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A corrida pela Prefeitura de São Paulo em 8 momentos

Guilherme Boulos (PSOL), Bruno Covas (PSDB), Márcio França (PSB) e Celso Russomanno (Republicanos) - Reprodução
Guilherme Boulos (PSOL), Bruno Covas (PSDB), Márcio França (PSB) e Celso Russomanno (Republicanos) Imagem: Reprodução

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

15/11/2020 00h01

A chegada até o primeiro turno na disputa pela Prefeitura de São Paulo ganhou novos momentos marcantes com a pandemia do novo coronavírus. Com restrições sanitárias às campanhas tradicionais, aglomerações e partidas de videogame viraram notícia, assim como atos falhos de candidatos.

Veja momentos emblemáticos dos quatro principais candidatos à Prefeitura da capital paulista, segundo as pesquisas de intenção de voto mais recentes. São eles: Guilherme Boulos (PSOL), Bruno Covas (PSDB), Márcio França (PSB) e Celso Russomanno (Republicanos), que aparecem em ordem alfabética de acordo com seus sobrenomes.

Boulos e a aglomeração em evento de campanha

Guilherme Boulos (Psol) durante o evento Mutirão Vira Voto, no Largo da Batata, em Pinheiros - RONALDO SILVA/ESTADÃO CONTEÚDO - RONALDO SILVA/ESTADÃO CONTEÚDO
01 nov. 2020 - Guilherme Boulos (Psol) durante o evento Mutirão Vira Voto, no Largo da Batata, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo
Imagem: RONALDO SILVA/ESTADÃO CONTEÚDO

Um evento da campanha de Boulos realizado no dia 1º de novembro no Largo da Batata, zona oeste da capital paulista, gerou aglomeração e chamou a atenção do MPE (Ministério Público Eleitoral).

Batizado de Mutirão Vira Voto, o evento contou com um palco, onde Boulos e outros parlamentares do PSOL discursaram a apoiadores. Em meio à pandemia de covid-19, centenas de pessoas se aglomeraram no local, desrespeitando as medidas de distanciamento social.

É desaconselhável a realização de atos de campanha presenciais que gerem aglomeração de pessoas, por ocasionar incremento de riscos."
Trecho da recomendação do MPE à campanha de Boulos

Após o evento, Boulos disse que o evento era apenas para distribuição de material de campanha, mas que mais pessoas do que o esperado foram ao local. Em nota, a campanha disse que "recebeu as recomendações e se compromete a redobrar esforços para evitar aglomerações".

Boulos em partida de Among Us

Boulos no Among Us - Reprodução - Reprodução
Boulos embarcou na febre do Among Us e jogou em transmissão ao vivo
Imagem: Reprodução

Mirando no eleitorado gamer, Boulos participou de uma partida com transmissão ao vivo de Among Us, jogo que virou febre entre os jovens na internet.

Boulos jogou com influencers no dia 14 de outubro. Ele se dedicou ao game por mais de uma hora e destacou a ajuda das filhas Laura, 10, e Sofia, 9. Ao longo da transmissão, ele também respondeu perguntas e falou de propostas da sua candidatura para a Prefeitura de São Paulo.

Covas e o ato falho sobre apoio de Doria

26 out. 2020 - Bruno Covas (PSDB) realiza vistoria no Parque do Ibirapuera pós-concessão, na zona sul da cidade de São Paulo - ETTORE CHIEREGUINI/ESTADÃO CONTEÚDO - ETTORE CHIEREGUINI/ESTADÃO CONTEÚDO
O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Bruno Covas
Imagem: ETTORE CHIEREGUINI/ESTADÃO CONTEÚDO

O atual prefeito Bruno Covas cometeu uma gafe ao comentar a ausência do governador João Doria (PSDB) em sua campanha.

Não tenho nenhum problema em esconder o apoio do governador João Doria, mas o candidato sou eu."
Bruno Covas durante sabatina realizada em conjunto por UOL e Folha

Doria amarga forte rejeição do eleitor na capital paulista e, por isso, nem sequer apareceu na campanha de Covas. Questionado ao longo da corrida, o atual prefeito optou por repetir o discurso de que tem o apoio de Doria e que seria "estranho" o governador deixar de lado seus afazeres para focar na campanha de prefeito de São Paulo.

Material de campanha de Covas sem destaques para o PSDB

Covas esconde PSDB em material de campanha - Divulgação - Divulgação
Covas esconde PSDB em material de campanha
Imagem: Divulgação

Em seu material de divulgação de campanha, Covas optou por não dar destaque ao próprio partido, o PSDB, e nem ao tradicional mascote da sigla, o tucano.

O PSDB apareceu nos materiais de Covas apenas em letras miúdas, junto aos demais partidos que formam a coligação da candidatura do atual prefeito. Ao longo da campanha, Covas utilizou o bordão "força, foco e fé" e um símbolo que se assemelha a um coração.

França e a distorção de pesquisas

26 out. 2020 - Márcio França (PSB) almoça no centro de São Paulo - DANILO M YOSHIOKA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - DANILO M YOSHIOKA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
França foi alvo de questionamentos na Justiça por suposta distorção de dados de pesquisas
Imagem: DANILO M YOSHIOKA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

No fim de outubro, a Justiça concedeu três liminares contra França, em um período de 72 horas, por temas relacionados a pesquisas de intenção de votos. Em uma delas, a Justiça entendeu ter havido, por parte de França, a exposição incorreta dos resultados de uma pesquisa e ordenou que o candidato retirasse uma postagem de suas redes sociais.

O pedido foi apresentado à Justiça Eleitoral pelo PSDB. O partido argumentou que, ao somar a parcela de eleitores que disse ter certeza que votaria em França e aqueles que consideravam esta possibilidade, o candidato do PSB saltou artificialmente do quarto para o segundo lugar.

Toda a vez que eu começo a crescer eles começam a entrar com ação."
Márcio França (PSB)

França negou ter havido distorção e afirmou ter usado um dado público, disponibilizado no TRE (Tribunal Regional Eleitoral).

França e o apoio a Toninho do Diabo

Em vídeo, França apoia Toninho do Diabo, candidato a vereador pelo Solidariedade - Reprodução - Reprodução
Em vídeo, França apoia Toninho do Diabo, candidato a vereador pelo Solidariedade
Imagem: Reprodução

O candidato do PSB viralizou nas redes ao aparecer em um vídeo de apoio a Antônio Aparecido Firmino, conhecido como Toninho do Diabo. Firmino se lançou candidato a vereador pelo Solidariedade, um dos partidos que fazem parte da coligação de França.

E [para] você que fica mandando os vereadores irem para o inferno, você já tem aqui o nome: Toninho do Diabo."
Márcio França

França classifica o aliado como ator e diz que ele faz do ofício de artista o seu "ganha-pão".

Russomanno e os moradores de rua

30. set. 2020 - Celso Russomanno (Republicanos) cumpre agenda na Federação Paulista de Jiu-Jitsu, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo - Bruno Escolastico/Photopress/Estadão Conteúdo - Bruno Escolastico/Photopress/Estadão Conteúdo
Russomanno sugeriu que, por não tomarem banho, moradores de rua têm resistência à covid-19
Imagem: Bruno Escolastico/Photopress/Estadão Conteúdo

Ao participar de um encontro na Associação Comercial de São Paulo, em outubro, Russomanno afirmou que moradores de rua e usuários de droga da região da Cracolândia podem ser mais "resistentes" à covid-19 por não tomarem banho.

Talvez eles sejam mais resistentes que a gente porque eles convivem o tempo todo nas ruas, não têm como tomar banho todo o dia."
Celso Russomanno

A declaração não tem respaldo científico e foi alvo de críticas por parte de especialistas e também dos seus adversários na corrida pela Prefeitura. Ele, então, alegou que a fala foi tirada de contexto.

Russomanno e a fake news contra Boulos

Russomanno protagonizou o momento mais tenso do debate realizado em conjunto por UOL e Folha de S. Paulo, quando acusou Boulos de ter usado supostas empresas fantasma em sua campanha.

A acusação foi feita por Russomanno com base em um vídeo publicado pelo blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio, um dos principais investigados no inquérito das fake news.

Há indícios de que a ação foi orquestrada para fazer uma "pegadinha" contra Boulos, já que o vídeo em que Eustáquio apresenta a denúncia das supostas empresas fantasma foi publicado durante o debate, realizado e transmitido ao vivo.

A Justiça Eleitoral já determinou que o Google retire do ar o vídeo publicado por Eustáquio por se tratar de material que "não encontra lastro nem sequer em indícios", isto é, de conteúdo "sabidamente inverídico".

Após perder na Justiça, Russomanno voltou a investir na acusação e defendeu Eustáquio.

Eu queria dizer que desqualificar a fonte não impede a irregularidade. É o mesmo que colocar a culpa no termômetro pela febre que a pessoa tem."
Celso Russomanno