"Não sairemos daqui", diz Beltrame após tiroteio atrasar corrida no Alemão
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou neste domingo (26) que a polícia do Rio de Janeiro vai buscar os responsáveis pelo tiroteio que atrasou o início do Desafio da Paz, uma corrida de rua que percorre trechos da Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, e indicou que haverá um reforço do policiamento para conter outras ações "irresponsáveis e criminosas".
"Essa ação, infelizmente, demonstra a irresponsabilidade que tem uma idolatria oriunda de um resquício de uma facção que reinou absoluta aqui nesse lugar durante anos. Mas, hoje, o Estado ocupou essa área, e daqui não sairemos", diz Beltrame.
Para Beltrame, os problemas que a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Alemão vêm enfrentando são orquestrados por traficantes que escaparam do Complexo, fugidos em um carro pelo alto do morro. O secretário disse que o grupo criminoso voltou à comunidade recentemente e que está tentando demonstrar força. Por isso, diz o secretário, as investigações pretendem descobrir onde há pontos ativos de facções criminosas no Complexo do Alemão. Não há informações sobre presos nem de pessoas feridas após o tiroteio, segundo a Coordenadoria da UPP.
"Essa ação provém de resquícios do mesmo grupo que comandava o tráfico [da região] há 30 anos. Nos últimos dias, essas pessoas estão tentando fazer a retomada do território", explicou. "Já sabíamos que seria um desafio o evento, quando o nome foi escolhido", diz Beltrame.
O comerciante André Agualuza, 31, um dos 2.000 inscritos na corrida, disse que os tiros foram ouvidos às 7h40, vinte minutos antes da previsão de largada. "Foram dez minutos de muito tiro. Muita gente se jogou no chão, outras pessoas saíram correndo para se esconder atrás de algum lugar. Foi a primeira vez que eu participei e não volto mais."
Segundo o coronel Renê Simões, comandante geral do Bope (Batalhão de Operações Especiais), um tiro foi dado em direção a um contêiner da UPP do Alemão e pegou uma Kombi que estava ao lado. Ele contou que a polícia chegou a discutir se o evento deveria ser cancelado, mas resolveram manter a programação para não dar força ao tráfico.
O coronel afirmou, ainda, que 30 a 40 homens do Batalhão correram entre os participantes para oferecer segurança ao grupo durante o percurso de 5 quilômetros, que é feito por uma rota de fuga usada por traficantes em 2010, durante a ocupação policial na região. Um helicóptero da PM (Polícia Militar) também fez o patrulhamento aéreo do Desafio.
Na última semana, o comércio do complexo do Alemão e algumas escolas da região fecharam as portas por um dia por ordem do tráfico, após um traficante ser morto em confronto com a polícia.
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