Coronavírus: Últimas notícias e o que sabemos até esta quarta-feira (29)
Em um cenário preocupante em relação às mortes e à confirmação de casos oficiais do novo coronavírus, o Brasil registrou ontem mais de 5 mil mortes, ultrapassando a China e batendo seu recorde de óbitos oficiais nas últimas 24h, com 474. Em meio a isso, a reação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao ser questionado pela imprensa foi de dizer:
E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre".
A fala ocorreu em frente ao Palácio da Alvorada e em seguida, o presidente questionou se havia televisões e rádios ao vivo. Sabendo que sim, voltou a falar sobre o tema e disse se solidarizar com as famílias dos mortos.
Ontem, o Ministério da Saúde tentou amenizar os números ao anunciar que subiu para 5.017 o total de mortes provocadas pela doença no país. Com os dados atualizados, o Brasil ultrapassou a China, que registra oficialmente 4.643 mortes por conta da covid-19.
Mortes chegam a 5.466 nesta quarta
O Ministério da Saúde anunciou hoje que subiu para 5.466 o número de mortes pelo novo coronavírus no Brasil — 449 óbitos confirmados nas últimas 24 horas.
No total, são 78.162 casos oficiais no país, segundo os dados mais recentes da pasta, com 6.276 novos diagnósticos de ontem para hoje. Segundo o ministério, ao menos 38.564 pacientes estão em acompanhamento e mais de 34.132 já se recuperaram. 1.452 óbitos seguem em investigação.
A taxa de letalidade — que compara os casos totais pelos números de óbitos confirmados — no Brasil é de 7%, segundo a atualização do governo.
E daí? Bolsonaro empurra questão para governadores
Bolsonaro voltou a falar sobre seu comentário de ontem na manhã de hoje. O presidente afirmou entender que "não é culpa dele" o recorde diário de mortes por coronavírus e atribuiu a responsabilidade aos governadores e prefeitos por conta de medidas restritivas adotadas no enfrentamento à pandemia.
"A imprensa tem que perguntar para o Doria (governador de São Paulo) porque mais gente está perdendo a vida em São Paulo. Não adianta a imprensa botar na minha conta. A minha opinião não vale, o que vale são os decretos de governadores e prefeitos", disse.
João Doria reagiu em coletiva e desafiou Bolsonaro a ir a hospitais. "Posso enumerar algumas atitudes que você poderia ter tomado e não adotou. Essa é a resposta, fazendo o que você não fez. Começando respeitando os brasileiros, respeitando pais, mães, avós que perderam pessoas para o coronavírus, que você classificou como resfriadinho, que não era importante", disse Doria. "Pare com essa política da perversidade, de atrapalhar quem está salvando vidas."
Houve reações da classe política à sua fala, com personagens que vão de Lula a João Amoêdo fazendo críticas ao "E daí?" de Bolsonaro - expressão que virou uma das mais comentadas no Twitter. Lula voltou a defender mudança na liderança do governo, João Amoêdo pediu renúncia e Joyce Hasselmann citou "falta de humanidade". Já os filhos Carlos e Flávio Bolsonaro fizeram posts defendendo o pai e dizendo que ele se solidarizou com os mortos.
O encontro matinal com a imprensa ainda teve bate-boca com jornalistas. O presidente deixou o Alvorada acompanhado de mais de dez deputados que compõem a sua base ideológica no Parlamento. A portaria da residência oficial do governo acabou virando uma espécie de palanque, no qual os congressistas disputavam espaço para poder discursar. As declarações foram acompanhadas de reações exaltadas dos apoiadores bolsonaristas que se aglomeravam no local.
"Isso é um mau caratismo. (...). Quem pode ficar em casa, que fique. Mas que não pode, acredite e confie no presidente", declarou uma parlamentar.
ONU denuncia governo
Enquanto a fala de Bolsonaro gera polêmica, relatores da ONU denunciaram o governo brasileiro por "políticas irresponsáveis" durante a pandemia.
Num comunicado emitido hoje, eles apontaram que o Brasil deveria abandonar imediatamente políticas de austeridade mal orientadas que estão colocando vidas em risco e aumentar os gastos para combater a desigualdade e a pobreza exacerbada pela pandemia.
É a atitude mais dura do órgão contra o país e inclui a acusação de que "as políticas econômicas e sociais irresponsáveis do Brasil colocam milhões de vidas em risco".
Decreto de serviços essenciais e o isolamento
Bolsonaro editou um novo decreto para ampliar a lista de serviços essenciais que podem funcionar durante o período de enfrentamento do novo coronavírus no País. Crítico das medidas de isolamento social, o presidente vem tentando afrouxar as ações para reabrir setores produtivos.
O decreto considera essenciais várias atividades do comércio e de serviços como de alimentação, atendimento bancário, serviços de reparo e mecânica automotiva, transporte e armazenamento de cargas. Com isso, profissionais de vários segmentos devem voltar a circular. O isolamento social é a iniciativa que tem tido maior sucesso no combate à infecção em várias partes do mundo.
Enquanto isso, o apoio popular ao isolamento caiu, de acordo com o Datafolha. Segundo a publicação, pela primeira vez foi registrado empate técnico entre os que defendem o isolamento para toda a população e os que advogam para que somente os integrantes de grupo de risco da covid-19 fiquem em casa. O grupo de risco é composto por idosos e pessoas portadoras de comorbidades, como hipertensão, diabetes e cardiopatia.
De acordo com o jornal, os defensores do isolamento social amplo eram 60% no início do mês, passaram para 56% no dia 17 de abril e agora são 52%.
Guedes: Bolsonaro, economia e testes
Ministro da Economia, Paulo Guedes participou na manhã de hoje de uma conversa virtual em que negou os rumores de que pode deixar o governo. O economista disse que segue com a mesma energia e determinação, com apoio do presidente Jair Bolsonaro.
Em conversa virtual promovida pelo Mercado & Consumo, Guedes fez menção a uma estimativa de queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 6% este ano, sem especificá-la, mas ponderou que o cálculo pressupunha que uma contração de 2% viria somente pelo choque externo por conta da crise, sendo que esse efeito ainda não apareceu.
O ministro disse também que grandes empresas, como companhias aéreas e produtoras de automóveis, deverão buscar negociações e soluções dentro do próprio mercado para superarem essa fase, já que o governo não usará dinheiro público para salvá-las da crise causada pelo coronavírus.
Guedes ainda comentou que não defende o fim do isolamento, mas sugeriu que as empresas façam testes semanais em seus funcionários para detectar se algum deles está contaminado com o coronavírus. "Precisamos de vocês agora, empresários, fazendo testes. Funcionário chegou, faz o teste. Se está infectado, vai para casa", declarou ele.
Wietzel admite colapso; hospital tem fila de corpos
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), reconheceu que o sistema de saúde já se encontra em "colapso" por causa da alta demanda de infectados pelo coronavírus. Em entrevista ao site O Antagonista na noite de ontem, ele ainda criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por "colaborar para desinformar a população".
"Hoje nós temos em torno de 30% da população nas ruas. Estamos no colapso da saúde já. Se formos liberar mais alguma atividade, quanto isso vai impactar nos transportes? Isso vai aumentar de 30% da população nas ruas para 50%. Isso corresponderá a quanto? É difícil de calcular porque não sabemos quanto serão contaminados e quantos precisarão estar no hospital", analisou.
Funcionários do Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, denunciam que, com a capacidade do necrotério lotada, o hospital tinha corpos enfileirados em cima de macas, conforme mostram fotografias feitas na tarde de ontem em um corredor da unidade.
Dois profissionais do Lourenço Jorge morreram em decorrência da covid-19 e ao menos sete médicos pediram demissão alegando falta de condições de trabalho.
Também no Rio, quatro pessoas da mesma família morreram com sintomas da covid-19, no bairro Vila Operário, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense. Eles tinham idades entre 45 e 70 anos e doenças preexistentes, como diabetes. Ela reclama da falta de exames e cobra atuação mais firme das autoridades.
Depois de Manaus, Belém
Manaus vem sofrendo com falta de espaço para enterrar seus mortos, e Belém, também na região Norte, é o próximo grande centro com problemas com a covid-19. Apesar de números oficiais indicarem apenas 85 mortes por coronavírus, moradores da capital do Pará precisam esperar horas para recolhimento de corpos.
Para a Defensoria Pública, a situação revela a subnotificação de casos. Nos três cemitérios municipais, a movimentação indica um cenário grave. Segundo a investigação da Defensoria, o Serviço de Verificação de Óbito, acionado apenas em casos de mortes não violentas, foi chamado para recolher 65 corpos de prováveis vítimas da covid-19 apenas no último domingo. Antes da pandemia, a média diária era de sete chamadas.
Já a prefeitura de Manaus trabalha com a hipótese de que o agravamento da crise do novo coronavírus fará com que um novo pico no número de sepultamentos ocorra no mês de maio. De acordo com os dados apresentados pela prefeitura, a demanda por enterros chegou a 142 no domingo, o que faz a projeção para o próximo mês ir a 4.260.
Ontem o número de sepultamentos foi de 122, segundo a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp). O corpo de uma idosa teve de aguardar 30 horas em casa até ser retirado para ser sepultado.
SP: mortes triplicam na capital, governo estuda reabertura
O governo de São Paulo avalia reabrir a economia do estado em quatro fases, começando com a flexibilização dos serviços e comércios e culminando com o que chama de "novo normal", segundo estudo preliminar elaborado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa da gestão João Doria (PSDB) ao qual o UOL teve acesso. Apesar do estudo, Doria adiantou que a taxa de isolamento atual dificulta que isso aconteça.
A reabertura está prevista para 11 de maio, data anunciada pela gestão Doria para o início do relaxamento das medidas de restrição no enfrentamento ao novo coronavírus. Passados sete dias, começaria a segunda etapa, com a flexibilização de serviços e comércios. Na terceira semana, há uma previsão de "resgate à economia criativa" e, na quarta, a fase de "novo normal".
No entanto, o total de mortos confirmados vítimas do coronavírus só na cidade em São Paulo triplicou e passou de 422 no dia 9 de abril para 1.337 na segunda-feira (27). Somando-se os casos suspeitos, o salto no total de óbitos foi de 1.110 para 3.030. A cidade negocia usar UTIs privadas. O Estado ainda anunciou a obrigatoriedade de uso de máscara no metrô e a compra de 3 mil respiradores.
EUA projetam 74 mil mortes
Os Estados Unidos chegaram a 1 milhão de casos, de acordo com o site "Worldometer" - o que deve ser oficializado hoje nos números oficiais do governo - e a projeção é de que as mortes possam chegar a 74 mil até agosto. Por enquanto, são 55 mil.
Com isso, a economia do país foi "massacrada" no primeiro trimestre. O Departamento de Comércio dos EUA disse que o Produto Interno Bruto caiu a uma taxa anualizada de 4,8% no primeiro trimestre, pressionado por fortes quedas nos gastos dos consumidores e nos estoques das empresas. Esse foi o maior ritmo de contração do PIB desde o quarto trimestre de 2008.
A Ford anunciou prejuízo de US$ 2 bilhões no primeiro trimestre, pressionada pelo impacto da pandemia e afirmou que espera que o resultado negativo do segundo trimestre mais que dobre.
Reino Unido: Nasce filho de Boris Johnson
El Salvador choca com fotos de presídios
"As celas para uma mesma gangue terminaram, nós misturamos todos os grupos terroristas em uma mesma cela, em todos os centros penais de segurança. O Estado deve ser respeitado!" Com este tuíte, o vice-ministro da Justiça e Segurança Pública de El Salvador, Osiris Luna Meza, confirmou no domingo o início de uma das medidas previstas no estado de emergência decretado nas prisões após o recente aumento de homicídios no país, para impedir que partam delas ordens de crimes no mundo exterior.
Junto com o anúncio, Luna Meza e outros perfis do governo no Twitter começaram a postar imagens impressionantes de detentos em prisões superlotadas nas quais membros de gangues rivais são vistos juntos, a julgar pelas tatuagens que os identificam. Nas fotos, dezenas de prisioneiros são vistos reunidos, sentados no chão em fileiras e algemados, quase colados uns aos outro e com apenas alguns deles usando máscaras.
Ciência: Coronavírus afeta neurônios
Pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) acabam de confirmar, por meio de experimentos feitos com cultura de células, que o novo coronavírus (SARS-CoV-2) é capaz de infectar neurônios humanos. A infecção e o aumento da carga viral nas células nervosas foram confirmados pela técnica de PCR em tempo real, a mesma usada no diagnóstico da covid-19 em laboratórios de referência.
O grupo coordenado pelo professor do Instituto de Biologia Daniel Martins-de-Souza também confirmou que os neurônios expressam a proteína ACE-2 (enzima conversora de angiotensina 2, na sigla em inglês), molécula à qual o vírus se conecta para invadir as células humanas. Nos próximos dias, a equipe pretende investigar de que modo o funcionamento dessas células nervosas é alterado pela infecção.
Depois de 73 anos, casal morre junto
O casal Mary e Wilford Kleper esteve junto por 73 anos e até no momento mais difícil de suas vidas eles puderam ficar um ao lado do outro. Os dois foram internados juntos após serem contaminados pelo novo coronavírus e morreram com poucas horas de diferença.
Segundo a família, o casal era a cola que unia todo mundo. Mary morreu seis horas depois do marido em um hospital em Wisconsin, nos Estados Unidos. Os parentes não sabem como os dois contraíram a covid-19, mas afirmaram que eles foram para o hospital depois de sentirem os sintomas.
Drive thru de strip-tease
Entre as notícias curiosas do dia, veja só: Fechado desde que a governadora do estado do Oregon, nos Estados Unidos, proibiu grandes reuniões públicas, o clube de strip-tease Lucky Devil Lounge resolveu entrar no ramo das refeições para viagem.
Entretanto, com as vendas baixas do jeito normal, o proprietário do local resolver manter a aparência de seu negócio como forma de marketing. Depois de twittar como piada a ideia de ter as dançarinas realizando as entregas e vê-la bem aceita, ele resolveu fazer exatamente isso.
Semanas depois, o clube passou a oferecer duas novas opções de entretenimento adulto: show de pole-dance para pedidos de entrega e entrega de comida por dançarinas - acompanhadas por segurança para impor distanciamento social. O local cobra US$ 30 a mais por cada serviço.
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