Carlos Madeiro

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Reportagem

Collor passeou entre apoio à ditadura e Lula até fechar com Bolsonaro em 22

A prisão do ex-presidente Fernando Collor de Mello deve traçar o marco final de uma carreira política notável por suas surpreendentes idas e vindas. De apoiador do ex-rival Lula, após recuperar os direitos políticos perdidos no seu impeachment, até se posicionar como um fervoroso bolsonarista, o carioca radicado em Alagoas, de 75 anos, deixou sua marca na história com sucessos e derrotas nas urnas.

A última disputa de Collor foi em 2022, quando ele abriu mão de tentar a reeleição ao Senado para concorrer ao cargo de governador. A estratégia foi vista como uma alternativa diante da baixíssima chance de manter a vaga no Congresso em uma disputa contra o então governador Renan Filho (MDB).

Na campanha, Collor se vestiu de verde e amarelo e foi para as ruas com a camisa da seleção e o número 22 às costas, sempre citando Jair Bolsonaro. Seu candidato a vice era um dos mais ativos bolsonaristas do estado, o vereador de Maceió Leonardo Dias (PL).

Camisa da seleção com número 22 foi uma das marcas de Collor
Camisa da seleção com número 22 foi uma das marcas de Collor Imagem: Divulgação

A estratégia, porém, fracassou: ele ficou em terceiro lugar, com menos de 15% dos votos. Apesar de usar a imagem do então presidente, não houve reciprocidade, e Bolsonaro manteve-se neutro, já que havia outra candidatura que incluía integrantes do seu grupo político, comandado pelo deputado federal Arthur Lira (PP-AL).

Sem vaga no segundo turno e sem mandato em Brasília, o ex-presidente começou a mergulhar no ostracismo político. Em meio a isso, em 2023 veio a condenação do STF.

Collor ainda viria a aparecer ao final da campanha de 2024, quando foi para as ruas pedir voto para um sobrinho, também chamado Fernando Collor, candidato a vereador em Maceió. A campanha o colocou ao lado da ex-cunhada Thereza Collor, com quem ficou rompido por 33 anos.

Sem o prestígio de outros tempos, a votação de Fernando Collor sobrinho foi um fiasco.

Fernando, Thereza e Collor antes de ato em Maceió em 2024
Fernando, Thereza e Collor antes de ato em Maceió em 2024 Imagem: Reprodução
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História de vitórias e derrotas

Collor é filho do empresário e ex-governador Arnon de Mello, de quem herdou capital político para entrar na vida pública ainda durante a ditadura militar. Em sua carreira, sempre mudou de lado com facilidade, incluindo apoios a todos os presidentes eleitos depois dele, de Lula a Bolsonaro.

A carreira de Collor começa em 1979, ao ser indicado pelo governador Guilherme Palmeira (Arena) como prefeito biônico de Maceió, cargo que ocupou até 1982, quando foi eleito deputado federal.

Em 1986, sagrou-se governador de Alagoas, o que foi o trampolim para o maior salto de sua carreira: disputar a presidência da República, que venceu em segundo turno contra Lula (PT) em 17 de dezembro de 1989.

Então candidato à Presidência, em 1989, Fernando Collor faz comício em Arapiraca (AL)
Então candidato à Presidência, em 1989, Fernando Collor faz comício em Arapiraca (AL) Imagem: Jorge Araújo/Folhapress

A partir daí, a história ficou conhecida em todo o país: Collor governou até 1992, quando denúncias de corrupção encabeçadas pelo irmão Pedro Collor resultaram em seu impeachment.

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Collor cumpriu os oito anos de inelegibilidade a que foi condenado e em 2000 mudou o domicílio eleitoral para São Paulo. Tentou se candidatar a prefeito, mas acabou sendo barrado pelo TSE por estar impedido de disputar cargo público até 29 de dezembro daquele ano.

Em 2002, volta a Alagoas e tenta ser governador novamente, mas acaba derrotado por Ronaldo Lessa, que foi reeleito pelo PSB naquele ano.

Após quatro anos de silêncio, Collor volta a se candidatar em 2006, dessa vez a senador e tendo como principal rival novamente Ronaldo Lessa. Apesar de entrar na disputa a 28 dias da votação, o ex-presidente venceu e retornou a Brasília em 2007, onde permaneceu até 31 de janeiro de 2023.

Ao chegar a Brasília, se aproximou do então presidente Lula e aos poucos foi conseguindo espaços nos governos petistas que se seguiriam.

28.ago.2008 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cumprimenta o senador Fernando Collor (PTB-AL) durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do Planalto
28.ago.2008 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cumprimenta o senador Fernando Collor (PTB-AL) durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do Planalto Imagem: Alan Marques/Folhapress

Nesse meio tempo, Collor tentou ser governador em três oportunidades:

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Collor e Bolsonaro em Alagoas em 2022
Collor e Bolsonaro em Alagoas em 2022 Imagem: Reprodução/Twitter @Collor

Reportagem

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5 comentários

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Rodrigo Ignácio Nassur de Luca

A bozolandia se rasga. Kkkkk. Nas cenas dos próximos capítulos, o outrozinho, inelegível, em cana.

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Gabriela Campedelli

Digamos que a situação é complexa o suficiente para acabar com a luminosa narrativa. 

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Daniela Beatriz Pozza

Fechar com Bolsonaro é ótimo. Desde quando o Bolsonaro se aliou com o Collor? Que jornalismo sujo. 

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