Por que ilha remota dos EUA se mobiliza para encontrar um único rato
Presença de roedor em ilha a 320 quilômetros da costa do Alasca, nos Estados Unidos, mobilizou as autoridades locais, que temem uma potencial ameaça às outras espécies presentes na região.
O que aconteceu
Moradores relataram ao governo local que haviam visto um rato em St. Paul, uma ilha vulcânica no mar de Bering. Apesar de serem comuns em metrópoles como Nova York, os ratos são temidos na remota ilha.
Ratos ameaçariam outras espécies. Segundo o portal Alaska's News Source, St. Paul tem somente 350 habitantes e mais de 300 espécies de aves registradas. Nesse contexto, os ratos ameaçam a população de outras espécies animais, incluindo aves marinhas como papagaios-do-mar e periquitos auklet. Além de representarem uma ameaça em relação à disseminação de doenças, os roedores podem invadir ninhos e tocas e se alimentar de ovos e filhotes de outros animais, podendo provocar um desequilíbrio na biodiversidade local.
Todos atrás do rato
Autoridades de St. Paul e especialistas do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA se mobilizaram com o caso. Desde que receberam a notificação do rato em junho deste ano, as equipes têm se dedicado na busca pelo roedor, examinando bairros e trilhas ao longo da costa da ilha, que tem 111 quilômetros quadrados. No prédio dos moradores que relataram terem visto o roedor, as equipes examinaram o local minuciosamente, procurando rastros, marcas de mastigação ou excrementos deixados pelo animal.
É fundamental manter St. Paul livre de roedores para manutenção de nossas diversas populações de vida selvagem. Apenas a ameaça de um rato — confirmada ou não— tem que ser levada a sério e posta em prática até que estejamos confiantes de que já não existe uma ameaça, porque a infestação e a invasão podem dizimar completamente a nossa ilha muito rapidamente. Lauren Divine, diretora do Escritório de Conservação do Ecossistema de St. Paul, ao Alaska's News Source
Caçada por um único roedor conta com diferentes técnicas. Os responsáveis pela busca usam câmeras estrategicamente instaladas e armadilhas carregadas de manteiga de amendoim, barras de chocolate ou marshmallows — iscas infalíveis para os roedores, segundo Divine. De acordo com o Alaska's News Source, blocos de cera feitos com material ultravioleta foram estrategicamente espalhados pelas equipes, visando a utilização de luzes negras para detectar eventuais trilhas de urina do roedor.
Para as equipes envolvidas, a busca pelo rato está somente começando. "Somos a última linha de defesa para manter o ecossistema da ilha intacto e saudável", declarou Divine.
Assim como ratos, cães são proibidos na ilha
Programa de vigilância das autoridades locais tem protocolos contra ratos mesmo sem relatos de moradores. Armadilhas são deixadas ao redor do aeroporto e no porto da ilha, para evitar que possíveis ratos cheguem por estas rotas e fujam para a cidade. O assunto é tratado até mesmo no currículo escolar e, desde a infância, os moradores são orientados sobre como proceder caso encontrem um roedor em St. Paul.
Cachorros são proibidos na ilha. Desde 1976, a espécie não é permitida em St. Paul, em decisão do Governo Federal. A lei visa evitar interações dos cachorros com as focas que moram no local.
Autoridades da ilha buscam permissão para que cachorro ajude a buscar rato. As autoridades pedem para que o Departamento de Agricultura dos EUA envie temporariamente um cachorro até a ilha. Segundo John Melovidov, presidente tribal da Comunidade Aleuta de St. Paul, o cão poderia ajudar na busca atual pelo roedor, em um processo que pode custar até US$ 12 mil (cerca de R$ 68 mil, na cotação atual).
Erradicação de ratos poderia custar "milhões de dólares". Em entrevista ao Alaska's News Source, Melovidov afirmou que, uma vez que os ratos se espalham por um ecossistema, é "muito difícil se livrar deles" e que a erradicação poderia custar "milhões de dólares". Para Lauren Divine, os gastos financeiros para vigilância da ilha são necessários para a biossegurança local. "Os custos da erradicação seriam infinitamente mais caros e talvez nunca fossem 100% bem-sucedidos", declarou.
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Quero receberO último relato de rato em St. Paul havia sido em 2018. Segundo Divine, na ocasião, as equipes demoraram quase um ano para encontrar e envenenar um único rato, que estava em um armazém no porto local.
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