Coronavírus: Últimas notícias e o que sabemos até esta quarta-feira (20)
Pela primeira vez, mais de mil mortes em um dia pelo coronavírus. A marca anunciada ontem pelo Ministério da Saúde representa que a pasta foi informada oficialmente, nas 24 horas anteriores, que 1.179 óbitos foram registrados. Não quer dizer, necessariamente, que mais de mil pessoas morreram de segunda para terça-feira, mas, em um país em que a subnotificação de casos e mortes é grande - e que estes 1.179 podem ser muito mais -, representa um marco simbólico da gravidade da covid-19.
É com este cenário que o Brasil foi dormir, ontem, com uma piada do presidente Jair Bolsonaro de que "a direita toma cloroquina e a esquerda, tubaína" e acordou, hoje, com um novo protocolo do governo federal para uso deste medicamento, ainda que diversos estudos não tragam comprovação de sua eficácia e ainda alertem contra os riscos de efeitos colaterais graves que podem levar à morte.
Depois do anúncio do protocolo, a OMS reiterou que não há provas da eficácia do medicamento, hoje, em coletiva de imprensa.
A quarta-feira ainda traz notícias como os sinais de que novas ondas de contágio podem mostrar que o coronavírus pode estar em mutação e o superferiado em São Paulo, com a antecipação de datas comemorativas que tentam parar por quase uma semana a maior cidade do país, epicentro da epidemia.
Quase 20 mil casos em 24 horas
Já na noite de hoje, o Ministério da Saúde divulgou a maior quantidade de diagnósticos entre um dia e outro desde o início da pandemia: 19.951 casos confirmados, totalizando 291.579 infectados no país.
A pasta também divulgou a confirmação de 888 óbitos pela doença entre ontem e hoje. Com isso, chega a 18.859 o número de mortes pelo novo coronavírus.
Ainda segundo o ministério, 3.483 óbitos suspeitos ainda estão em investigação e 156.037 casos seguem em acompanhamento. Cerca de 116.683 pacientes já se recuperaram da doença.
Presidente faz piada, mas há muito por trás dos números
Mesmo já sendo esta uma tragédia de certa forma anunciada, o Ministério da Saúde ignorou o número de mortes na entrevista coletiva realizada diariamente para debater o combate à pandemia. Em vez disso, focou nos temas da doação do leite materno e do atendimento remoto a profissionais da saúde e não contou com a presença do ministro interino. Ainda sem mencionar a marca de óbitos, a pasta divulgou à imprensa números de recuperados.
Ontem à noite, após o anúncio das mais de mil mortes, o presidente Jair Bolsonaro fez piada sobre o uso da cloroquina, e não comentou o número de óbitos nem prestou solidariedade às famílias de milhares de vítimas pelo país.
Hoje cedo, apenas 12 horas depois, ele escreveu em suas redes sociais lamentando as mortes e falou em "dias difíceis".
Por trás da soma que chega a 271.628 diagnosticados e a 17.408 mortos, há milhares de tragédias humanas — são mães, pais, filhos, amigos, irmãos e vizinhos que não retornarão a seus lares. Há centenas de profissionais de saúde que deram a vida para ajudar os contaminados, além da perda de personalidades como Aldir Blanc e Daniel Azulay.
Em homenagem às vítimas, o UOL reuniu alguns desses milhares de casos de dão rosto, história e peso aos números que, como se verá, vão muito além da estatística.
Bolsonaro insiste e reforça cloroquina
O Ministério da Saúde divulgou hoje um protocolo para aplicação da cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes, inclusive os com sintomas leves, para tratar do novo coronavírus. O protocolo, que sugere a combinação dos dois medicamentos com azitromicina, é uma orientação para a rede pública de saúde.
Segundo o protocolo, "a prescrição de todo e qualquer medicamento é prerrogativa do médico". Médicos da rede pública temem pressão pelo uso da cloroquina. O texto também diz que o paciente vai ter que assinar o termo de consentimento a respeito da aplicação de cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento.
O termo indica que "a cloroquina e a hidroxicloroquina podem causar efeitos colaterais", citando disfunção cardíaca e alterações visuais, por exemplo.
Os dois remédios têm formulações diferentes, mas que levam a mesma substância, a cloroquina. Os benefícios clínicos são parecidos, mas os efeitos adversos não. A hidroxicloroquina é considerada um pouco mais segura, com menos efeitos colaterais.
Cidade de SP cria 'kit covid-19' com cloroquina
O município paulista de Porto Feliz criou um "kit covid-19", entregue a pacientes em estágio inicial dos sintomas do novo coronavírus. Entre os medicamentos do coquetel está a hidroxicloroquina.
Reportagem da TV Cultura mostrou que a cidade tem feito medições de temperatura em seus cidadãos e, quem está com sintomas iniciais da covid-19, recebe um kit com hidroxicloroquina, azitromicina, enoxaparina, remédio para enjoo e anti-inflamatório. Foram feitos 2 mil kits, com custo de R$ 100 mil à prefeitura.
"A gente deu em torno de 200 tratamentos até o momento e o nível de sucesso, de pacientes que evoluíram muito bem é muito grande. Temos em torno de 150 altas e dos 37 internados, 35 já recuperados", disse a responsável pelo kit, Ana Paula Melo dos Santos, clínica geral e intensivista.
Coronavírus pode estar sofrendo mutações
Médicos da China têm observado que o coronavírus se manifesta de forma diferente entre pacientes de um novo foco na região nordeste do país, em comparação com o surto original em Wuhan. Os dados sugerem que o patógeno pode estar em mutação de maneiras desconhecidas, o que complica esforços para eliminá-lo.
Pacientes nas províncias de Jilin e Heilongjiang, no norte do país, parecem portar o vírus por um período mais longo, e seus testes demoram mais para dar negativo.
Pacientes na região nordeste também parecem levar mais do que uma a duas semanas para apresentar sintomas após a infecção, o prazo observado em Wuhan, e esse atraso dificulta a identificação de casos pelas autoridades antes que contagiem mais pessoas
"Como os pacientes infectados não apresentaram sintomas por um período mais longo, isso criou focos de infecções familiares", disse Qiu Haibo, um dos principais médicos da China.
Damares faz concurso de máscaras
Enquanto o presidente fez piada e mais de mil mortes foram colocadas nos dados oficiais do governo, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos lançou edital para um concurso que premiará as melhores máscaras feitas por crianças.
Os quatro vencedores poderão passar uma tarde em Brasília com a ministra Damares Alves, responsável pela pasta, e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, esposa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.