Justiça de SP condena Gordão do PCC, dono de R$ 130 mi e armas antiaéreas
A Justiça de São Paulo condenou por associação criminosa o narcotraficante Anderson Lacerda Pereira, 43, o filho dele Gabriel Donadon Loureiro Pereira, 28, além de Edmilson Silva do Nascimento, 43, o Scoobão, e Luciano de Almeida, 46.
Segundo a Polícia Civil, os quatro escondiam um arsenal de guerra em uma casa no Itaim Paulista, zona leste de São Paulo. O armamento foi apreendido em 21 de novembro de 2019 na parede falsa de uma casa na rua Emanuel Araújo, 71.
Eram três metralhadoras ponto 50, semelhantes às furtadas em setembro do Arsenal de Guerra do Exército, em Barueri (SP); sete fuzis e oito pistolas. Na ocasião, Marcos Andrade de Moura, 43, chegou a ser preso na casa, mas conseguiu se livrar das algemas e fugiu.
O juiz José Henrique Oliveira Gomes, da 2ª Vara Criminal de Arujá, anunciou a sentença quarta-feira (22). Gordão foi condenado a uma pena de 11 anos e 4 meses de prisão; Gabriel, a 9 anos e 5 meses; Scoobão, a 8 anos e 6 meses; e Luciano, a 6 anos e 6 meses.
Na sentença, o magistrado observou que Gordão era o líder da organização criminosa e Gabriel tinha ingerência sobre o arsenal apreendido. O juiz mencionou que Scoobão já tinha quatro condenações por furtos, roubos e porte de arma, e Luciano era tecnicamente primário.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos réus, mas o espaço está aberto para manifestações.
Lavagem de dinheiro
Ao tentar apurar quem eram os donos do armamento, o delegado Fernando José Goes Santiago, à época do 4º DP de Guarulhos e hoje no Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico), chegou até Anderson e desvendou um grande esquema de lavagem de dinheiro.
Anderson Gordão ficou dois anos foragido. Ele foi preso em 5 de setembro do ano passado em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo. Já o herdeiro Gabriel foi capturado em 23 de outubro deste ano em Ermelino Matarazzo, zona leste paulistana.
A PF aponta Gordão como um dos maiores narcotraficantes do Brasil, responsável pelo envio de toneladas de cocaína para a Europa. O nome dele estava incluído na difusão vermelha da Interpol (Polícia Internacional) desde 2020, quando virou réu no processo de lavagem de dinheiro.
Dono de 38 clínicas e um hospital
O delegado Santiago apurou que o narcotraficante montou 38 clínicas médicas e odontológicas na Grande São Paulo e adquiriu 15 casas de alto padrão em Arujá, também na região metropolitana.
As investigações apontaram ainda que ele se infiltrou na Prefeitura de Arujá e fechou contratos milionários, sem licitação, em serviços de coleta de lixo, distribuição de alimentos e medicamentos. Montou também empresas e nomeou parentes como laranjas.
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Quero receberAnderson Gordão fazia questão de dizer que havia se inspirado no narcotraficante colombiano Pablo Escobar e montou um minizoológico no município de Santa Isabel, vizinho a Arujá. O patrimônio, de acordo com a Justiça do Arujá, foi avaliado em R$ 130 milhões.
O criminoso costumava desfilar tranquilamente pelas ruas do Arujá em carros de luxo. Gostava de ostentar correntes e relógios de ouro e fumar charutos cubanos. A segurança dele era feita por policiais.
Investigadores descobriram também que um dos hospitais montados por Anderson Gordão tinha como objetivo atender integrantes do PCC baleados em confrontos policiais.
Um dos baleados socorridos foi Giovanni Barbosa da Silva, 29, o Koringa, preso em 9 de janeiro de 2021 em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, na fronteira com Ponta Porã, município localizado em Mato Grosso do Sul.
O criminoso tinha sido baleado na perna em 30 de novembro de 2017, após trocar tiros com PMs na Freguesia do Ó, zona norte da capital. Ele foi levado por comparsas para o Hospital Vida Mais Vida, em Arujá, distante 47 km do local do confronto. Segundo a polícia, o hospital estava em nome de Gabriel.
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