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PF faz perícia em viatura e local onde policiais mataram Genivaldo em SE
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A PF (Polícia Federal) realiza hoje uma perícia no veículo e no local onde, na última quarta-feira, policiais rodoviários federais agrediram e mataram um homem negro e com problemas mentais.
Genivaldo de Jesus Santos, 38, morreu asfixiado no porta-malas da viatura, após ser parado em uma blitz por não usar capacete na BR 101, em Umbaúba (SE). Antes de ser morto, ele foi agredido, e toda ação foi filmada por moradores que assistiram as cenas de tortura.
Segundo a PF, as diligências fazem parte das investigações dentro do inquérito policial instaurado na quinta-feira para saber as circunstâncias da morte de Genivaldo.
A PF informou que policiais estão realizando a perícia no local do crime e na viatura da PRF (Polícia Rodoviária Federal) onde Genivaldo foi morto. Além disso, os agentes trabalham também na identificação de testemunhas e na coleta de material que pode servir como prova do crime.
Além dessa investigação, a PF enviou a Sergipe quatro peritos federais do Instituto Nacional de Criminalística da Diretoria Técnica Científica.
O inquérito aberto deve ser concluído em até 30 dias, a partir da data da instauração. O caso está sendo acompanhado pelo MPF (Ministério Público Federal), que abriu dois procedimentos (um cível e um criminal) para apurar o crime.
Os cinco policiais que participaram da ação foram afastados das ruas e respondem a procedimento interno para apurar a conduta dos policiais. Ouvidores da polícias de seis estados, entre eles São Paulo, pediram que os cinco sejam detidos.
Segundo testemunhas, Genivaldo foi agredido por cerca de 30 minutos antes de ser levado para a viatura, onde policiais jogaram gás lacrimogêneo e o trancaram no porta-malas. Genivaldo não resistiu e foi levado e chegou já sem vida a uma unidade de saúde.
O laudo do IML (Instituto Médico Legal) de Sergipe informou que a causa da morte foi asfixia mecânica, mas disse que ainda necessita de mais investigação para saber as circunstâncias mais detalhadas do óbito.
A população de Umbaúba parou na quinta-feira passada em protesto contra a morte de Genivaldo e cobrou punição aos policiais que o mataram. O enterro de Genivaldo foi marcado por comoção extrema, com aplausos e gritos de justiça.
"Ele era uma pessoa muito querida na cidade", conta o sobrinho da vítima Wallison de Jesus, que assistiu a toda a abordagem de Genivaldo pela PRF na quarta-feira.
Ele contou que por várias vezes, ele e outras pessoas alertaram aos policiais que Genivaldo tinha problemas mentais e cardíacos, pedindo que parassem com a tortura.
O caso teve grande repercussão internacional, e a ONU (Organização das Nações Unidas) pediu uma investigação completa e rápida às autoridades brasileiras.
PRF diz que foi fatalidade
Em nota, a PRF de Sergipe diz que, durante uma ação policial realizada, Genivaldo "resistiu ativamente a uma abordagem de uma equipe da PRF" —o que é desmentido pelas imagens, que mostram ele imobilizado pelos policiais.
A corporação afirmou que, em razão de sua "agressividade", foram empregadas "técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção e o indivíduo foi conduzido à delegacia da polícia civil da cidade".
A PRF, porém, não explica quais seriam essas técnicas e instrumentos. Ainda de acordo com a nota oficial, durante o deslocamento até a delegacia "o abordado veio a passar mal e foi socorrido de imediato ao Hospital José Nailson Moura, onde foi posteriormente atendido e constatado o óbito".
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