Jamil Chade

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Bolsonaro declara apoio a Trump; governo teme pressão por anistia

O ex-presidente Jair Bolsonaro declara seu apoio ao candidato Donald Trump. Nas redes sociais de apoiadores do republicano, o brasileiro afirmou que a eleição ocorre "no país mais democrático do mundo" e que o americano é "o maior líder conservador da atualidade". A eleição ocorre nesta terça-feira (5), enquanto a campanha de Trump sugere que não reconhecerá uma derrota.

Segundo Bolsonaro, os Estados Unidos "projetaram poder" sob a gestão de Trump. "Não tivemos guerras. A paz se fez presente em todo o globo", disse, numa postagem que o próprio ex-presidente brasileiro usou em suas redes sociais.

"Hoje vemos guerras, a volta do terrorismo e a censura aprisionando a todos", afirmou. Para Bolsonaro, o retorno de Trump "é a certeza de um mundo melhor". "Sem guerras, terrorismo e com o retorno da liberdade em toda sua plenitude", disse.

"Em nome de todos os brasileiros que amam Deus, o Estado de Israel, respeitam a família, a propriedade privada, o livre mercado e a liberdade de expressão — nossos votos de sucesso", completou.

Caso Donald Trump vença, assessores de Lula não disfarçam a preocupação sobre uma eventual transformação da Casa Branca num ponto de referência para uma maior turbulência na América Latina, com o fortalecimento de grupos de extrema direita pelo continente.

No Congresso Americano, de forma incipiente, movimentações entre os deputados aliados de Trump apontam para uma potencial pressão sobre o Brasil em temas como liberdade expressão e brasileiros investigados por um potencial envolvimento nos ataques de 8 de janeiro de 2023.

Em março, ao lado de deputados bolsonaristas, o deputado republicano Chris Smith afirmou que "desde o final de 2022, os brasileiros têm sido sujeitos a violações de direitos humanos cometidas por autoridades brasileiras em grande escala".

Quando o X foi suspenso no Brasil, foi a vez de o senador de Utah, Mike Lee, pedir que os EUA atuassem para pressionar o país.

Para diplomatas brasileiros, a atuação desses deputados é apenas um "ensaio geral" para algo mais enfático, em 2025. Com Elon Musk como cabo eleitoral, Trump poderia incrementar essa pressão. Ainda no mês de novembro, uma missão de deputados bolsonaristas deve também viajar para Washington, na esperança de elevar a pressão.

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"Só não aconteceu um golpe no Brasil em 2023 por não ter apoio dos EUA", disse ao UOL o senador Randolfe Rodrigues (AP-PT). Segundo ele, a eleição americana terá um impacto mais profundo no Brasil que a eleição municipal. "Se Trump vencer, o Brasil sofrerá a maior pressão sobre sua democracia desde 1985", acredita. "O impacto na democracia do continente será profundo."

"Bolsonaro diz que vai voltar em 2026. Uma vitória do Trump poderia fortalecer a narrativa do movimento bolsonaristas de que ele está sendo impedido de voltar ao poder", disse Rogério Sottili, diretor-executivo do Instituto Vladimir Herzog e que, no começo do ano, liderou uma missão de deputados e vereadores brasileiros para dialogar com as autoridades do campo democrático americano.

Para ele, a vitória de Trump "empodera e dá argumentos para que o movimento bolsonarista se viabilize". Um dos impactos poderia ser o fortalecimento da narrativas de que os ataques de 8 de janeiro de 2023 no Brasil e 6 de janeiro de 2021 no EUA foram para supostamente "defender a democracia".

O próprio Trump já sinalizou que, se eleito, irá anunciar um "perdão" aos atores da invasão do Capitólio. Para ele, trata-se de um "dia de amor" e os envolvidos são "patriotas".

Aliados de Trump querem ofensiva contra esquerdas na América Latina

A ofensiva na América Latina também consta do Projeto 2025, um plano criado por ultraconservadores dos Estados Unidos com apoio de mais de uma centena de conselheiros de Donald Trump. O ex-presidente nega qualquer envolvimento no projeto, algo que é contestado por Kamala Harris.

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A meta do Projeto 2025 é financiar entidades e grupos contrários a movimentos sociais progressistas latino-americanos, condicionar recursos à promoção da ideologia conservadora e combater "ideias socialistas que atraíram a juventude" na região.

Para isso, a ideia seria usar a poderosa agência de desenvolvimento dos EUA, a Usaid, para usar os recursos da ajuda externa americana e financiar entidades que possam fazer oposição aos governos de esquerda no resto do continente. No total, o orçamento da entidade é de US$ 42 bilhões por ano.

O próprio presidente Lula chegou a declarar apoio à candidata democrata Kamala Harris. Em entrevista ao canal francês TF1+, Lula disse que "Kamala Harris, ganhando as eleições, é muito mais seguro de a gente fortalecer a democracia nos Estados Unidos".

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