Venenoso e voraz: por que o peixe-leão é uma ameaça ao litoral brasileiro

O peixe-leão, uma espécie considerada perigosa e sem predadores, se espalha pelo mar brasileiro. Originária do Indo-Pacífico, a espécie invasora foi encontrada pela primeira vez no Pará e no Amapá em dezembro de 2020. Depois disso, a espécie foi vista em vários estados brasileiros.

Predador agressivo e venenoso

O peixe-leão é conhecido por ser um predador agressivo de outros peixes e invertebrados marinhos. Ele consegue comer 20 peixes em meia hora.

O animal é peçonhento: ele tem 18 espinhos venenosos. Um peixe pode chegar a até 47 centímetros.

O peixe cresce nos recifes mais fundos e depois se espalha pela costa. No Piauí, no Ceará e no Rio Grande do Norte, porém, ele já apareceu em áreas costeiras de menos de um metro, causando acidentes com banhistas e pescadores.

Ele não ataca seres humanos. Mesmo assim, o peixe machuca se for pisado. Em 2022, no Ceará, um homem teve de ser hospitalizado após entrar em contato com um peixe-leão na praia.

O contato com o veneno não é fatal para pessoas saudáveis. No entanto, ele pode ocasionar dores, bolhas, enjoos e convulsões. Quem for furado pelo espinho deve procurar atendimento médico e passar água quente no local para dificultar a ação do veneno.

Com a proliferação do peixe-leão na costa brasileira, espécies nativas de peixes, moluscos e crustáceos estão ameaçadas. Isso pode causar desequilíbrio ambiental e reduzir a produção pesqueira. Áreas turísticas também podem ser afetadas, por causa do risco de acidentes.

A espécie se reproduz com muita facilidade. Uma fêmea é capaz de colocar 2 milhões de ovos ao longo da vida. A falta de um predador nativo faz com que o animal tenha maiores chances de sobrevivência.

Peixe-leão tem espinhos venenosos e pode machucar seres humanos
Peixe-leão tem espinhos venenosos e pode machucar seres humanos Imagem: Cláudio Sampaio/Ufal
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Invasor global

A espécie também foi encontrada em estuários dos rios, que são considerados os berçários da vida marinha. Em março, Marcelo Soares, pesquisador do Labomar da UFC (Universidade Federal do Ceará), afirmou ao UOL que isso pode causar um "imenso estrago", já que a área também é usada por pescadores. "Não temos como saber como isso afeta a cadeia pesqueira", disse.

A espécie tem se espalhado pelos mares do planeta nas últimas décadas. Gislaine Lima, do Projeto Conservação Recifal, de Pernambuco, disse em março que o peixe é considerado um dos invasores de maior risco global.

A invasão no Oceano Atlântico aconteceu há cerca de 30 anos. Não se sabe exatamente como isso ocorreu. Uma das hipóteses é de que seis exemplares tenham sido liberados de um aquário no sul da Flórida após a passagem do furacão Andrew. Outra possibilidade é de que aquaristas amadores tenham soltado os bichos.

A expansão ocorre através do Caribe, onde o peixe é considerado uma praga. Uma corrente marítima que passa por lá trouxe o peixe até um recife do Rio Amazonas.

No Brasil, espécimes já haviam sido avistados no Rio de Janeiro em 2014 e 2015. Na ocasião, porém, a origem era um vazamento pontual de um aquário local. Anos depois eles começaram a aparecer na região Norte. Também há registros em Fernando de Noronha.

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Pesquisadores defendem que é preciso controlar a população do peixe, já que sua erradicação é praticamente impossível. A solução apontada é o incentivo à caça, que já ocorre no Caribe.

Com informações de reportagens publicadas em 05/03/2023, 06/03/2023 e 07/05/2023.

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