'Vivemos uma crise', diz Bolsonaro em cobrança por apoio do Congresso
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) admitiu que o Brasil vive uma crise econômica e cobrou apoio dos novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Arthur Lira (Progressistas-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), respectivamente.
"Vivemos, sim, uma crise. Nós temos problemas, mas é difícil tentar resolver sozinho, não contar com um braço amigo", declarou Bolsonaro, durante evento no Palácio do Planalto, na tarde de hoje.
Na sequência, Bolsonaro se virou para Lira e Pacheco, presentes na plateia. "Juntos, podemos dar esperança ao povo, que merece um Brasil melhor. Estamos vivendo uma pandemia, que deu uma desajustada na economia. Temos dois problemas pela frente: o vírus e o desemprego. A vida e a economia têm que andar juntos".
Bolsonaro não economizou elogios aos presidentes do Legislativo. "Desejo sorte e felicidades ao Rodrigo Pacheco. Que baixe logo aquele ânimo de resolver as coisas. Também quero parabenizar o Arthur Lira e cumprimentá-lo pelas notícias que estou recebendo de que ele está trabalhando numa pauta que pode destravar o Brasil", disse o presidente, em referência a pautas do governo como a reforma administrativa e a autonomia do Banco Central.
"Juntos, vamos trabalhar como se fôssemos um só Poder", destacou Bolsonaro. "O que os senhores fazem lá eu chancelo aqui. O que eu proponho aos senhores, vocês aprovam ou aperfeiçoam. Nós, juntos, vamos traduzir nosso trabalho em felicidade para a população".
Crítica a Rodrigo Maia
A expressão "é difícil tentar resolver sozinho" pode ser interpretada como mais uma crítica ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM).
Não é a primeira vez que Bolsonaro alfineta Rodrigo Maia, desde que o deputado deixou o comando da Câmara dos Deputados. Na semana passada, Bolsonaro afirmou que Maia atrapalhava os planos do governo federal no Congresso, sobretudo a chamada "pauta de costumes", que ficaram na gaveta do adversário —o presidente da Câmara tem a prerrogativa para incluir ou não os temas de iniciativa do Executivo na pauta de discussões e votações.
Maia também entrou em conflito com Paulo Guedes, ministro da Economia. Sem citar o nome do ex-presidente da Câmara, o ministro mostrou otimismo com a nova direção no Legislativo. "Eu sempre disse que quem comanda o andamento, o ritmo das reformas, é a política. Nós estamos seguros de que isso vai andar agora".
Em dezembro, Guedes chegou a dizer que Maia participou de um plano pelo impeachment de Bolsonaro. O deputado respondeu, falando que deixou de respeitar o ministro e que esperava ele "cumprir 10% das promessas feitas". Um mês depois, Guedes também criticou quem "se diz democrata", mas "acha que democracia é eleger quatro vezes seguida o presidente da Câmara". Maia cumpriu três mandatos seguidos à frente da Câmara.
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