"Ele morreu como herói", diz amigo sobre militar carioca que voltou para socorrer vítimas em boate
O corpo do tenente Leonardo Machado de Lacerda, 28, foi cremado no final da tarde desta terça-feira (29) no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, zona portuária do Rio. Cerca de 100 pessoas estiveram ao longo do dia no velório.
O militar do Exército foi uma das vítimas da tragédia na boate Kiss em Santa Maria, Rio Grande do Sul, na madrugada do último domingo (27).
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O amigo da família Marcelo Moreira, 65, contou que o rapaz voltou três vezes a Kiss para resgatar sobreviventes, dentre elas o seu superior e duas amigas.
“Ele morreu como herói tentando salvar vidas. Salvou o capitão dele e duas amigas”, disse.
“Era um menino muito estudioso. O filho que todo pai queria ter. Sempre quis dedicar a vida ao Exército”, completou.
Ainda segundo o amigo da família, o tenente foi à boate Kiss comemorar a transferência para a cidade de Santa Maria, onde já estava há quinze dias depois de um período na cidade de Rosário também no Rio Grande do Sul.
Muito emocionada, a vizinha da casa onde o militar morou com a família num condomínio em Copacabana, zona sul do Rio, Maria Ofélia de Figueiredo Beck, 65, afirmou que o jovem que ela viu crescer “morreu igual a Cristo”.
“Ele foi muito feliz enquanto viveu. Deixou um legado para todos nós: seja solidário. Ele morreu igual a Cristo, entregou a vida por aquelas vítimas. Ele é como Cristo que morreu por nós. Queremos apenas que ele descanse em paz na eternidade”, disse.
Ainda segundo a amiga da família, os pais do rapaz não queriam que ele seguisse a carreira militar, mas acabaram convencidos pela determinação do filho. “Parece que eles estavam adivinhando o que poderia acontecer. Mas Leonardo tinha essa vocação, dizia que queria ser do Exército desde os 16 anos, estava decidido e os pais acabaram aceitando, não teve jeito”, lembrou.
O coronel Mário Fonseca, representando o Comando Militar do Leste, informou que o tenente era oficial de cavalaria do Primeiro Regimento de Carros de Combate.
“Ele tentou salvar os companheiros, uma atitude esperada de qualquer militar. Esse instinto de salvamento é inerente à profissão. Infelizmente, perdemos oito companheiros”, disse.
O coronel disse ainda que a família dispensou as honras militares “por já estarem consternados, os parentes entenderam que a cerimônia acabaria se tornando mais um sofrimento”.
Na quarta-feira (30) acontece o velório da capitão Daniele Matos, 36, também vítima do incêndio na boate de Santa Maria, no Cemitério de Inhaúma, na zona norte da cidade programado para as 8h. O enterro está previsto para as 14h.
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