além disso, Zonshine já afirmou que o "PT perdeu a visão de humanidade" ao comentar uma nota divulgada pelo partido ainda na primeira semana da guerra. Na ocasião, o Diretório Nacional da sigla chamou os ataques de Israel de "genocídio".

O PT condena, desde sua fundação, todo e qualquer ato de violência contra civis, venham de onde vierem. Por isso, condenamos os ataques inaceitáveis, assassinatos e sequestro de civis, cometidos tanto pelo Hamas quanto pelo Estado de Israel, que realiza, neste exato momento, um genocídio contra a população de Gaza, por meio de um conjunto de crimes de guerra.
Nota de 16/10/2023 do PT

Em entrevista ao portal Poder 360 em outubro do ano passado, Zonshine disse: "Isso é maneira [de falar] de um partido que fala de direitos humanos? São direitos humanos matar crianças e estuprar mulheres? Esses são os valores que o PT apoia? O apoio aos palestinos é uma coisa, podemos discutir isso, mas apoiar o Hamas?".

Daniel Zonshine não deve comparecer ao ato de apoio a Jair Bolsonaro, convocado para ocorrer no domingo (25), na avenida Paulista, em São Paulo, segundo a coluna de Monica Bergamo, na Folha de S.Paulo. Ele nem sequer teria sido convidado, ainda conforme a coluna. A ideia começou a circular depois que o advogado e ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro Fabio Wajngarten postou em seu perfil no X (ex-Twitter) que sugeriria a Bolsonaro e ao pastor Silas Malafaia que convidassem o embaixador para a manifestação. A Embaixada de Israel no Brasil emitiu nota confirmando que Zonshine não participará do evento.

Carreira

Daniel Zohar Zonshine nasceu em 9 de setembro de 1958. Além de falar hebraico (sua língua nativa), o embaixador é fluente em inglês e português.

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Formação acadêmica concluída em Israel. Além de ter cumprido o serviço militar obrigatório, Zonshine se graduou em Estudos da Terra de Israel na Universidade Bar Ilan e também concluiu um mestrado em Estudos de Defesa na Universidade de Haifa e Universidade Nacional de Defesa.

Quase 35 anos de carreira. Segundo o site do governo israelense, Zonshine ingressou no Ministério das Relações Exteriores de Israel em 1990, aos 32 anos. Seguindo a carreira na área, ele foi o representante israelense em cinco países, incluindo o Brasil.

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