Bolsonaro, Alckmin, Freixo: As mudanças partidárias de 2021 de olho em 2022
Depois de dois anos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) escolheu um partido para concorrer à reeleição em 2022. Depois de 33 anos, o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) decidiu deixar o PSDB em meio a um flerte com o ex-presidente Lula (PT) e desavenças com o governador João Doria (PSDB-SP).
Estas foram só algumas das mudanças político-partidárias no último ano, em especial no segundo semestre, à medida que as eleições de 2022 se aproximam. Partidos foram criados, outros recriados ao passo que algumas legendas conseguiram grandes reforços e outras sofreram debandadas.
Veja como foi a movimentação partidária neste último ano, o pontapé inicial para a disputa eleitoral em 2022:
Uma casa de Bolsonaro
Talvez a principal movimentação eleitoral do ano tenha sido a escolha da nova legenda de Bolsonaro para disputar a reeleição em 2022. Ele ficou dois anos sem partido e, depois de muita paquera e conversa com políticos de legendas como PP e Patriota, e uma tentativa falha de criar o próprio partido, o presidente se filiou oficialmente ao PL no fim de novembro.
Consigo, levou o filho mais velho, senador Flávio Bolsonaro (RJ), então no Patriota, e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, ex-PSDB e pré-candidato ao governo do Rio Grande do Norte. Especula-se que outros bolsonaristas também passem a integrar a sigla, como os deputados Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF).
Na contramão, o PL também teve algumas perdas. Após a adesão de Bolsonaro, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (AM), o vereador Thammy Miranda, de São Paulo, e o ex-deputado Milton Monti (SP) anunciaram a desfiliação da sigla.
Voo tucano
Outro movimento partidário que deverá impactar diretamente nas eleições de 2022 é a dança das cadeiras no PSDB paulista. Em briga velada com Doria, Alckmin decidiu deixar, em dezembro, o partido que ajudou a fundar depois de 33 anos.
O ex-governador de São Paulo estava insatisfeito com os rumos que o PSDB vinha tomando e a gota d'água foi o movimento de Doria de filiar seu vice-governador, Rodrigo Garcia, membro do DEM desde os tempos de PFL e ex-secretário de Alckmin, ao PSDB para que fosse seu sucessor ao Palácio dos Bandeirantes. Em outubro, Doria levou também a deputada Joice Hasselmann (ex-PSL-SP) ao ninho tucano.
Para Alckmin, que se considerava o sucessor natural, restou a sugestão de uma candidatura à Câmara dos Deputados. Irritado, ele deixou o partido após a realização das prévias internas, vencidas por Doria, e passou a considerar seriamente se tornar vice na chapa de Lula.
Maior sigla do Congresso
Em outubro de 2021, houve o anúncio da criação do União Brasil —fusão entre DEM e PSL, que deverá ser homologada pelo TSE em fevereiro. A nova legenda reuniria hoje a maior bancada da Câmara, com 82 deputados, oito senadores e quatro governadores.
Esta deverá ser a maior força conservadora da política brasileira no ano que vem, quando oficializado.
Falta ao partido, no entanto, um nome forte para encabeçar o Executivo nacionalmente.
Então presidenciável, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta passou a desconversar a questão. ACM Neto, presidente do DEM, deverá tentar o governo da Bahia e Luciano Bivar, presidente do PSL, deverá seguir na Câmara por Pernambuco.
Lava Jato no Podemos
Enquanto um partido é criado, outro é recriado para 2022. O Podemos, nome lançado oficialmente em 2016 a partir do PTN, sacramentou seu perfil lavajatista, já aflorado pela candidatura de Álvaro Dias nas eleições de 2018, com as filiações de Sergio Moro e Deltan Dallagnol.
O ex-juiz e o ex-procurador da Lava Jato se filiaram em novembro e dezembro, respectivamente. Sob a bandeira mútua de combate à corrupção, Moro deverá tentar uma vaga no Planalto e Dallagnol, na Câmara Federal, pelo Paraná.
Centro-esquerda no PSB
No campo da centro-esquerda, o PSB foi um dos principais beneficiados com as mudanças. O partido, que negocia alianças com o PT para 2022, ganhou pelo menos três nomes de peso em três estados diferentes.
Em ato conjunto, o governador do Maranhão, Flávio Dino (então no PCdoB-MA), e o deputado federal fluminense Marcelo Freixo (então no PSOL-RJ) se filiaram à sigla em junho. Em setembro, foi a vez da deputada federal paulista Tábata Amaral (ex-PDT-SP) se juntar a eles.
Freixo é cotado para concorrer mais uma vez ao governo do Rio enquanto Dino, ao fim do segundo mandato, deverá concorrer ao Senado, opção também vislumbrada por Tábata, a depender da aliança no estado.
Presidenciável no PSD
Sob o comando do ex-ministro Gilberto Kassab, o PSD também está almejando voos maiores em 2022. Em outubro, o partido conseguiu filiar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), então do DEM.
Se tudo seguir como o plano, Pacheco deverá concorrer ao Planalto pela sigla enquanto o partido mira o Executivo em outros estados, como Minas Gerais, com Alexandre Kalil, prefeito de Belo Horizonte; e Rio de Janeiro, com Felipe Santa Cruz, presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Debandada na Rede
Também na centro-esquerda, a Rede, que conseguiu eleger cinco senadores em 2018, viu uma debandada de sua bancada. Em 2018, Alessandro Vieira (SE) foi para o Cidadania antes do segundo turno, após discordar da posição do partido proibindo o voto em Bolsonaro.
Em 2019, Capitão Styvenson (RN) deixou o partido para se juntar ao Podemos, movimento repetido por Flávio Arns (PR) em agosto deste ano. Por fim, em dezembro de 2021, Fabiano Contarato (ES) foi para o PT. Agora, resta apenas Randolfe Rodrigues (AP) na bancada.
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