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A jornalista Carla Bigatto conduz com analistas um papo sobre temas que dominam a pauta política.


Baixo Clero #36: "Atos do presidente mostram que ele quer poder absolutista"

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Do UOL, em São Paulo

08/05/2020 04h00

Na semana que começou com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) presente em manifestação em frente ao Palácio do Planalto, no qual um fotógrafo foi agredido por apoiadores do governo, o presidente mandou jornalistas calarem a boca em mais um ato de intimidação ao trabalho da imprensa em frente ao Palácio da Alvorada.

No podcast Baixo Clero #36, os jornalistas Carla Bigatto, Diogo Schelp e Maria Carolina Trevisan contam com o convidado Carlos Madeiro, repórter do UOL em Alagoas, para uma análise sobre os atos do presidente ao mesmo tempo em que o governo oferece cargos de segundo e terceiro escalão ao centrão em troca de apoio no Congresso e mantém o discurso para flexibilizar o isolamento social ao mesmo tempo em que crescem os casos do novo coronavírus.

Para Maria Carolina Trevisan, os atos de Bolsonaro em relação à imprensa deixam clara a intenção do presidente de ter um poder absolutista, mas a atitude dele acaba fortalecendo a cobertura dos jornalistas, que demonstram a relevância de questões políticas e de saúde pública em tempos de uma pandemia.

"Os atos do presidente demonstram, deixam cada vez mais claro, se é que alguém ainda tinha dúvidas, de que ele quer realmente ter um poder absolutista. Ele gostaria de ter o poder absoluto e pronto. Por outro lado, a imprensa fica muito mais exposta ao mesmo tempo em que fica mais relevante. A gente trazer a informação é muito importante num momento de uma pandemia, por exemplo, e no momento de uma crise política. Então, demonstra essa relevância", afirma Trevisan (disponível no vídeo acima a partir de 20:10).

A própria Trevisan revela que, ao relatar cenas da manifestação do último domingo, recebeu ameaças de apoiadores do presidente da República.

"Pela primeira vez eu recebi um tipo de intimidação que nunca tinha me acontecido, que foi pelo meu Whatsapp. Foram mais de 50 pessoas que me mandaram mensagens me intimidado pelo WhatsApp, me chamando de comunista, que eu vou me arrepender muito, ameaçando", explica a jornalista.

"Calar nossa boca não vai acontecer neste momento enquanto a gente está vivendo uma democracia ainda. Estou contando isso aqui para que todo mundo saiba que a gente está sendo intimidado e que isso é uma estratégia de nos calar e o presidente foi bem mais claro nessa estratégia e mandou a repórter calar a boca", completa Trevisan.

Além das ações do presidente em relação aos jornalistas, o episódio também analisa os desdobramentos do depoimento do ex-ministro Sergio Moro à Polícia Federal, a estratégia de o presidente se alinhar ao centrão e as respostas do governo ao aumento exponencial dos casos da covid-19 no Brasil, com o aumento da restrição em diversas localidades devido à baixa adesão ao isolamento social enquanto o número de mortes cresce no país.

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