Conteúdo publicado há 3 meses

Copiloto da Voepass mencionou 'bastante gelo' minutos antes de queda

O copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva falou em "bastante gelo" minutos antes da queda do avião da Voepass, que matou todas as 62 pessoas a bordo em 9 de agosto, em Vinhedo (SP).

O que aconteceu

A declaração integra os áudios extraídos da caixa-preta da aeronave. Fala do copiloto foi divulgada nesta sexta-feira (6) pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos).

A fala do copiloto foi feita um minuto e nove segundos antes da perda de controle da aeronave. Segundo o relatório preliminar do Cenipa, o copiloto relatou que havia "bastante gelo" às 13h20. O controle da aeronave foi perdido 69 segundos depois, e ela ingressou em uma atitude de voo anormal até colidir contra o solo.

Antes, o piloto Danilo Santos Romano havia comentado sobre uma falha no sistema antigelo da aeronave. Porém, essa suposta falha ainda será apurada durante a investigação.

Cerca de 16 minutos após a decolagem, o detector eletrônico de gelo exibiu um sinal de alerta. Os pilotos, então, acionaram o sistema antigelo. Segundo o reporte inicial, um alarme único foi ouvido na cabine e os tripulantes comentaram na sequência sobre a ocorrência de uma falha no sistema.

O relatório também mostra que o sistema antigelo foi ligado três vezes pelo piloto durante o voo. A FAB informou que os detalhes do reporte inicial foram apresentados primeiramente às famílias das vítimas.

O Cenipa confirmou que a aeronave estava certificada para voo em condições de gelo e os pilotos eram habilitados para essa condição. O órgão ainda constatou que as informações meteorológicas disponíveis apontavam para uma previsão de gelo severo na rota do voo.

O reporte inicial revela que uma das "packs" do avião - responsáveis pela pressurização, climatização e regulagem do ar - estava inoperante. Porém, o Cenipa ressaltou que isso não impede o voo, desde que os procedimentos sejam respeitados, como foi o caso no voo da Voepass.

Cenipa recuperou todos os dados e áudios das caixas-pretas da aeronave. Agentes do Cenipa analisam as atividades relacionadas ao voo, ambiente operacional e fatores humanos. São examinados componentes, equipamentos, sistemas, infraestrutura, entre outros.

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Participaram da coletiva: o tenente-coronel aviador Paulo Mendes Fróes, investigador do Cenipa; brigadeiro do ar Marcelo Morena, chefe do órgão; e o coronel aviador Carlos Henrique Baldin, chefe da Divisão de Investigação do Cenipa.

Como ocorreu a queda?

Avião saiu de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP) com 58 passageiros e quatro tripulantes. Ele decolou às 11h50 e pousaria às 13h45, segundo o FlightAware.

Aeronave despencou 13 mil pés (4.000 metros) em dois minutos. O registro de voo do Flight Radar mostra que o avião estava a 17 mil pés de altitude às 13h20 e a 4.000 pés às 13h22, quando o sinal de GPS foi perdido pela plataforma. A aeronave caiu pouco mais de 20 minutos antes de pousar.

Passageiros podem ter sido avisados. O Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt, responsável pela identificação das vítimas, afirmou no mês passado que a preservação das mãos da maioria dos passageiros mostra que eles podem ter sido alertados sobre a queda.

Casas de condomínio residencial foram atingidas após a queda. O Corpo de Bombeiros mandou sete equipes para a rua João Edueta. Em imagens gravadas por moradores da região do Distrito Industrial, é possível ver o momento em que a aeronave despenca.

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A TV Globo divulgou informações registradas no gravador de voz do avião da Voepass. Ao perceber que o avião estava perdendo sustentação, o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva questionou ao piloto, Danilo Santos Romano, o que estava acontecendo naquele momento. O próprio copiloto afirmou que era preciso "dar potência" para impedir a queda, segundo a emissora.

Como era o avião?

Avião da Voepass
Avião da Voepass Imagem: Divulgação/Instagram/@voepassoficial

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O modelo ATR 72 era operado pela Voepass Linhas Aéreas e tinha capacidade para 68 passageiros. O Cenipa informou que a aeronave estava com a documentação em dia e autorizada a voar. O órgão responsável pelas investigações revelou também que os pilotos tinham o treinamento e as capacidades para operar a aeronave.

O CEO da Voepass, Eduardo Busch, destacou a experiência da tripulação. O comandante, Danilo Santos Romano, tinha 5.202 horas de voo. O copiloto, Humberto Campos de Alencar, acumulara 5.100 horas.

A companhia acrescentou que o avião passou por manutenção de rotina na noite anterior a queda. O trabalho foi realizado na base da empresa, em Ribeirão Preto (SP).

Quem eram as vítimas?

A lista com os nomes (veja abaixo) foi divulgada pela Voepass. Na noite de sábado, o Corpo de Bombeiros retirou os 62 corpos da aeronave. Todos foram levados para o IML (Instituto Médico Legal) Central, em São Paulo.

O IML (Instituto Médico Legal) de São Paulo concluiu a identificação de todos os 62 corpos das vítimas da queda do avião. Todas as pessoas morreram devido ao impacto do avião com o solo. Com isso, mortes foram instantâneas por politraumatismo e, só depois, o avião explodiu. Apesar disso, corpos não foram completamente carbonizados.

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