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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Piloto que levou Gegê do Mangue para emboscada é morto em Goiás, diz PM

O piloto de helicóptero Felipe Ramos Morais, que prestou serviços ao PCC - Reprodução
O piloto de helicóptero Felipe Ramos Morais, que prestou serviços ao PCC Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

17/02/2023 18h04

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A Polícia Militar de Goiás informou que o piloto de helicóptero Felipe Ramos Morais, 36, foi morto hoje em Abadia de Goiás durante confronto entre policias e traficantes de drogas. Há informações de que outros dois suspeitos também morreram.

Morais foi o piloto que levou Gegê do Mangue e Paca, duas lideranças do PCC (Primeiro Comando da Capital), para uma emboscada na qual foram assassinados em 2018 (leia mais abaixo).

Segundo a PM, foram apreendidos três helicópteros que seriam usados para o tráfico de armas. A polícia disse ainda ter encontrado 5 kg de cocaína com os suspeitos.

O major Renyson Castanheira disse em entrevista que o confronto ocorreu às 14h, depois que moradores ligaram para a PM informando sobre uma movimentação estranha de aeronaves em uma propriedade rural.

O oficial explicou que os PMs foram checar a informação e acabaram recebidos a tiros. Até a conclusão deste texto, as identidades dos outros dois mortos não tinham sido reveladas.

A mãe de Morais disse à coluna estar aflita e sem notícias do filho. Acrescentou também que alguns amigos do piloto telefonaram para ela perguntando se estava tudo bem com o piloto.

Desde que saiu pela porta da frente da Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), no dia 16 de abril de 2021, Morais, autor de delação premiada envolvendo a cúpula do PCC, andava sob escolta de policiais federais.

Relembre o caso

Foi Morais quem levou para a morte os líderes da facção Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, assassinados a tiros em 15 de fevereiro de 2018 na aldeia indígena de Aquiraz, em Fortaleza, no Ceará.

A bordo da aeronave também estava Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro, um narcotraficante da Baixada Santista. Ele era o dono do helicóptero e morreu uma semana após o duplo homicídio no Ceará. Cabelo Duro foi assassinado com tiros de fuzil no Tatuapé, zona leste de São Paulo.

Em entrevista à coluna em 5 de maio de 2021, Morais disse: "Eu não posso negar para você. Tenho muito medo de morrer". Depois das delações dele, a Polícia Federal desarticulou o maior braço financeiro do PCC, prendeu dezenas de pessoas e bloqueou R$ 1 bilhão em bens e em contas bancárias.

Na entrevista exclusiva à coluna, ele também afirmou que nunca trabalhou para o PCC nem era integrante da facção criminosa. Declarou que prestava serviços para Cabelo Duro e foi contratado por ele para fazer um voo no Ceará e transportar duas pessoas que não conhecia.

Morais se entregou à polícia de Goiás alguns dias após o duplo assassinato e depois disso resolveu fazer delação premiada. Ele acabou solto por determinação da Justiça do Ceará.

Última mensagem

Na última quarta-feira (15), Morais enviou mensagem à coluna para lembrar que os assassinatos de Gegê do Mangue e Paca tinham completado cinco anos. Ele acrescentou que estava "sossegado" e aguardando o julgamento.

Além de Morais, outros nove réus respondem ao processo no Ceará. Três deles, Erick Machado Santos, 38, o Rick da Baixada; Renato Oliveira Mota, 32, e Maria Jussara da Conceição Ferreira Santos, 49, estão foragidos e tiveram a prisão a prisão preventiva decretada.

Por causa das deleções feitas à Polícia Federal, Morais era considerado um dos maiores inimigos do PCC. Os agentes cansaram de orientá-lo a ter cautela. O piloto, no entanto, chegou inclusive a ser personagem de um documentário sobre a facção criminosa.