Amanda Klein: Se Kamala for bem nesses dois estados, vai 'assustar' Trump

Se a democrata Kamala Harris, candidata à Presidência dos Estados Unidos, for bem nos estados da Geórgia e da Carolina do Norte pode assustar a campanha do rival, o republicano Donald Trump, segundo avaliação feita pela jornalista Amanda Klein durante participação no UOL News Especial, nesta terça-feira (5).

Geórgia e Carolina do Norte são considerados dois "estados-pêndulos" (ou "swing-states"), termo utilizado para os estados onde não há uma tendência política fixa e podem votar tanto em candidatos democratas quanto republicanos. Essas regiões são tidas como decisivas nas eleições presidenciais, já que o seu apoio pode oscilar entre os dois partidos.

Para explicar a importância das duas regiões, no processo eleitoral americano, Amanda recorreu ao chamado ao "blue wall" ("muralha azul" ou "parede azul", na tradução livre). Trata-se de uma expressão usada por especialistas políticos para se referir a estados que votam no Partido Democrata, com frequência, desde os anos 1990.

Normalmente essa muralha azul vota junto [Michigan, Wisconsin e Pensilvânia]. É difícil quebrar essa tendência. Quando a gente fala que precisa quebrar a 'muralha azul', só pensa em Pensilvânia, que é o estado mais cobiçado pelos candidatos. Óbvio, porque tem mais delegados. Quem leva um, leva todos. Trump conseguiu quebrar essa tendência pró-democrata porque venceu em 2016 (esses três estados). E aí isso voltou para a conta dos democratas em 2020 com Joe Biden.

Agora, eu acho que a gente tem que ficar muito atenta porque as urnas já fecharam na Geórgia e na Carolina do Norte, que são estados do sul, são estados que têm uma tendência maior para votar em Donald Trump, para dar a vitória a Donald Trump, mas também são aqueles estados cobiçados. Se a Kamala Harris ganhar na Georgia ou na Carolina do Norte [daria tranquilidade para os Democratas]. Se ela não vencer na Carolina do Norte, nem na Georgia, aí necessariamente ela vai precisar do blue wall, dessa muralha azul lá em cima.
Amanda Klein durante o UOL News Especial

Georgia x Carolina do Norte: estados decisivos em 2024

Um terço da população da Georgia é de afro-americanos, segundo o instituto de pesquisas Pew Research Center. Este grupo demográfico foi visto como uma das forças de Biden para ganhar o estado em 2020. Porém, os eleitores negros demonstraram certa decepção com o atual presidente, segundo a rede britânica BBC. Agora, os democratas esperam que a substituição de Biden por Kamala reconquiste esse eleitorado para levar os 16 votos do estado.

Os democratas não ganhavam a eleição desde 1996, mas quebraram a série de derrotas em 2020, com 0,2% de vantagem. Até 1960, a Georgia foi extremamente fiel aos democratas. Entre 1994 e 1996, se tornou um swing state clássico, se alternando entre republicanos, democratas e até mesmo um candidato independente (George Wallace, em 1968). Em 1996, entrou oficialmente onda vermelha dos republicanos, e permaneceu assim até 2020, quando Biden foi eleito por 49,5% a 49,3%.

Trump responde a um processo criminal por uma suposta interferência eleitoral na Georgia. O republicano e outras 18 pessoas são acusadas de conspirar para anular sua derrota para Biden no estado. Ele nega as acusações e culpa o governador da Georgia — o também republicano Brian Kemp — por ter perdido a última eleição.

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Já na Carolina do Norte, os democratas investiram sete vezes mais que os republicanos para tentar conquistar os 16 delegados do estado. Enquanto Kamala investiu cerca de US$ 28 milhões com anúncios, Trump se restringiu a gastar US$ 4 milhões com o estado que elegeu mais republicanos nos últimos anos.

Os eleitores sem filiação a nenhum partido são o maior bloco do estado, já que a campanha de Harris se esforçou para ganhar estes votos que ainda podem ser conquistados. Em agosto, o registro de novos eleitores democratas ultrapassaram os registros republicanos por três semanas consecutivas no estado, segundo o site de notícias Newsweek.

Eleições acirradas nos EUA

Após meses de campanha intensa, com troca de farpas e acusações, a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump chegam no dia da votação para as eleições presidenciais americanas sem favoritismo. Os dois aparecem em várias pesquisas tecnicamente empatados.

A vice-presidente entrou na corrida eleitoral apenas em agosto, quando o partido decidiu substituir o atual presidente, Joe Biden, que tentava a reeleição à Casa Branca, em decorrência do desempenho ruim no primeiro debate. Ela aceitou o desafio e, desde então, passou a ser titular da chapa democrata.

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Já a campanha do ex-presidente foi marcada por um atentado a tiro em julho. Trump foi atingido de raspão enquanto discursava no comício da Pensilvânia. O atirador, identificado como Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, foi morto pelo Serviço Secreto. Uma pessoa que estava no local morreu ao ser atingida por um dos tiros.

Além da eleição presidencial, os Estados Unidos também decidem, nesta terça, eleições para governador em 11 estados, além de 33 cadeiras no Senado e todas as vagas na Câmara.

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Imagem: Arte/UOL

O que você precisa saber

Nos Estados Unidos, o presidente não é eleito diretamente: os eleitores escolhem os representantes do colégio eleitoral (delegados) de seus respectivos estados. Na prática, o partido que vence em cada estado ganha um determinado número de "pontos", representados pelos delegados.

O candidato recebe todos os votos do estado, independentemente das porcentagens. Ou seja, se a votação ficar 51% a 49% em um estado com dez delegados, o candidato que teve mais votos levará os dez representantes.

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É possível que um candidato receba a maioria dos votos populares, mas perca a eleição. Em 2016, por exemplo, Donald Trump teve quase três milhões de votos a menos do que Hillary Clinton, mas foi eleito porque somou 306 delegados. A mesma situação aconteceu nas eleições presidenciais de 1824, 1876, 1888 e 2000.

A Califórnia, Texas e Flórida são os que valem mais: são 54, 40 e 30 delegados respectivamente. Seis estados (Alasca, Dakota do Norte, Dakota do Sul, Delaware, Vermont e Wyoming) e a capital Washington são os que têm menos delegados, com três cada um.

Os estados de Maine e Nebraska são os únicos que fogem à regra, usando o método do distrito congressional. Neste caso, os estados indicam dois votos de delegados para o vencedor no estado todo e mais um delegado para o vencedor em cada distrito.

Candidatos disputam os chamados estados roxos ou estados—pêndulo, que oscilam entre democratas e republicanos, os maiores partidos. É onde não há uma preferência definida entre os partidos.

  • Michigan
  • Nevada
  • Pensilvânia
  • Wisconsin
  • Arizona
  • Geórgia
  • Carolina do Norte.

A Flórida já foi um estado roxo, mas, na última eleição, passou a ser considerado com uma tendência republicana.

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O voto não é obrigatório, diferentemente do Brasil. os norte-americanos podem se abster de votar, e pessoas a partir dos 18 anos estão aptas a participar.

Assista ao UOL News Especial - Eleição nos Estados Unidos

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