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Defesa de Gil Rugai tenta dissociar imagem do réu do caso Richthofen; acusação abre mão de réplica

Janaina Garcia e Ana Paula Rocha

Do UOL, em São Paulo

22/02/2013 14h52

A defesa do estudante Gil Rugai, 29, tentou dissociar a imagem do réu à da estudante Suzane Von Richthofen, nesta sexta-feira (22), na abordagem direta aos jurados que decidirão se o jovem é culpado ou inocente do assassinato do pai e da madrasta, em 2004.

“O caso Richthofen não é o caso do Gil”, disse o advogado Thiago Anastácio já nos minutos finais da fase de debates que precede a análise dos jurados e a sentença judicial.

Resumo do julgamento

Em 2006, Suzane foi condenada a 39 anos e seis meses de prisão pelo assassinato dos pais, Manfred e Marísia von Richthofen, ocorrido em 31 de outubro de 2002.

A tentativa de dissociar um caso do outro já havia sido feita pela defesa durante as entrevistas coletivas, no Fórum Criminal da Barra Funda, nos dias de julgamento.

Apesar da menção ao antigo caso, a defesa centrou foco em desqualificar não apenas provas elencadas pela acusação, como também as testemunhas.

O advogado Marcelo Feller, por exemplo, citou que um perito ouvido sobre as supostas marcas de pé de Rugai no local do crime já foi investigado em Goiás por suposta venda de laudos.

“Quanto à arma [uma pistola 380 usada no crime] que falam que era do Gil, se ele foi de carro [matar o pai e a madrasta], por que não a jogou pela janela, ou por que não a jogou no rio Tietê? E por que ainda a guardou em um saquinho: para preservá-la para a perícia?”, ironizou Feller.

Ele se referiu ao que ao fato de a acusação alegar que a arma, que seria do réu, ter sido encontrada no prédio onde Gil Rugai trabalhava cerca de um ano meio após o crime.

A fase de debates foi encerrada às 14h35 e a etapa seguinte já será a análise do conselho de sentença, quano o jurados vão dar o veredicto --o promotor Rogério Zagallo abriu mão de fazer a réplica.

Entenda o caso

O ex-seminarista Gil Rugai, 29, é acusado de tramar e executar a morte do pai, o empresário Luiz Carlos Rugai, 40, e da madrasta, Alessandra de Fátima Troitino, 33, em 28 de março de 2004.

O casal foi encontrado morto a tiros na residência onde morava no bairro Perdizes, zona oeste de São Paulo.

Segundo a acusação, o crime foi motivado pelo afastamento de Gil Rugai da empresa do pai, a Referência Filmes. O ex-seminarista estaria envolvido em um desfalque de R$ 100 mil e, por isso, teria sido demitido do departamento financeiro.

Durante as perícias do crime foram encontrados indícios que, segundo a acusação, apontam Gil Rugai como o autor do crime. Um deles foi o exame da marca de pé deixada pelo assassino numa porta ao tentar entrar na sala onde Luiz Carlos tentou se proteger.

O IC (Instituto de Criminalística) realizou exames de ressonância magnética no pé de Rugai e constatou que havia lesões compatíveis com a marca na porta.

Outra prova que será apresentada pela acusação foi uma arma encontrada, um ano e meio após o crime, no poço de armazenamento de água da chuva do prédio onde Gil Rugai tinha uma agência de publicidade.

O exame de balística confirmou que as nove cápsulas encontradas junto aos corpos do empresário e da mulher partiram dessa pistola.

O sócio de Rugai afirmou que ele mantinha uma arma idêntica em uma gaveta da agência de publicidade e que não a teria visto mais lá no dia seguinte aos assassinatos.

Gil Rugai chegou a ser preso duas vezes, mas foi solto por decisões da Justiça.