Amiga diz que mulher que socorreu jovem preso a poste sofre ameaças
A mulher que socorreu o adolescente agredido e amarrado a um poste, na última sexta-feira (31), no bairro do Flamengo, na zona sul do Rio de Janeiro, e divulgou uma foto do jovem na internet, prestou depoimento sobre o caso na 9ª DP (Catete), também na zona sul, na tarde desta quarta (5). Uma amiga diz que ela está sendo ameaçada.
Artista plástica e fundadora de uma ONG que atende crianças e adolescentes de comunidades carentes, Yvonne Bezerra de Mello não quis falar com a imprensa quando entrou e saiu da delegacia.
Presidente da Projeto Uerê, Luciana Martha, que acompanhou Yvonne até a 9ª DP, afirmou que a amiga foi ameaçada por ter divulgado o caso. A delegada titular da delegacia, Monique Vidal, que investiga o caso, disse desconhecer as ameaças.
"Estão a ameaçando, dizendo que ela está protegendo bandido. O que aconteceu foi uma barbárie", declarou Luciana.
Menor é amarrado a poste no Rio
Perguntada sobre quem teria feitos as ameaças, a presidente do Projeto Uerê disse desconhecer os autores.
Irritada com as perguntas de jornalistas que estavam na delegacia quando ela chegou, Yvonne disse que está "de saco cheio dessa sociedade". O garoto, que é negro, foi agredido e preso a um poste com uma trava de bicicleta, sem roupas.
Após tomar o depoimento de Yvonne, a delegada Monique Vidal afirmou que a convocou para colher informações sobre o ocorrido na noite do dia 31.
"Tomei conhecimento do caso pela mídia. Eu mesma abri o inquérito. Ela contou que pretendia vir até a polícia com o garoto, para que ele denunciasse a agressão, mas disse que não teve como porque ele foi levado para o hospital [Souza Aguiar, no Centro do Rio] pelo Corpo de Bombeiros", afirmou a delegada.
No depoimento, Yvonne contou que o jovem lhe disse que foi espancado por três homens encapuzados que o abordaram em uma moto.
A delegada afirmou que o garoto tem antecedentes criminais e pediu que possíveis vítimas fossem até a delegacia prestar depoimento. "Além de vítima, neste caso, ele também é infrator. Eu sou delegada de polícia, preciso me ater a todos os fatos", declarou. "Mas nada justifica o que fizeram com ele", completou Vidal.
A titular da 9ª DP informou ainda que solicitou imagens de câmeras de segurança de prédios situados próximos ao poste onde ele foi preso, mas que ainda não recebeu nenhum material.
"Justiceiros"
Dois dos 14 jovens, todos moradores de bairros da zona sul do Rio, afirmaram em depoimento, que marcaram um encontro pelo Facebook para "patrulhar o Aterro em busca de potenciais autores de delitos". Todos responderão em liberdade por formação de bando ou quadrilha, tentativa de lesão corporal e corrupção de menores.
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