Lula defende eleição na Venezuela e pede 'presunção de inocência' de Maduro

O presidente Lula (PT) celebrou hoje que as eleições na Venezuela foram marcadas para 28 de julho e pediu "presunção de inocência" para o atual mandatário, Nicolás Maduro.

O que Lula disse

Lula defendeu que "não se pode colocar dúvidas antes de as eleições acontecerem". O presidente venezuelano, aliado de Lula, busca a reeleição em julho e prometeu eleições justas, mas o pleito é cercado de desconfiança internacional após a prisão da principal opositora. O petista falou durante evento com o presidente de governo da Espanha, Pedro Sánchez.

O que eu posso esperar? Que haja as eleições para a gente saber se elas foram democráticas ou não. A gente não pode já começar a jogar dúvida antes de as eleições acontecerem. Porque aí começa a ter um discurso de que vai prever antecipadamente que vai ter problema. Nós temos que garantir a presunção de inocência até que haja as eleições.
Lula, sobre eleição na Venezuela

O brasileiro disse ainda que Maduro prometeu "olheiros do mundo inteiro" para acompanhar a votação. A situação se agravou no país após a prisão da ex-deputada María Corina Machado, em dezembro, por "traição à pátria". Então principal candidata da oposição, ela foi considerada inelegível pela Suprema Corte venezuelana em janeiro.

Lula recebeu Sánchez para reunião bilateral no Palácio do Planalto. Os dois assinaram termos de cooperação nas áreas de telecomunicações, infraestrutura, ciência e tecnologia. Hoje ainda há um almoço entre as comitivas no Itamaraty e uma visita do espanhol ao Congresso.

Eleições na Venezuela

Lula demonstrou dar um voto de confiança ao aliado venezuelano e comparou a situação de Corina à sua em 2018, quando estava preso. "Eu fui impedido de concorrer em 2018. Em vez de ficar chorando, eu indiquei outro candidato", disse Lula ao lado de Sánchez, se referindo a Fernando Haddad, seu atual ministro da Fazenda, que foi derrotado.

Ele já havia feito a relação mais cedo, quando esperava pelo espanhol na rampa do Planalto. "Se o candidato da oposição tiver o mesmo comportamento da oposição aqui, nada vale", comentou Lula, provocando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas sem citar a inelegibilidade de Corina Machado.

Lula disse ainda que Bolsonaro teve "a falta de vergonha" de convocar "embaixadores do mundo inteiro" para dizer "que eleições no Brasil não eram honestas, que ele ia ser roubado". Sánchez, no poder desde 2018, disse que passou por situação semelhante.

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Lula e Maduro se encontraram no Caribe na última sexta-feira (1º). O presidente e o PT têm, historicamente, respeitado os resultados das eleições no país.

Lula e Sánchez, no Palácio do Planalto
Lula e Sánchez, no Palácio do Planalto Imagem: Ricardo Stuckert/PR

Lula se reuniu com presidente da Espanha

No encontro, o presidente espanhol acompanhou desfile militar do Batalhão da Guarda Presidencial ao lado de Lula. Sánchez também se reuniu com empresários brasileiros, encontro que ele disse ter sido uma oportunidade para "impulsionar" as relações comerciais entre Brasil e Espanha.

Sánchez agradeceu Lula por acordo entre o Mercosul e União Europeia. "América Latina e União Europeia são aliados naturais. Por isso, estou determinado a continuar construindo esses compromissos assegurados na cúpula Celac do ano passado. Esperamos defender prioridades como a justiça social, a transição verde e justa e também a cooperação internacional baseada em um sistema financeiro global reformado", disse o presidente espanhol.

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