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Rússia e Ucrânia: Bolsonaro diz que quer 'equilíbrio' e não escolherá lado

Do UOL, em São Paulo

03/03/2022 20h24

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse hoje à noite que a posição mais "sensata" para o Brasil na invasão da Rússia na Ucrânia é o "equilíbrio". Em sua live semanal, Bolsonaro deixou claro que não escolherá um lado, pelo menos por enquanto. O conflito armado entre os países está hoje em seu oitavo dia.

"O pessoal aí questiona que tenho que ter uma posição mais firme tanto de um lado quanto de outro", falou sobre as nações em conflito. "O Brasil continua em uma posição de equilíbrio, nós temos negócio com os dois países, não temos a capacidade de resolver esse assunto, então o equilíbrio é a posição mais sensata por parte do governo federal", afirmou.

Bolsonaro foi cobrado a se posicionar de forma mais clara, inclusive, pelo encarregado de Negócios da Embaixada da Ucrânia em Brasília, Anatoliy Tkach. "Para parar a agressão, precisamos fazer uma pressão sobre o agressor", falou sobre a necessidade do Brasil aumentar as sanções econômicas contra a Rússia.

Bolsonaro afirmou que não teria o que conversar com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Tkach discordou: "Eu acho que ele poderia começar com uma palavra de solidariedade, expressando a solidariedade com o povo ucraniano".

Em contrapartida, poucos dias antes da tensão entre as nações estourar, Bolsonaro foi até a Rússia e se encontrou com o presidente, Vladimir Putin. Dias depois, o chefe do Executivo afirmou em outra live que a possibilidade de um conflito entre Rússia e Ucrânia "não foi tratada" ao falar com Putin.

Nesse dia, em meados de fevereiro, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, tinha dito que o Brasil "parece estar do outro lado de onde está a maioria da comunidade global", ao ser questionada sobre o apoio do presidente brasileiro à Rússia.

Mesmo com o Brasil votando junto a outros países na ONU (Organização das Nações Unidas) a favor da Ucrânia, Bolsonaro segue sendo questionado e criticado por seus posicionamentos.

Sem explicar quais passos seriam tomados a respeito da guerra na Ucrânia, o presidente brasileiro disse hoje na transmissão ao vivo que "o que for possível nós faremos pela paz", reconhecendo que "a guerra realmente não vai produzir efeitos benéficos para nenhum dos dois países, muito menos para o mundo".

Questão dos fertilizantes

Bolsonaro hoje na live falou também do fornecimento de fertilizantes, questão na qual o Brasil e outros países dependem da Rússia.

"Não é apenas a Rússia que não vai mais fornecer por um problema qualquer, se for comprar em outro país o preço vai subir. Aumentou a procura, a oferta está estabilizada, aumenta o preço. E aumentou fertilizante, vai aumentar na ponta da linha o que a gente produz no campo", opinou.

Ao lado da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, Bolsonaro afirmou que o Brasil poderia "até ser exportador" de fertilizantes.

"Temos tudo para dar certo aqui. Nem precisava estarmos importando lá de fora isso e ficamos livre. O país que é dependente de um outro pode num momento como esse sofrer sérias consequências", disse Bolsonaro, antes de declarar sua posição de "equilíbrio" na atual guerra.