Mordidas não são todas iguais: quais tubarões realmente são perigosos
Os ataques de tubarão ocorridos recentemente nas praias de Recife (PE) preocuparam a população local, após dois adolescentes ficarem feridos por mordidas em menos de 24h. Mas, afinal, quais são as espécies mais perigosas para o ser humano?
1. Tubarão-branco
De acordo com o Arquivo Internacional de Ataque de Tubarões, do Museu de História Natural da Flórida (EUA), o grande tubarão-branco (Carcharodon carcharias) aparece como o principal causador de ataques letais contra os seres humanos.
Seja por seu tamanho (ele pode chegar a 6,4 metros de comprimento) ou por seu comportamento predador, o tubarão-branco permanece no topo da lista de tubarões mais temidos. Não à toa, recebeu a alcunha de "rei dos oceanos", uma comparação ao leão, predador terrestre conhecido como "rei da selva".
2. Tubarão-touro
Em segundo lugar, aparece o tubarão-touro ou tubarão-cabeça-chata (Carcharhinus leucas), uma das espécies encontradas em Pernambuco.
Ele alcança 3,9 metros de comprimento e possui a mordida mais forte entre as espécies, com uma carga de 6.000 newtons.
Com uma mordedura que pode variar entre 0,3 e 1,8 tonelada, são exímios caçadores. Eles se utilizam de abordagens aquáticas horizontais e verticais para capturar suas vítimas. Eles tanto podem vir do fundo como podem disparar em alta velocidade nadando na superfície.
3. Tubarão-tigre
O tubarão-tigre é chamado assim por causa das listas que ostenta no dorso. Ele pode medir 6 metros da cabeça à cauda.
Como o tubarão-touro, também é uma das causas de ataques e aparições no litoral de Pernambuco.
Comportamento dos peixões
Os cientistas ainda sabem muito pouco sobre o comportamento, o ciclo de vida ou mesmo a expectativa de vida dos grandes tubarões-brancos. Esse conhecimento escasso torna difícil determinar exatamente por que ocorrem ataques não provocados a humanos.
Segundo o biólogo Tiago Leite, coordenador técnico do Instituto Profauna e especialista em tubarões, grande parte das presas é formada estritamente por aves e animais marinhos. "Recentemente, vídeos feitos com drones mostram banhistas e surfistas nadando e cercados por esses tubarões. Em nenhuma dessas situações, foram registrados ataques", pontua ele.
Leite explica que esses animais têm uma predileção pelos animais marinhos por conta da camada de gordura que eles apresentam. "Para o tubarão-branco, por exemplo, isso representa um retorno nutricional maior".
"Sabe-se hoje que muitas das vítimas de ataques recebem uma mordida investigatória, onde ele morde e solta. Existem pesquisas que indicam que esse comportamento ocorre porque o animal, ao morder, consegue avaliar a espessura da camada de gordura", afirma Leite.
Segundo o biólogo, esse comportamento pode explicar por que muitas vítimas de ataques de tubarões-brancos sobrevivem, ainda que, no caso de indivíduos adultos, a mordida investigatória pode provocar ferimentos graves e, se o socorro não for imediato, a vítima pode morrer devido ao sangramento ou outras complicações.
Em Pernambuco, grande parte dos ataques envolvem tubarões-tigre ou tubarões-touro. Diferentemente do tubarão-branco, eles se aproximam muito do raso no mar e as mordidas arrancam grandes pedaços das vítimas, o que significa que eles não fazem a mordedura investigativa e atacam, provavelmente, para comer.
Fama de vilão
Ataques não provocados a humanos são extremamente raros, especialmente considerando o tempo em que humanos e tubarões-brancos passam nadando nas mesmas águas. Portanto, embora os tubarões-brancos ataquem mais humanos do que qualquer outro tubarão, não há uma ligação clara entre esses ataques e o comportamento agressivo.
Os tubarões, em geral, ganharam fama de vilões, o que preocupa estudiosos como Leite. Ele lembra que os mares são os habitats desses animais e que somos nós, seres humanos, que invadimos cada vez mais seu espaço.
Avaliando como um biólogo, eu poderia dizer que a espécie mais perigosa do mundo é o ser humano. O desequilíbrio ambiental que vem sendo provocado pelo homem é o gatilho para muitos casos de ataques de animais selvagens. A diminuição dos habitats, o avanço da pesca predatória, a poluição, tudo isso está resultando no que vemos hoje.
No caso de Pernambuco, onde 77 ataques já foram registrados desde 1992, ele aponta como fator principal as obras do porto de Suape. Ele afirma que o ecossistema do litoral foi impactado de forma grave.
"Aquela região foi completamente alterada. Os tubarões tinham hábito de se alimentar e se reproduzir na área e agora estão tendo que encontrar outras opções, como o deslocamento em direção às praias. Seria um erro dizer que os ataques estão aumentando porque os tubarões estão mais ferozes ou perigosos. O que está aumentando é a quantidade de pessoas invadindo os habitats desses animais", declarou.
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