Após soltura de 2 americanas, famílias de reféns pressionam por negociação
As blitze feitas para a localização dos reféns pelas tropas especiais israelenses são lentas. Junto às tropas atuam infiltrados do Shin Bet, o serviço secreto interno do Estado de Israel. Até o momento, nada.
Após duas semanas de guerra entre Hamas e Israel, a atenção de israelenses e palestinos concentrou-se no ingresso, pelo vale egípcio de Rafah de 20 caminhões com ajuda humanitária. Um nada, como comentei na minha coluna anterior.
Nos bastidores do conflito, no entanto, correu o informe sobre a estratégia da divisão dos reféns em Gaza — metade sob custódia do Hamas e a outra metade, com a jihad islâmica.
No jargão de inteligência, no mundo das espionagens dos 007, informe difere de informação, esta última empregada quando existe certeza. Os infiltrados do Shin Bet teriam passado um informe. E muitos informes, diante do conflito, são vendidos por pouco dinheiro, por pessoas desesperadas.
Talvez, até seja algo plantado para o primeiro-ministro de Israel, o populista Benjamin Netanyahu, ganhar tempo diante da forte pressão dos familiares dos reféns do terrorismo do 7 de outubro passado.
Os familiares dos reféns exigem de Netanyahu a abertura imediata de negociações para as libertações. E viram como sinal de boa-vontade a liberação da mãe e filha que estavam entre os mais de 200 reféns levados pelo Hamas.
Os familiares dos reféns temem pelos bombardeios errôneos pelas forças israelenses. E tem o filme já conhecido, o "déjà vu", ou seja, a conhecida tática terrorista de usar reféns como escudos humanos ou como instrumentos de ameaças para o cessar-fogo.
Hoje foram enterradas as vítimas do bombardeio equivocado à da igreja ortodoxa cristã. Israel desculpou-se pelo erro do alvo, quando o ponto focado seria um centro de adestramento do Hamas.
Não bastasse o trágico engano, entidades internacionais alertam para o crescente número de crianças mortas em Gaza.
Assim, a pressão dos familiares dos reféns aumenta. E ressaltam o risco de as tropas iniciarem a invasão por terra — suspensa depois das visitas do presidente norte-americano Joe Biden.
O ambíguo e desmoralizado Mahmoud Abbas, líder palestino conhecido pelo nome de guerra Abu Mazen, criticou os ataques aéreos de Israel e concluiu serem os alvos "pessoas desarmadas, crianças e mulheres". Dessa maneira, o pavor dos familiares dos reféns cresceu.
Abbas acertou em chamar o Hamas de terrorista, mas aposta na sua eliminação para poder governar, como Autoridade Nacional Palestina criada pelo acordo de Oslo de 1993, os territórios hoje divididos.
Aprendiz de autocrata, Abbas, nos seus anos de poder e sem marcar eleições desde 2021, não pisa em Gaza. É a favor da solução de conflitos pela diplomacia e condena a luta armada e o terror. Ele fica no palácio Muqata em Ramallah, com vista ao mausoléu onde estão os espólios de Yasser Arafat.
Quando os familiares dos reféns perguntam, acompanhados por jornalistas estrangeiros, sobre ataques por terra, a intensificação de bombardeios e o início de negociações para a soltura das vítimas em mãos do Hamas, ouvem apenas uma resposta às perguntas: "No comment".
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