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Vai-Vai, maior campeã do carnaval de SP, deixa a elite após 90 anos

Juliana Diógenes, Isabela Palhares e Leonardo Zvarick

De São Paulo

06/03/2019 14h45

"Agradecemos por todos nossos integrantes e convidados pelo lindo Carnaval apresentado na Avenida, com grandes chances de trazer para o Bixiga a décima sexta estrela" Era o post oficial da Vai-Vai no Instagram após o desfile. O rebaixamento da escola mais vencedora da história de São Paulo, com 15 títulos, surpreendeu e promete acirrar uma disputa interna.

O atual presidente, Neguitão, saiu do sambódromo sem falar com ninguém. O presidente de honra, o histórico Thobias da Vai-Vai, nem desfilou --está brigado com a diretoria. Ele puxou o último samba da agremiação no ano passado-- e amargou um décimo lugar, que já era um dos piores resultados desde o primeiro desfile em 1930. Nesta terça-feira, 5, a quadra permaneceu fechada após o primeiro rebaixamento, com poucas barracas a frente --até esperando uma possível 16.ª festa-- e ninguém falando pela diretoria. Envergonhados, os diretores não atenderam telefonemas nem de pessoas da comunidade.

Representante do Resistência Vai-Vai, Luiz Cabral explica que há quatro anos um grupo luta por maior transparência. "É claro que o rebaixamento é muito triste e inesperado, mas com isso o movimento deve crescer ainda mais", diz o integrante da bateria - que teve todas as notas 10.

Ao se observar a apuração, os principais problemas no desfile sobre O Quilombo do Futuro, que incluiu a lembrança da morte de Marielle Franco, apareceram nos quesitos Comissão de Frente - 9,8, 9,8, 9,7 e 9,7 - e Alegoria - 9,9, 9,9, 9,8 e 9,8. Com a mudança nos critérios, estabelecendo notas só entre 9 e 10 e o descarte da mínima, a diferença entre as agremiações diminuiu. Assim, esse 1,1 ponto perdido é a diferença entre o último lugar e o vice da Dragões.

Só alegria

Nas ruas do Bexiga, o clima não era de tristeza. "A gente sabe ganhar e perder", disse a componente Suely Santos. "Carnaval é época de alegria, não tristeza. A Vai-Vai é isso e nada nos atingiu", completou Niva Pagliarini, com a camiseta da Velha Guarda.

São Paulo