Neobolsonarista, prefeito une de irmão de PC Farias a Arthur Lira em blocão

O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), o JHC, costurou um apoio de nomes de peso da política alagoana e que eram rivais dele na eleição passada. O objetivo é ter força contra o MDB e os Calheiros, de olho na disputa ao governo do estado de 2026.

O que aconteceu

O prefeito bolsonarista acolheu nomes indicados pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), e pelo deputado federal Alfredo Gaspar (UB) — que foi o rival derrotado por ele no segundo turno de 2020.

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Irmão do ex-tesoureiro de Collor, PC Farias, virou secretário municipal. O deputado Gaspar indicou um aliado de sobrenome famoso: o médico e empresário Luiz Romero Farias.

Romero Farias assumiu a pasta da Saúde no dia 28 de abril, quando foi feita uma reforma administrativa para acomodar os novos aliados.

O irmão de PC Farias estava distante da política. Aventurou-se apenas ao tentar uma vaga de suplente ao Senado de Marurício Quintella (MDB), ex-ministro de Michel Temer, mas perdeu a eleição em 2018. PC Farias foi assassinado em 1996.

Conheço o médico Romero Farias há alguns anos e sempre respeitei sua competência, equilíbrio e habilidade em conduzir diálogos construtivos. Ele é um profundo conhecedor do sistema público de saúde, do SUS, e tem grande visão social."
Alfredo Gaspar (UB-AL), deputado federal

O apoio de Arthur Lira

Um nome que também se somou ao grupo de JHC foi o de Arthur Lira, que em 2020 estava em outro grupo.

Prima de Lira foi contemplada com a pasta da Educação. A ex-deputada estadual Jó Pereira (PSDB) foi nomeada na reforma feita pelo prefeito de Maceió. Ela havia sido candidata a vice-governadora em 2022 na chapa de Rodrigo Cunha (UB), apoiada por Lira e JHC, mas acabou derrotada no segundo turno.

Lira é hoje principal rival político do MDB, da família Calheiros e do governador Paulo Dantas (MDB). Ele e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) volta e meia trocam farpas pelas redes sociais.

Em conversa com a coluna, Lira confirmou que o acordo com JHC inclui o apoio em 2024.

Ali se formou uma frente ampla em defesa de Maceió e de Alagoas, não tivemos nenhuma conversa de imposições".
Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados

MDB, Calheiros e a pouca força na capital

Diferentemente da grande força dos Calheiros no interior, o MDB enfrenta resistência na capital e não decidiu se lançará candidato em Maceió em 2024, já que faltaria viabilidade eleitoral.

Alguns nomes são especulados e testados em cenários, como dos deputados Alexandre Ayres e Rafael Brito, que foram secretários no governo medebista de Renan Filho (2015-2022), mas aparecem bem atrás de JHC em levantamentos.

A rejeição aos Calheiros é parte de uma maioria que vota na direita: Maceió foi a única capital no Nordeste em que, em 2018 e 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro venceu nos dois turnos.

Essa união, na verdade, antecipa 2026, porque acredito que JHC vai ser reeleito. O que esse grupo quer é bater de frente com o atual governo do estado. É uma verdadeira força-tarefa para tirar o MDB."
Luciana Santana, cientista política da UFAL (Universidade Federal de Alagoas)

Apoio de JHC a Bolsonaro foi estratégia

Foi entre os turnos nas eleições de 2022 que JHC mudou de lado, deixando o PSB para migrar ao PL. No mesmo dia, apareceu ao lado de Bolsonaro em Brasília, surpreendendo aliados locais.

Segundo fontes próximas, JHC fez um cálculo eleitoral já pensando em 2024 ao mudar de lado e encaminhou um eventual apoio de Bolsonaro à sua reeleição.

No segundo turno da disputa presidencial, JHC foi peça ativa na campanha à reeleição, participando de um culto em Maceió ao lado da ex-primeira dama Michele Bolsonaro e citando uma "guerra espiritual" para derrotar Lula.

E o ex-presidente Collor?

Uma das ausências sentidas no grupo de JHC foi o do também bolsonarista Fernando Collor de Melo (PTB), que está sem mandato desde fevereiro ao deixar o Senado após 16 anos.

Logo após a eleição de Lula, Collor deu sinais de que deixaria de lado o bolsonarismo. Mudou, por exemplo, a linha editorial de seus veículos de comunicação no estado.

Além disso, ele tem buscado proximidade com o governo de Alagoas. Segundo especula-se, tenta se viabilizar como um nome possível para disputar a prefeitura.

Collor, como de costume, trabalha nos bastidores e costuma bater o martelo em períodos próximos à disputa.

Em 2022, o ex-presidente se candidatou ao governo do estado e, assim como nas últimas quatro vezes em que tentou, foi derrotado. Em outubro passado, ele ficou fora até do segundo turno.