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Carlos Madeiro

REPORTAGEM

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CPT: Mortes por conflitos no campo saltam 75% e têm maior número desde 2017

Operação Nova Mutum, da PM-RO, realizou série de despejos contra camponeses na região de Ponta do Abunã - Andressa Zumpano / CPT
Operação Nova Mutum, da PM-RO, realizou série de despejos contra camponeses na região de Ponta do Abunã Imagem: Andressa Zumpano / CPT

Colunista do UOL

11/04/2022 16h52

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As mortes em decorrência de conflitos no campo cresceram 75% em 2021, segundo dados parciais do relatório "Conflitos no Campo" divulgados hoje pela CPT (Comissão Pastoral da Terra), entidade ligada à CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil). O documento completo será divulgado na próxima segunda-feira (18).

Segundo os dados, foram registrados 35 assassinatos no ano passado, contra 20 em 2020. Foi o maior número de mortes violentas desde 2017, quando o país contabilizou 71 casos.

Essa é a 36ª edição do documento, que é lançado anualmente pela CPT e se tornou a mais importante publicação a contabilizar violência e mortes no campo no país.

Ainda de acordo com os dados parciais do relatório, 11 dos 35 assassinatos ocorreram em Rondônia, estado que registrou o maior número —entre eles um triplo assassinato em agosto, na região de Nova Mutum Paraná, distrito de Porto Velho.

Além desse triplo assassinato, outro também foi registrado na região alta do rio Apiauí, em Mucajaí, no sul de Roraima, onde três indígenas Moxihatëtëa, que pertencem a um subgrupo Yanomami, foram mortos.

Além das mortes diretas, a CPT também relata que houve 109 assassinatos em decorrência de conflitos no campo registrados em 2021, 1.100% a mais que em 2020. O detalhamento desses dados, porém, só será feito na segunda-feira.

A alta na escalada de violência no campo já havia sido denunciada em novembro do ano passado, em um relatório que apontava 26 mortes já contabilizadas em 2021. A maioria dos óbitos ocorreu na Amazônia Legal.

Dados até agosto mostravam que os conflitos no campo estavam em alta, com 418 territórios que sofreram "violência contra ocupação e a posse" no país, dos quais:

  • 28% são territórios indígenas
  • 23% territórios quilombolas
  • 14% territórios de posseiros
  • 13% territórios de sem-terras, entre outros.