Um continente está se elevando rapidamente e consequências podem ser graves

Cientistas descobriram que o derretimento de gelo, que deveria acontecer em milhões de anos na Antártida, está se dando em décadas em razão das mudanças climáticas. O que tem feito o continente subir e causar a elevação do nível do mar de maneira global.

A descoberta foi feita por pesquisadores apoiados pelo Conselho de Pesquisa em Ciências Naturais e Engenharia do Canadá e o estudo foi publicado na revista Science Advances no começo de agosto.

O que aconteceu?

Pesquisadores alertam que a Antártida está perdendo "peso" por causa do aumento das temperaturas. O derretimento acelerado do gelo permite que o continente se eleve.

Esse fenômeno é chamado de "elevação pós-glacial" e pode impactar significativamente o aumento global do nível do mar.

Uma equipe de cientistas analisou o manto da Terra sob a camada de gelo da Antártida. Eles descobriram regiões mais moles do que o esperado, indicando mudanças muito mais rápidas na terra sólida que forma a base da camada de gelo.

Segundo os pesquisadores, essas mudanças, que normalmente ocorreriam em milhares de anos, estão acontecendo em décadas. "Uma litosfera mais fina em partes da Antártida Ocidental, levando à deformação viscosa em escalas de tempo de décadas em vez das escalas milenares comumente adotadas em estudos de modelagem em toda a Antártida", diz um trecho do estudo.

Impactos em ilhas costeiras

Cientistas usaram modelagem 3D para simular o aumento do nível do mar devido à mudança da massa terrestre na Antártida em diferentes cenários. Com baixos níveis de aquecimento, a previsão é de um aumento de até 1,7 metro até 2500.

Se o aquecimento global não for controlado, o nível do mar pode subir até 19,5 metros. O derretimento acelerado da camada de gelo faz com que mais água seja expelida para os oceanos. No entanto, se o derretimento for desacelerado, será possível preservar o gelo por mais tempo.

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"As mudanças no nível do mar ao longo das linhas costeiras em nossas simulações são espacialmente variáveis, atingindo o pico no Caribe, ao longo da costa ocidental da África e nas bacias do Oceano Pacífico e Índico", indica o estudo.

"Nossos resultados apoiam ainda mais descobertas recentes, de que ilhas de baixa latitude e locais costeiros já afetados pelo aumento do nível do mar experimentarão um aumento do nível do mar maior do que a média associado à perda de gelo da Antártida, independentemente do cenário de perda de gelo", aponta outro trecho do estudo.

Como estudo foi feito?

Simulações entre 1950 e 2500 são usadas para calcular mudanças na espessura do gelo com intervalo de tempo de 1 ano. Essas simulações continentais são combinadas para prever a perda de gelo na Antártida e alimentar um modelo 3D.

O modelo calcula mudanças globais de elevação a cada 2 anos, e os resultados são intercalados para 1 ano. O uso de incrementos de tempo de 2 anos no modelo reduz o tempo de computação, sem diferenças significativas em comparação com cálculos anuais.

As mudanças no nível do mar são calculadas globalmente e aplicadas ao modelo de camada de gelo, ajustando a elevação do leito anualmente.

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