OMS fala em 100 mil mortos, feridos e desaparecidos em Gaza
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou hoje que Gaza soma mais de 100 mil pessoas entre mortos, feridos e desaparecidos. Os dados foram divulgados numa entrevista coletiva na sede da ONU, em Genebra, com base na coleta de informação do Ministério da Saúde palestino.
Pelo menos 27 mil palestinos morreram, enquanto 66,1 mil foram feridos desde 7 de outubro de 2023. Naquele dia, o Hamas realizou um ataque contra Israel, deixando 1.200 mortos.
Mais de uma semana depois da decisão da Corte Internacional de Justiça de pedir que Israel tome medidas para evitar um genocídio em Gaza, as instituições alertam que a crise humanitária se aprofundou. "Eu não vejo qualquer melhoria na situação humanitária", afirmou Jens Laerke, porta-voz da ONU para temas humanitários.
"O risco da fome é elevado e aumenta a cada dia", afirmou Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. "Pedimos um cessar-fogo", apelou.
Richard Peeperkorn, representante da OMS na região, denuncia o veto de Israel a missões da agência para o norte de Gaza. Das 15 iniciativas que foram solicitadas pela agência, oito delas foram negadas e quatro não conseguiram ser realizadas diante da destruição de estradas.
A agência também estima que 8.000 palestinos precisam ser levados para hospitais fora do país para atendimentos urgentes. Desses, menos de 300 foram socorridos.
O governo de Israel vem realizando uma intensa operação contra as agências internacionais, acusando inclusive a OMS de "conluio com o Hamas", denúncia rejeitada por Tedros.
Crianças sem pais e sem nomes
De acordo com a Unicef, 17 mil crianças estão hoje desacompanhadas em Gaza. Segundo a agência, o choque de algumas dessas crianças é tão profundo que elas levam dias até conseguir dizer seus próprios nomes. "Nunca vi tantas pessoas amputadas, inclusive entre crianças", disse Peeperkorn, da OMS.
Para o Escritório Humanitário da ONU, Gaza é hoje "uma panela de pressão de desespero e tememos o que vai ocorrer".
O levantamento da OMS ainda aponta para a seguinte situação:
- Apenas 13 dos 36 hospitais de Gaza estão funcionando e parcialmente
- 245.858 infecções respiratórias
- 161.285 casos de diarreia, um aumento de 23 vezes em relação à base de 2022
- 69.962 casos de sarna e piolhos
- 44.550 casos de erupções cutâneas
- 6.625 casos de catapora
Satélites mostram 30% das estruturas danificadas em Gaza
Já o Centro de Satélites das Nações Unidas - Unosat - divulgou uma avaliação dos danos e da destruição às estruturas na Faixa de Gaza. A análise, baseada em imagens de satélite coletadas nos dias 6 e 7 de janeiro, mostra um quadro da extensão da devastação.
As imagens foram comparadas às imagens de 1º de maio de 2023, 10 de maio de 2023, 18 de setembro de 2023, 15 de outubro de 2023, 7 de novembro de 2023 e 26 de novembro de 2023.
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JAMIL CHADE
Todo sábado, Jamil escreve sobre temas sociais para uma personalidade com base em sua carreira de correspondente.
Quero receberNo total, 22.131 estruturas foram identificadas como destruídas, com mais 14.066 consideradas severamente danificadas e 32.950 moderadamente danificadas.
"No total, um número impressionante de 69.147 estruturas, equivalente a aproximadamente 30% do total de estruturas da Faixa de Gaza, foi afetado", constata. A Cidade de Gaza foi duramente atingida, com 8.926 estruturas destruídas.
As novas descobertas ainda apontam um número estimado de 93.800 unidades habitacionais danificadas na Faixa de Gaza.
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