Opostos se atraem por 'Fora Bolsonaro' em ato na Paulista

Três jovens caminhavam pela avenida Paulista na tarde deste sábado (2) em meio ao ato contra Jair Bolsonaro (sem partido) quando ergueram os seus skates para exibir a mesma frase que ecoou durante o protesto. Com o filho no colo, uma mulher segurava um quadro onde se lia uma mensagem escrita com giz de cera: "Bebês contra Bozo".

Um senhor de 80 anos, que fez parte da militância durante o período da ditadura militar, se misturou à multidão para pedir pelo impeachment do presidente. O ato que ocupou dez quarteirões da principal avenida de São Paulo contou com a presença de gerações diferentes e eleitores de correntes políticas opostas, que se uniram no coro por "fora Bolsonaro".

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A manifestação contou até com a presença de tucanos, que conversavam amigavelmente com eleitores do PT. "Não estamos aqui para defender candidatos do nosso partido. Estamos aqui contra o Bolsonaro", explicou Carolini Gonçalves, presidente do núcleo religioso do PSDB.

O espírito de "trégua" tomou conta dos adversários políticos. "A ameaça golpista é maior do que as nossas diferenças políticas", argumentou o ex-presidenciável Guilherme Boulos (PSOL). Fernando Haddad (PT) defendeu a união em nome de uma "causa maior" na luta por justiça e democracia.

Mas nem sempre as diferenças foram deixadas de lado. Com rostos cobertos por toucas-ninja e olhos tingidos com tinta preta, um grupo de cerca de 30 black blocs pisoteou e rasgou uma bandeira verde e amarela no chão da avenida. O objeto pertencia a jovens de um movimento ligado ao PCdoB.

A presença do presidenciável Ciro Gomes (PDT), que dividiu participação no ato com o PT para "proteger a democracia", também foi marcada por momentos de tensão dos manifestantes. Vaiado e xingado enquanto discursava, o político foi alvo de uma tentativa de agressão quando saía do local.

Com foco na crise econômica enfrentada pelos brasileiros, mensagens responsabilizavam Bolsonaro pelo aumento de gás, comida e energia elétrica.

"Inflação: arroz cada vez mais caro. Culpa do Guedes [Paulo Guedes, ministro da Economia] e do Bolsonaro", dizia um balão de cerca de 5 m que simulava um saco de arroz em frente ao MASP (Museu de Arte de São Paulo), ponto de encontro do ato.

Mas também havia críticas à gestão durante a pandemia causada pelo coronavírus e à CPI da Covid no Senado. "A ciência destrói 'mitos'", dizia um cartaz erguido por um manifestante.

Em nem todos os espaços da Paulista havia tolerância para os protestos. Uma mulher com uma bandeira que dizia "fora Bolsonaro" sobre os ombros foi barrada por um segurança enquanto tentava entrar em um shopping center na avenida. "Aqui, não pode", advertiu.

A manifestante então enrolou o objeto para entrar no estabelecimento comercial, onde os frequentadores pareciam estar alheios ao que acontecia ao redor.

Houve ainda um outro episódio que chamou a atenção, quando recém-casados foram à Paulista para fazer um ensaio fotográfico sem saber que o local abrigaria o ato contra Bolsonaro.