Déda praticava política com P maiúsculo, afirma Dilma
A presidente Dilma Rousseff publicou nesta segunda-feira (2) uma nota de pesar pela morte do governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT). O petista tinha 53 anos e morreu em São Paulo, onde estava internado, vítima de um câncer gastrointestinal.
Segundo a presidente, "como prefeito, deputado e governador, Marcelo Déda exerceu a política com P maiúsculo". Ela afirmou ainda que o governador era amigos das "horas boas e más" e que sua trajetória "foi marcada pela dedicação em transformar para melhor a vida das pessoas, especialmente as mais humildes".
No Twitter, a presidente também lamentou a morte do político.
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), também usou as redes sociais para expressar o lamento pela perda de Déda. "O Brasil perdeu hoje não somente o governador do Sergipe, mas um de seus mais corretos e éticos servidores da população. Tive o privilégio de encontrar Déda há 10 dias. Mesmo debilitado, pediu para projetarmos o futuro. Isso demonstra o que era: um guerreiro. Otimista, pediu para não falar sobre isso. E sim, aproveitar o raro bate-papo para projetarmos o futuro. Uma singela demonstração do que era Marcelo Déda, um incansável e obstinado brasileiro que jamais deixou de lutar pelo que acreditava.
Deixo aqui meus sinceros sentimos à família do governador Marcelo Déda e a todo povo do Sergipe.
O ex-presidente Lula divulgou comunicado em que diz que "Déda foi um exemplo de dignidade e compromisso público na atividade política". Também elogia sua trajetória: "brilhante como representante do povo na Assembleia Legislativa, na Câmara dos Deputados, como prefeito de Aracaju e finalmente como governador de Sergipe, sempre com sua atenção voltada aos mais pobres e ao desenvolvimento do seu Estado". E finaliza dizendo ter perdido "um grande amigo, compadre e irmão".
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou, em nota, que Déda "dedicou sua vida à causa pública". "Com tristeza que recebi a notícia do falecimento do governador Marcelo Déda, homem que dedicou sua vida à causa pública e ao progresso de Sergipe. Transmito os sentimentos a seus familiares, amigos e a todos os sergipanos."
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), também manifestou-se em nota oficial. “É com muita tristeza que recebo a notícia do falecimento do governador e companheiro de partido Marcelo Déda. Registro minha solidariedade e desejo força à família neste momento difícil. O país perde um homem público de valor inestimável, cuja vida foi dedicada à construção de uma sociedade mais justa e fraterna.”
O presidente do PT, Rui Falcão, comenta que o governador “nunca se furtou à luta e, desde muito jovem, se destacou por enfrentar as oligarquias conservadoras de seu Estado e do Brasil”. Para o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), a morte “deixa uma lacuna muito grande para a política".
Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, lamentou a morte de Déda. Em nota oficial, afirmou que o sergipano era "homem culto e de personalidade admirável, era dono de um carisma e de uma eloquência cativantes e de uma força notável. Essa força o acompanhou nos quatro anos durante os quais lutou contra a doença que, lamentavelmente, o consumiu. A política brasileira perde um grande nome. Os familiares de Déda e os sergipanos perdem um grande homem".
O Unicef também fez uma nota em homenagem ao político, dizendo que ele "sempre esteve comprometido com a promoção e proteção integral dos direitos da infância e da adolescência, mobilizando todo o seu governo em favor de políticas de inclusão social e redução das desigualdades".
Biografia
Advogado formado pela Universidade Federal de Sergipe, o político estava no segundo mandato. No seu lugar assumirá o vice-governador, Jackson Barreto, do PMDB.
Natural do município de Simão Dias (a 100 km de Aracaju), Déda participava do cenário político desde a década de 1970, nos movimentos secundaristas, quando conheceu o então dirigente sindical Luiz Inácio Lula da Silva. Militante do Partido dos Trabalhadores (PT), no início dos anos 1980, Marcelo Déda foi fundamental na consolidação da legenda no Estado.
Em 1985, o PT decidiu lançar o nome de Déda para concorrer às eleições municipais de Aracaju, com o objetivo de se firmar como um partido nacional. Na época, com 25 anos e sem recursos para a campanha, o candidato fez todos os programas eleitorais gratuitos de televisão ao vivo e apenas com a bandeira do partido na parede do cenário, montado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Na eleição municipal, mesmo com recursos para a confecção de 5.000 cartazes, Déda ficou em segundo lugar com quase 19 mil votos. Logo em seguida foi eleito deputado federal por Sergipe.
Um ano depois, ele foi eleito deputado estadual com mais de 32 mil votos. O revés eleitoral ocorreu em 1990, quando tentou se reeleger para uma das cadeiras da Assembleia Legislativa. Acusado de ter priorizado as atividades legislativas em detrimento dos movimentos sociais, Marcelo Déda obteve 10% dos 33 mil votos que o elegeram em 1986.
Em 1994, foi eleito para a Câmara dos Deputados e, em 2000, conquistou o primeiro mandato de prefeito de Aracaju referendado por 52,8% dos votos válidos. Foi escolhido como líder do PT na Câmara entre 1998 e 1999. Reeleito em 2004, Déda começou a consolidar a trajetória política para a candidatura ao governo de Sergipe.
Em 2006, deixou a prefeitura de Aracaju para se candidatar ao comando do Estado. Eleito em primeiro turno com 52% dos votos, Déda investiu em infraestrutura no interior do Estado.
Leia abaixo a íntegra da nota de pesar de Dilma:
"O Brasil e o Estado de Sergipe perderam hoje um grande homem. Como prefeito, deputado e governador, Marcelo Deda exerceu a Política com P maiúsculo. A sua trajetória foi marcada pela dedicação em transformar para melhor a vida das pessoas, especialmente as mais humildes.
Eu perdi hoje um grande amigo, daqueles das horas boas e más. Deda era capaz de recitar poesia, inclusive as próprias, com a força de um grande artista e a naturalidade de um repentista. Ao mesmo tempo, era capaz de aprimorar uma discussão com uma lógica irretocável.
Marcella, Yasmim, Luísa, João Marcelo e Mateus perderam um pai amoroso. Eliane perdeu um companheiro leal. Deda foi um exemplo de coragem na saúde e na doença e um exemplo de caráter na vida privada e na trajetória pública.
Deda fará falta. Mas seu exemplo nos guiará.
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil"
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