Pizza na calçada, protestos e chacota: Como foi a ida de Bolsonaro aos EUA
Na visita a Nova York, para participar da Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem passado por uma série de contratempos.
Logo na chegada, teve que "desviar" um protesto em frente ao hotel de luxo onde está hospedado. Seu discurso na manhã de hoje também não foi o mais bem aceito entre os outros chefes de Estado e virou alvo de críticas e chacota de políticos e da imprensa internacional.
Veja alguns pontos da visita de Jair Bolsonaro:
Entrou e vai sair de finininho
O presidente desembarcou em Nova York na tarde de domingo (19), para o discurso hoje.
Com protestos na frente do seu hotel, em Manhattan, com placas de "genocida" e "criminoso" em inglês e português, Bolsonaro acabou entrando escondido pela porta dos fundos do prédio.
A saída não deve ser menos discreta. Após o discurso na tribuna, hoje, ele cancelou uma entrevista que daria à ONU News, site de notícias da entidade, em cima da hora e chegou-se a falar que ele anteciparia a volta para o Brasil. A Secretaria de Comunicação, no entanto, não confirmou oficialmente a mudança de planos.
Sem vacina, só na calçada
Só pessoas com vacinação completa podem frequentar os estabelecimentos de Nova York. Quem optar por não se vacinar ou não apresentar comprovante —também chamado de passaporte sanitário—, tem de comer nas mesas da calçada.
Sem se vacinar, Bolsonaro comeu pizza em pé, na calçada, na noite de domingo. Ontem, descobriu-se que a filial de uma churrascaria brasileira criou um "puxadinho" na rua só para receber o presidente, que não poderia comer dentro do salão.
Os gestos de Queiroga
Se a chegada foi pelos fundos, o comboio de Bolsonaro decidiu enfrentar os protestos à frente do hotel na noite de ontem.
De dentro do ônibus da delegação, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga deixou de lado a postura de ministro de Estado, participante de uma delegação do presidente da República, e respondeu aos manifestantes levantando o conhecido gesto do dedo do meio.
Piada do prefeito
A foto da pizza repercutiu internacionalmente e chegou ao prefeito de Nova York, Bill de Blasio, que já havia indicado a Bolsonaro a necessidade de se vacinar para frequentar os estabelecimentos da cidade.
Ontem (20), o prefeito retuitou uma matéria que exibia a foto da pizza, marcou Bolsonaro e indicou os locais de vacinação na cidade. Até essa tarde, o post tinha quase 25 mil curtidas no Twitter.
O desconforto de Boris Johnson
O premiê britânico Boris Johnson, que Bolsonaro considera um aliado, foi um dos poucos chefes de Estado que aceitaram se encontrar oficialmente com o presidente brasileiro.
O encontro, ontem, no entanto, teve um momento constrangedor quando Bolsonaro informou ao inglês que não havia se vacinado. "Vacinas salvam vidas", respondeu Johnson, que também já chegou a negar a pandemia, desconcertado.
Discurso "vergonhoso"
Em seu aguardado discurso, Bolsonaro voltou-se mais uma vez a seus apoiadores, e tentou vender um país diferente a possíveis investidores.
Em 12 minutos, insistiu em erros no enfrentamento à pandemia, com críticas ao lockdown e defesa de tratamento precoce, e mentiu sobre o desmatamento na Amazônia e sobre a inflação.
A fala, repleta de dados questionáveis, foi encarada com chacota e indignação por outras delegações. Ao colunista do UOL Jamil Chade, representantes internacionais chamaram o pronunciamento brasileiros de "vergonhoso".
A briga na internet
Não foi só nas ruas que houve manifestações. Mesmo antes do discurso de Bolsonaro, na manhã de hoje, a caixa de comentários do canal oficial da ONU no YouTube foi tomada por uma guerra ideológica entre brasileiros, com críticas e apoio ao presidente, que ainda nem tinha aparecido na tribuna.
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