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Ex-tesoureiro da campanha de Perillo afirma que vai falar na CPI do Cachoeira

Rafhael Borges

Do UOL, em Goiânia

16/07/2012 16h25Atualizada em 16/07/2012 17h23

O presidente da Agetop (Agência Goiana de Transportes e Obras), Jayme Rincon, uma das testemunhas convocadas pela CPI do Cachoeira no Congresso Nacional disse que, desta vez, vai comparecer para prestar depoimento. A oitiva está marcada para o dia 22 de agosto. A CPI investiga as relações do contraventor Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e empresários.

Em duas oportunidades anteriores, o ex-tesoureiro da campanha de Marconi Perillo (PSDB) ao governo de Goiás em 2010 apresentou atestado médico e não apareceu na comissão. Perillo é suspeito de envolvimento no esquema de Cachoeira.

Com três aneurismas, Rincon disse que já buscou tratamento até na França e afirma que os médicos o proibiram de depor. Mesmo assim, ele afirmou que agora quer falar. “Eu tenho muito a contribuir, por isso, mesmo que os médicos digam que é uma pressão muito grande esse depoimento, eu vou falar o que souber.”

Rincon aparece em uma conversa com Cachoeira gravada pela Polícia Federal com autorização da Justiça Federal durante a operação Monte Carlo. O diálogo teria começado entre o bicheiro e o ex-vereador Wladimir Garcez –apontado pela PF como braço político de Cachoeira–, que passou o telefone para o presidente da Agetop. “Ó, pode deixar que (...) está tudo organizado, o Wladimir fala com você. E o outro assunto aqui tá caminhando”, disse Rincon a Cachoeira.

“Se soubesse que era o Carlos Cachoeira eu nem teria falado. Agora lembrar o que eu estava organizando é impossível, eu falo com 60 pessoas por dia ao telefone”, afirmou Rincon ao comentar o áudio. Segundo ele, Wladimir Garcez tinha trânsito livre em todas as esferas de poder. No dia do telefonema, o ex-vereador estava em seu gabinete na Agetop aguardando para falar sobre contratos da empreiteira Delta Construções –que também é suspeita de envolvimento no esquema de Cachoeira.

Segundo Rincon, enquanto ele atendia outras pessoas, Garcez aguardava sentado em um sofá em frente à sua mesa. “De repente ele começou a falar no celular e trouxe para mim. Disse que era o Carlinhos. Eu tentei dizer ‘não, não’, mas não teve como, atendi e respondi que o Wladimir falaria com ele o resultado da nossa reunião”, contou.

O presidente da Agetop afirma que recebe todos os representantes de empresas contratantes com o governo de Goiás em seu gabinete. “O Wladimir cuidava dos interesses da Delta no Estado. Ele era praticamente um despachante da empresa, por isso eu o recebi, assim como faço com várias pessoas todos os dias”, afirmou. “Eu não tenho nenhuma relação com Carlos Cachoeira. Nunca estive com ele durante a campanha [de Marconi Perillo ao governo em 2010]. O que eu percebo é que o Wladimir quis mostrar força com o Carlos Cachoeira ao mostrar que teria livre acesso a mim, por isso ele teria falado desse jeito.”

De acordo com Rincon, Cachoeira esteve uma vez na Agetop para tratar de assuntos da empreiteira Delta e, segundo o presidente, foi recebido com esse único objetivo. 

Ainda segundo Rincon, todos os contratos da Delta com o governo de Goiás já passaram por auditoria na Controladoria Geral do Estado e no Tribunal de Contas e não foram verificadas irregularidades.