Anistiar general acusado de planejar morte de Lula é incentivar terrorismo
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O general Mário Fernandes é um dos seis aliados de Bolsonaro que se tornaram réus, nesta terça (22), pelo STF, acusados de executar ações da tentativa de golpe de Estado. Ele teria sido responsável pelo plano "Punhal Verde e Amarelo", que previa o envenenamento de Lula, a execução de Geraldo Alckmin e a explosão do ministro Alexandre de Moraes.
O fato de que ele pode ser um dos beneficiados pelo projeto de lei de anistia que o bolsonarismo tenta aprovar no Congresso Nacional, visando a livrar o seu líder máximo do xilindró, deveria fomentar uma reflexão na turma sem memória do deixa-disso.
Afinal, quais as implicações para a sociedade de anistiar alguém acusado de planejar a morte de membros da cúpula da República enquanto o seu julgamento nem começou direito sob a justificativa de que não houve violência? Mesmo que o plano não tenha tido sucesso, a mensagem que isso passa é de que as instituições brasileiras não apenas passam pano para o golpismo, mas admitem o terrorismo como instrumento político.
O plano não ficou na esfera da especulação, o que já seria grave, mas ultrapassou a etapa de planejamento (diga-se de passagem, com riqueza de detalhes, incluindo armas e venenos a serem usados), e foi colocado em andamento.
Assim como os outros, o general, que foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República e, portanto, vice-ministro de Estado, responderá pelos crimes crimes de golpe, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado. Fernandes está preso desde novembro de 2024.
A operação da Polícia Federal que prendeu o general Mario Fernandes, os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo e o policial federal Wladimir Matos Soares ocorreu dias após o homem-bomba Francisco Wanderley Luiz tentar explodir o Supremo Tribunal Federal e se matar no processo. O que não é coincidência.
Os planos dos militares estão diretamente conectados às explosões causadas pelo extremista na praça dos Três Poderes. "Tiu França", como era conhecido, era um homem comum contaminado pelas ações e discursos do do bolsonarismo visando a mandar o Estado democrático de Direito para o vinagre. Não à toa, um de seus objetivos declarados era explodir Moraes, tal como pretendiam os as forças especiais do Exército, os chamados "kids pretos", sob comando de Fernandes.
Se não houver punição, o mesmo caldo de onde saiu o plano para matar Lula, Alckmin e Moraes continuará transformando pacatos chaveiros em cidades como Rio do Sul em aberrações como o homem-bomba do STF. A anistia é uma licença para explodir, envenenar e fuzilar.