Igreja e três prédios estão "comprometidos" após edifício desabar, diz Defesa Civil
Homens da Defesa Civil de São Paulo analisaram todo o entorno do edifício Wilton Paes de Almeida, que desabou na madrugada de terça-feira (1º), e determinaram a interdição de três prédios. A análise foi feita entre a tarde de ontem e a manhã desta quarta-feira (2).
Alguns moradores foram autorizados a subir nos apartamentos para pegar seus pertences nesta quarta-feira.
O coordenador da Defesa Civil de São Paulo, coronel Edson Ramos de Quadros, afirmou que a igreja atingida por parte do edifício está seriamente comprometida. “Há três prédios comprometidos, além da igreja”, afirmou ao UOL.
Um dos prédios, de 17 andares, é onde estavam os bombeiros que tentavam salvar uma vítima no momento em que o edifício desabou. Os outros dois, que ficam do outro lado da calçada, foram atingidos pelas chamas.
“O prédio ao lado não demanda muito trabalho, mas se mantém interditado. Os do outro lado da rua estão com sinais de comprometimento, não graves, mas foi necessário evacuar e interditar. Ainda está sendo apurado. Não há um prognóstico definitivo”, afirmou o coordenador da Defesa Civil.
O “comprometimento”, no entanto, não significa risco iminente de queda, segundo Ramos. Como houve aparentemente danos nas estruturas, é preciso avaliar o nível de dado nos edifícios. Isso será feito por engenheiros, mas ainda não há prazo preciso.
“Comprometido quer dizer risco de cair o reboco, a parte hidráulica, a parte elétrica. Do ponto de vista estrutural, não é grave. Mas é preciso tirar as partes que não estejam 100% e ajustá-las até que esteja 100%, para que a pessoa fique num ambiente seguro”, explica Paulo Helene, professor de engenharia da USP (Universidade de São Paulo).
Fora de casa e fora de escritórios
Um dos prédios interditados no entorno do edifício que desabou é comercial, tem 42 salas e se localiza número 132 do largo do Paissandu. As telhas se quebraram com o impacto da queda e os últimos três andares do prédio foram queimados pelas chamas. Muitos trabalhadores entraram para retirar o material logo cedo.
Síndico do prédio de onde o bombeiro tentou resgatar uma vítima no momento do desabamento há 14 anos, o contador Élcio Alves Penteado, 78, explicou que nesta manhã funcionários das salas comerciais retiraram contratos, documentos e títulos a pedido da Defesa Civil.
Penteado vê com bons olhos a saída obrigatória do prédio, pois teme um desabamento. Ele apontou para a reportagem parte da parede rachada no topo do edifício. Mas, de acordo com ele, as rachaduras já estavam no local e não foram provocadas pela queda do edifício vizinho. "Agora, vão cobrir o prédio com placas de madeira. Se ruir, essa placa rachada, cai em cima das madeiras, e não das pessoas", afirmou. "A nossa apreensão é de que essa placa caísse na cabeça dos inquilinos".
O contador disse que vai torcer para não chover nos próximos dias, já que, com as telhas quebradas no topo, os buracos no telhado podem molhar as salas comerciais. A expectativa dele é poder retornar ao trabalho na próxima segunda-feira, mas não há qualquer previsão oficial.
49 pessoas não foram localizadas
Homens do Corpo de Bombeiros continuam retirando os escombros e, com ajuda de cães farejadores, tentam localizar vítimas que possam estar vivas ou mortas.
Ao todo, até a tarde desta quarta-feira, ao menos 49 pessoas estavam desaparecidas, segundo a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de São Paulo.
Segundo o tenente Guilherme Derrite, porta-voz do Corpo de Bombeiros, 366 homens da corporação já trabalharam nas buscas. Ainda de acordo com ele, é possível que, em uma semana, ainda haja sobreviventes sob os escombros.
No entanto, a expectativa é de encontrar pessoas que pudessem estar no prédio no momento do desabamento nas primeiras 48 horas. Depois deste período, máquinas de grande porte devem retirar os entulhos. Por enquanto, o trabalho é manual. (Com Estadão Conteúdo)
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