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Juliana Dal Piva

REPORTAGEM

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PL planeja preparar Michelle para disputar governo do DF em 2026

Ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro durante culto no Recife - Divulgação
Ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro durante culto no Recife Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

05/02/2023 04h00

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A presença da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em um jantar do PL na última semana e, pouco depois, a ida dela ao Senado durante a posse e a votação para a presidência da Casa ocorreram em meio aos planos do partido para ela nos próximos quatro anos. O PL avalia preparar Michelle para disputar o governo do Distrito Federal em 2026.

A coluna apurou que o primeiro passo dentro disso é ela assumir o PL Mulher Nacional. Para isso, Michelle terá um espaço no escritório que foi montado pelo partido também para Jair Bolsonaro.

Os planos de lançar Michelle, porém, esbarram na própria ex-primeira-dama e também em tudo que pode acontecer nos próximos quatro anos. A coluna ouviu relatos de pessoas próximas a Bolsonaro de que Michelle resistiu muito a entrar na campanha eleitoral de 2022. Por vezes, ela desistiu de compromissos e gravações em cima da hora.

Interlocutores da família Bolsonaro avaliam que Michelle muitas vezes se sentiu alijada nos espaços de poder, sem a atenção que ela acredita merecer. A ex-primeira-dama gosta de exercer a influência, mas ainda não estaria totalmente decidida a encarar uma carreira política.

O partido, porém, tentará convencer Michelle a tentar esse caminho. O PL avaliou que a entrada dela nos vídeos da campanha e a presença nos eventos ajudou Bolsonaro a ganhar espaço junto ao eleitorado feminino, onde ele teve muita dificuldade.

O tamanho da influência de Michelle é estudado pelo PL. Avalia-se que a entrada dela na campanha pela eleição de Damares Alves para o Senado tenha sido decisiva. No episódio, a agora senadora acabou desbancando Flávia Arruda, ex-ministra de Bolsonaro. A influência de Michelle, porém, não foi suficiente para eleger o irmão dela, Eduardo Torres (PL-DF), na Câmara Distrital do DF.

Se Michelle realmente tentar a carreira política, ela deve enfrentar resistência familiar. A ex-primeira-dama e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, não conseguem sequer conviver. Ela barrou a presença dele no Palácio da Alvorada enquanto o casal ainda vivia lá e, depois, só viajou aos EUA quando se certificou de que Carlos não iria ficar hospedado no mesmo local.

Os dois estão em pé de guerra desde a viagem para o funeral da rainha Elizabeth II, em setembro. Na ocasião, Michelle e Carlos discutiram pelo protagonismo e proximidade junto a Jair Bolsonaro.

O clima bélico chegou ao ápice na última semana antes da eleição quando Carlos estava em uma reunião no Palácio da Alvorada com o pai e outros integrantes da campanha e Michelle pediu a alguém que informasse a ele para se retirar do local recordando que ela tinha pedido, anteriormente, que Carlos não frequentasse a residência oficial. Carlos foi embora, mas se enfureceu e decidiu não acompanhar mais o pai no debate da Globo.

Após o debate, os interlocutores mais próximos de Bolsonaro ficaram frustrados ao avaliar que, apesar de todo o preparo, o presidente tinha ficado abalado com a ausência do filho naquele momento. Bolsonaro chegou a tremer ao falar e, ao final, pediu votos para mais um mandato de "deputado federal", em um ato falho.