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Minc: governo corrige 'pedalada ambiental' sem dizer como alcançar meta

Colaboração para o UOL

02/11/2021 13h31

O deputado estadual (PSB-RJ) e ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, fez críticas à proposta apresentada ontem pelo atual chefe da pasta, Joaquim Leite, na COP26 (Conferência das Nações Unidas), na Escócia. Para Minc, o anúncio do governo brasileiro não passa de uma "pedalada ambiental".

Em entrevista ao UOL News, o deputado disse que não foram criadas novas metas e ressaltou que o histórico do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é de desmonte de programas ambientais. "O que o governo anunciou ontem? Corrigiu a pedalada e, ao passar de 43% para 50% (a redução de emissões de gases poluentes), ele voltou à meta da COP de Paris, estacionou em seis anos atrás", explicou.

Minc afirmou que outros países conseguiram reduzir suas médias de poluição no último ano, em parte pela pandemia da covid-19, mas o Brasil seguiu para o caminho oposto e "bateu recorde mundial em 2020. Apesar da recessão, aumentou suas emissões em 9,5%".

"Eu daria um roteiro de cinco pontos para Bolsonaro e seu ministro apresentassem para que pudéssemos acreditar nas mentiras deles", criticou. Entre as medidas que poderiam ser feitas para melhorar o ambientalismo brasileiro estão remover garimpeiros de terras indígenas, trazer mais técnicos da área e incentivar energias alternativas, como a eólica e solar.

Tanto malabarismo para voltar ao mesmo lugar, (o ministro) não disse o caminho e está na contramão da prática. Três quartos do governo destruindo tudo e no ano que me falta eu defendo a biodiversidade, o clima, os índios, dá para acreditar?"

Crise climática já é perceptível

Para Minc, a opinião pública se importar massivamente com o tema do meio ambiente pode mudar o rumo do planeta. Se antes o assunto parecia algo que preocuparia apenas gerações futuras, o deputado defende que os efeitos já podem ser sentidos hoje, inclusive no bolso da população.

"As mudanças climáticas já começaram. Tempestades de poeira no interior de São Paulo e Minas Gerais têm a ver com desmatamento. Esses acidentes vão ser mais crescentes. Se a conta de luz aumentou é pelo desmatamento, você tem que se mobilizar porque você está em risco", falou.

No Brasil, o ex-ministro do Meio Ambiente disse que a área mais afetada será o Nordeste, "porque junta a vulnerabilidade social com a hídrica".

Além da opinião pública, Minc acredita na tecnologia para frear a crise debatida na COP26. "No caso da covid, por exemplo, uma vacina que levaria anos ficou pronta em 8 meses. A necessidade acelera o avanço de tecnologia", explicou.