PF tem indícios de que Wassef procurou Bolsonaro e Cid para buscar relógio
A PF (Polícia Federal) possui elementos que mostram que o advogado Frederick Wassef procurou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, para ir aos EUA, em março deste ano, recuperar o relógio Rolex vendido anteriormente e que integrava o kit de joias sauditas recebidas por Bolsonaro em uma viagem oficial em 2019.
O item foi vendido para a empresa Precision Watches e recuperado em 14 de março deste ano pelo advogado. Wassef retornou com o Rolex ao Brasil em 29 de março. Em 2 de abril, o relógio foi entregue a Cid. Para os investigadores, o esquema de venda das joias tinha como objetivo o "enriquecimento ilícito do ex-presidente Jair Bolsonaro".
Em nota à imprensa, Wassef chegou a admitir que telefonou para Bolsonaro e foi autorizado por ele a falar publicamente sobre o caso das joias. A coluna apurou, porém, que o advogado, também se ofereceu para ir pessoalmente fazer o resgate dos itens vendidos nos EUA. Depois de falar com o ex-presidente, ele passou a tratar do assunto com Cid.
A PF verificou que Wassef viajou no dia 11 de março e retornou no dia 29. Os policiais ainda conseguiram um recibo de recompra do relógio onde consta o nome do advogado.
Nos autos da investigação é descrito que "no dia 02/04/2023, Mauro Cid e Frederick Wassef se encontraram na cidade de São Paulo, momento em que a posse do relógio passou para Mauro Cid , que retornou para Brasília/DF na mesma data, entregando o bem para Osmar Crivelatti, assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro", afirma o documento.
Na mesma semana, em 5 de abril, Cid depôs pela primeira vez sobre o caso para a PF. Na ocasião, ele declarou que buscar presentes recebidos pelo então presidente era algo "normal", "corriqueiro", na Ajudância de Ordens da Presidência.
Em nota à imprensa, Wassef disse que tomou conhecimento das joias só em 2023 pela imprensa.
"Quando liguei para Jair Bolsonaro, ele me autorizou, como seu advogado, a dar entrevistas e fazer uma nota à imprensa. Antes disso, jamais soube da existência de joias ou quaisquer outros presentes recebidos. Nunca vendi nenhuma joia, ofereci ou tive posse. Nunca participei de nenhuma tratativa, nem auxiliei nenhuma venda, nem de forma direta nem indireta. Jamais participei ou ajudei de qualquer forma qualquer pessoa a realizar nenhuma negociação ou venda", informa.
O advogado disse ainda que a PF "efetuou busca em minha residência no Morumbi, em São Paulo, e não encontrou nada de irregular ou ilegal, não tendo apreendido nenhum objeto, joias ou dinheiro".
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