Tempus Veritatis, Venires: o que significam operações contra clã Bolsonaro

Desde o fim do mandato de Jair Bolsonaro (PL) como presidente, em 31 de dezembro de 2022, a família do ex-chefe do Executivo já foi alvo de operações da PF (Polícia Federal) ao menos seis vezes. Os nomes dessas ações variam do latim à Bíblia, passando por termos tecnológicos.

Operação Tempus Veritatis

A mais recente das operações, a Tempus Veritatis foi deflagrada nesta quinta-feira (8) e mira grupo que teria arquitetado um golpe após as eleições. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um dos alvos da PF.

Um dos assuntos mais buscados no Brasil, de acordo com dados do Google Trends, o nome da operação vem do latim e quer dizer o tempo - ou a hora - da verdade. A inspiração vem das teorias falsas de que as eleições de 2022 teriam sido fraudadas e que o Exército poderia intervir para manter o ex-presidente no poder. Essas conspirações eram espalhadas por Bolsonaro e seus aliados.

Operação Vigilância Aproximada

Responsável pela investigação da "Abin paralela", a operação Vigilância Aproximada chegou ao clã no final de janeiro deste ano, quando foram feitas ações de busca e apreensão na casa de Carlos Bolsonaro e no seu gabinete na Câmara Municipal do Rio.

O nome da operação está ligado diretamente ao teor da investigação: segundo a PF, há indícios que a Abin teria sido instrumentalizada durante o governo Bolsonaro para monitorar figuras políticas. Os dossiês seriam entregues ao próprio ex-presidente.

Operação Última Milha

Também ligada à investigação da "Abin paralela", a operação Última Milha foi a responsável pela apuração do uso, de forma indevida, da ferramenta de espionagem "First Mile" por aliados de Bolsonaro. O software permite o monitoramento de geolocalização de celulares em tempo real.

De acordo com a Polícia Federal (PF), o ex-diretor da agência, Alexandre Ramagem, teria usado sua posição para "estimular e ocultar" o emprego do programa de vigilância. A investigação indica que Ramagem teria se valido da infraestrutura da Abin com o intuito de produzir evidências em defesa de Flávio e Jair Renan Bolsonaro, filhos do ex-presidente.

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O nome da operação satiriza o software First Mile ("primeira milha"), produzido pela empresa israelense Cognyte. A troca da "primeira" por "última", segundo investigadores, faz alusão ao fato de que a operação da PF acabaria com o uso indevido do programa.

Operação Lucas 12:2

Deflagrada em agosto de 2023, a operação Lucas 12:2 tinha o objetivo de investigar um grupo ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, suspeito de comercializar joias e outros bens de valor, como esculturas, que foram entregues a autoridades brasileiras durante missões oficiais.

O nome da ação faz alusão a um versículo bíblico que afirma que nada permanece escondido para sempre.

Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido. O que vocês disseram nas trevas será ouvido à luz do dia, e o que vocês sussurraram aos ouvidos dentro de casa será proclamado dos telhados, diz o texto bíblico.

A escolha do nome da operação pela PF remete a outro versículo muito utilizado por Bolsonaro, desde a primeira campanha eleitoral, em 2018. O ex-presidente costumava citar João 8:32, que diz "conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará".

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Operação Venire

A Operação Venire mirava a inclusão de dados falsos sobre vacinação contra a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde e resultou na prisão de Mauro Cid e na apreensão do celular de Bolsonaro em maio de 2023.

O nome "Venire" veio da expressão latina "Venire contra factum proprium" (Vir contra seus próprios atos). A PF afirmou que esse é um princípio base do Direito Civil e do Direito Internacional, que veda comportamentos contraditórios de uma pessoa.

Operação Lesa Pátria

Principal operação contra os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, a Operação Lesa Pátria envolveu Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio, primo dos filhos mais velhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em outubro de 2023.

Auxiliar do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) na estratégia de redes sociais da campanha eleitoral de 2018, ele participou dos protestos. Ainda nas primeiras horas após os atos de vandalismo em Brasília, por exemplo, ele publicou imagens em uma rede social em cima do Congresso Nacional e próximo ao Supremo Tribunal Federal (STF).

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O nome da operação vem da definição de crime de lesa-pátria, que é uma ação contra o poder soberano de um Estado ou qualquer ato considerado traição à pátria, como casos de golpe ou atentados antidemocráticos.

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