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Damares classifica Funai como "pérola" e prega mudança "lenta e gradual"

Bolsonaro escolhe Damares Alves para Ministério das Mulheres, Família e Direitos Humanos - Pedro Ladeira/Folhapress
Bolsonaro escolhe Damares Alves para Ministério das Mulheres, Família e Direitos Humanos Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Luciana Amaral e Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

13/12/2018 17h32

A futura ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, classificou nesta quinta-feira (13) a Funai (Fundação Nacional do Índio) como sua "pérola" e disse que, se fizer mudanças no órgão, serão "lentas e graduais". Hoje subordinada ao Ministério da Justiça, a Funai será transferida para a pasta comandada por Damares no governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).

"A Funai vai ser recebida do jeito que está e a gente só vai definir sobre mudanças na Funai com calma, com tempo, sem nenhuma pressa", declarou. "Se tiver que fazer modificações na Funai, serão lentas e graduais. (...) Eu sempre falo que a Funai é a minha pérola. É o que está em meu coração e vou lidar sem pressa."

Damares disse ter a intenção de tratar da Funai somente após a posse presidencial, marcada para 1º de janeiro de 2019. Enquanto isso, visitará o órgão e conversará com funcionários, disse. Em relação ao atual presidente da Funai, Wallace Moreira Bastos, afirmou acreditar que ele seja uma pessoa "muita sensata, centrada".

Questionada sobre futuros secretários, Damares falou que pretende anunciar todos de uma só vez. "Aguardem! É porque eram tão lindos os nomes que a gente precisava hoje sentar com todos eles, conversar", afirmou.

Jesus no pé de goiaba

A futura ministra falou com jornalistas no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede do governo de transição, em Brasília, minutos depois de Bolsonaro reclamar no Twitter da reação do que chamou de "setores da grande mídia" ao testemunho de Damares, que é pastora evangélica, sobre ter visto Jesus subir em um pé de goiaba.

"É surreal e extremamente vergonhoso ver setores da grande mídia debocharem do relato da futura ministra Damares Alves sobre a fé em Jesus Cristo, que a livrou de um suicídio desejado por conta de abusos sofridos na infância. Lamentável!", escreveu o presidente eleito.

Damares disse, no entanto, que não se sentiu ofendida, porque quer que "todo mundo pergunte o que é que é o pé de goiaba". "Enchem as redes sociais de pé de goiaba, porque eu quero falar sobre o pé de goiaba", afirmou. Em seguida, contou a história, apresentada segundo ela em centenas de cultos e palestras.

"As crianças têm amigos imaginários. Hoje, os pais compram unicórnios para as crianças, que não existem. Eu, aos 10 anos de idade, quando quis me suicidar, eu tive o meu amigo imaginário. Eu estava em cima de um pé de goiaba, eu ia tomar veneno, eu ia morrer. Era muita dor na alma, de todos os abusos que passei. E quando eu estava em cima do pé de goiaba, eu não vi um unicórnio, eu não não vi um amigo imaginário, eu vi o que eu acreditava: Jesus", relatou.

Ela disse ainda que a reação a um vídeo que viralizou não a entristeceu. "Eu demorei anos para admitir que a menininha do pé de goiaba era eu. Mas quando eu contei, foi libertador. Eu assumi que eu fui vítima da pedofilia, vítima de dores", disse, lembrando que a história já inspirou um livro.

"E detalhe: nós temos muitas crianças no Brasil hoje em cima do pé de goiaba, e muitas mulheres que não conseguiram descer ainda. Eu desci. E vou dizer para vocês: desci, e depois que eu desci, eu desci diferente. A menininha do pé de goiaba está aqui hoje, gente, ajudando a salvar crianças. Essa é a minha história", concluiu.

Ao fim da entrevista, ela se dirigiu aos repórteres e deu um recado final. "Olha, se tiver alguém no pé de goiaba. A gente vence dores, tá bom? Tchau."