Não retorno com rancor nem com ódio, diz Aécio no Senado
No primeiro dia após retornar ao exercício do mandato, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou nesta quarta-feira (18) que usará o cargo para provar sua inocência e disse ter sido vítima de uma "armação" feita pelos delatores da JBS.
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O pronunciamento do senador no plenário durou cerca de cinco minutos.
Aécio também atacou a gestão do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que foi responsável por negociar a delação da JBS e pela apresentação da denúncia contra o senador.
"Mas o que é mais grave, corroboraram, contribuíram para essa trama ardilosa homens de Estado, notadamente alguns que tinham assento até muito pouco tempo, na Procuradoria-Geral da República", disse.
"Novos depoimentos, delações, gravações que haviam sido omitidas, vão dando contorno claro às razões que levaram àquela construção, repito, criminosa, da qual fui vítima", afirmou o senador tucano.
Aécio foi cumprimentado por aliados ao chegar no Senado. Depois do breve discurso, o senador permaneceu no plenário, conversou com senadores e falou ao telefone.
Durante o pronunciamento de Aécio, que falou de um microfone no centro do plenário, nenhum colega se posicionou ao seu lado.
Apoio tucano diminui
Apesar de a bancada do PSDB no Senado ter votado para revogar a decisão do STF que afastou Aécio do mandato, tucanos dão sinais de que o apoio ao senador mineiro pode estar enfraquecido.
Nesta quarta-feira (18), o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), afirmou que Aécio não tem condições de permanecer na presidência do partido, mesmo licenciado do cargo.
Aécio está fora do comando da legenda desde que foi envolvido na delação da JBS. O senador foi denunciado por suspeitas dos crimes de corrupção e obstrução de justiça. Ele nega ter praticado os crimes.
"Acho que ele não tem condições, dentro da circunstância que está, de ficar como presidente do partido. E nós precisamos ter uma solução definitiva e não provisória", disse Jereissati.
O vice-presidente do Senado e colega de partido, Cássio Cunha Lima (PB), afirmou, também nesta quarta-feira, que há um "sentimento" no PSDB para que o senador Aécio deixe a presidência do partido.
"É um ato unilateral. Mas existe um sentimento no partido de que ele deve formalizar a saída. Isso é inegável. Acho que a manifestação pública que eu fiz e que o senador Tasso fez vai ter algum efeito na reflexão de Aécio Neves, mas isso não retira o caráter unilateral da decisão", afirmou o senador.
Entenda o caso
24 de março
- Aécio pede R$ 2 milhões a Joesley Batista, dono da JBS, no Hotel Unique. A conversa é gravada pelo empresário. A entrega do dinheiro, em espécie, será feita depois e registrada pela Polícia Federal.
18 de maio
- Polícia Federal deflagra a Operação Patmos, fase da Lava Jato no STF. Aécio é afastado do mandato por Edson Fachin.
1º de junho
- PGR denuncia Aécio Neves por corrupção passiva, assim como sua irmã, Andrea Neves, o primo Frederico Pacheco e o ex-assessor parlamentar do senador Zezé Perrela (PMDB-MG) Mendherson Souza Lima.
30 de junho
- O ministro Marco Aurélio, da 1ª Turma, determina que Aécio retome o mandato e volte ao Senado.
26 de setembro
- Aécio é afastado do mandato de novo, desta vez pela 1ª Turma do STF, que determina que ele cumpra recolhimento domiciliar noturno e aos fins de semana.
28 setembro
- Mesmo sem previsão na Constituição, senadores ameaçam votar afastamento de Aécio por considerar medida cautelar semelhante a uma prisão. Cria-se impasse e possibilidade de desobediência de ordem judicial.
3 de outubro
- Senadores preparam-se para votar o afastamento de Aécio. Um ofício fica pronto antes mesmo da votação, conforme documentos obtidos pelo UOL. No fim do dia, porém, o Senado desiste de votar aguardando uma solução pelo Supremo Tribunal Federal.
11 de outubro
- Após acordo entre o presidente do Senado, Eunício Oliveira, e a do Supremo, Cármen Lúcia, o tribunal julga uma ação direta de inconstitucionalidade sobre afastamento de parlamentares. Por 6 votos a 5, o STF decide que congressistas podem ser suspensos pelo Judiciário, mas a decisão não precisa ser cumprida pelo Legislativo.
17 de outubro
- O Senado mantém mandato de Aécio Neves.
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