Conflito entre Israel e Hezbollah teve pagers explosivos e morte de líderes
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, aprovou um acordo de cessar-fogo com o Hezbollah por pelo menos 60 dias, nesta terça-feira (26). O conflito entre Israel e o grupo extremista libanês escalou em setembro deste ano, quando Israel intensificou os ataques aéreos contra o território libanês e iniciou uma incursão terrestre.
Relembre
Explosões de pagers e de walkie-talkies de membros do grupo extremista no Líbano. Em 17 e 18 de setembro, explosões em sequência de walkie-talkies e pagers —dispositivos de recebimento de mensagens comumente usados antes da popularização dos celulares— provocaram a morte de 37 pessoas e deixaram mais de 3 mil feridas, segundo o Ministério da Saúde local.
O então ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou que as explosões davam início a "uma nova fase na guerra". Em novembro, Netanyahu admitiu que autorizou operação com pagers explosivos. O premiê israelense confirmou oficialmente pela primeira vez que Israel executou ação que afetou duramente o Hezbollah.
Quase 500 mortos em um dia. No dia 23 de setembro, os intensos ataques israelenses contra o Hezbollah no Líbano deixaram 492 mortos, incluindo 35 crianças, segundo as autoridades do país. Esses foram os ataques com maior número de mortos no Líbano desde a guerra de 2006 entre o Hezbollah e Israel.
Morte de Hassan Nasrallah. O líder do Hezbollah foi assassinado durante um bombardeio de Israel em Beirute, no dia 27 de setembro. O clérigo muçulmano tinha 64 anos e liderava o Hezbollah desde 1992. Ele tinha laços estreitos com o Irã, país majoritariamente xiita. Com o apoio do Irã, Nasrallah organizou um grupo para lutar contra a ocupação israelense do Líbano em 1982, durante a guerra civil. O grupo evoluiu para o Hezbollah.
Israel assassinou praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah. Em outubro, Hasham Saffiedine, considerado sucessor de Nasrallah, foi morto em um ataque aéreo.
Início da incursão terrestre. Três dias após a morte de Nasrallah, as Forças de Defesa de Israel anunciaram o início da incursões terrestres israelenses no sul do Líbano. O conflito tem sido devastador para o Líbano. As autoridades locais calculam que há mais de 3,8 mil mortos, 15 mil feridos e 1 milhão de residentes deslocados.
Deslocamento de mais de 60 mil israelenses. Desde o início do conflito entre Israel e Hamas, o Hezbollah realiza ataques diários contra o norte de Israel em solidariedade aos palestinos, o que provocou o deslocamento de mais de 60 mil israelenses dessa região. Israel afirma que quer garantir o retorno seguro desses residentes.
Segundo Israel, os ataques do Hezbollah já mataram cerca de 100 pessoas, entre civis e soldados.
Hezbollah e Israel são inimigos de longa data. Em 2006, a Guerra do Líbano, teve seu estopim após a morte de três soldados israelenses e a captura de outros dois pelo Hezbollah. O conflito provocou a morte de 158 israelenses e 1,2 mil libaneses. Fundado em 1982, o Hezbollah se opôs fortemente à ocupação israelense no sul do Líbano.
Gabinete de segurança de Israel aprovou acordo de cessar-fogo
O gabinete de segurança israelense aprovou, nesta terça-feira (26), um acordo de cessar-fogo no Líbano. A pausa vem após mais de dois meses de guerra aberta com o movimento pró-iraniano Hezbollah.
Netanyahu conversou por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Ele o envolvimento do americano para alcançar o acordo, segundo informações do gabinete do premiê israelense.
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Quero receberO premiê diz que há três motivos para o cessar-fogo. Concentrar-se no Irã, reabastecer os suprimentos de armas esgotados e dar um descanso ao exército e, finalmente, isolar o Hamas —o grupo islâmico palestino desencadeou a guerra na região quando lançou um ataque contra Israel a partir de Gaza em outubro do ano passado.
Netanyahu disse que o Hezbollah, que é apoiado pelo Irã e aliado do Hamas, estava consideravelmente mais fraco do que no início do conflito. "Fizemos o Hezbollah retroceder décadas, eliminamos... seus principais líderes, destruímos a maioria de seus foguetes e mísseis, neutralizamos milhares de combatentes e destruímos anos de infraestrutura terrorista perto de nossa fronteira", afirmou o premiê.
"Nós visamos objetivos estratégicos em todo o Líbano, abalando Beirute em seu âmago", afirmou Netahyahu. O acordo exige que as tropas israelenses se retirem do sul do Líbano e que o Exército libanês se posicione na região dentro de 60 dias. O Hezbollah, por sua vez, encerraria sua presença armada ao longo da fronteira ao sul do rio Litani.
Nos últimos dias, os EUA, a União Europeia e a ONU intensificaram os esforços para a imposição de uma trégua. Em uma reunião dos ministros das Relações Exteriores do G7, o chefe de polícia externa da UE já havia dito que não havia desculpa para não implementar o acordo com o Hezbollah e fez pressão pela aprovação de Israel.
Há mais de um mês, o Líbano esperava pelo cessar-fogo. O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, disse em outubro que estava fazendo tudo o que era possível para a negociação e que estava otimista com a possibilidade. A expectativa, no entanto, foi frustrada por Israel, que sinalizou rejeição com expansão de ataques.
Em meio aos avanços diplomáticos durante a semana, houve ainda uma escalada militar na terça. Ataques aéreos israelenses demoliram mais subúrbios do sul de Beirute controlados pelo Hezbollah, enquanto o grupo armado manteve os disparos de foguetes contra Israel.