Candidato do PT fala em criar polo de energia limpa em Ribeirão Preto (SP)
Carla França
Colaboração para o UOL, em São Paulo
16/09/2024 21h17Atualizada em 16/09/2024 21h17
Jorge Roque, candidato à Prefeitura de Ribeirão Preto (PT) afirmou que vai criar um polo de hidrogênio verde a partir da produção de cana-de-açúcar. Ele participou de sabatina promovida pelo UOL/Folha de S.Paulo, exibida nesta segunda-feira (16).
O que aconteceu
Roque criticou a gestão atual do prefeito, Duarte Nogueira (PSDB), pela falta de investimentos na área ambiental. A região de Ribeirão, polo do agronegócio sobretudo por causa da cana, é um dos epicentros das queimadas que tomaram o país recentemente. O petista quer tornar a região uma referência em produção de energia limpa, gerando empregos e renda.
Nós temos conversado e estudado com o Centro Nacional das Indústrias de Biocombustíveis, porque vivemos um período de transição energética no mundo todo. Então nós precisamos interligar a região, com as metalúrgicas, com as usinas, e criar uma cadeia econômica diversificada, baseada no hidrogênio verde, que é uma energia limpa e de alta tecnologia, que dá empregos de qualidade e puxa outras indústrias.
Jorge Roque, em sabatina UOL/Folha
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O Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise) representa indústrias do setor sucroenergético e de biocombustíveis. A sede fica em Sertãozinho, na região de Ribeirão.
Os investimentos públicos para criar a infraestrutura do novo polo de energia limpa seriam da ordem de R$ 4 bilhões, segundo o candidato. Além de recursos e incentivos do governo federal, o projeto dependeria de fundos internacionais ligados ao mercado de crédito de carbono.
Roque lembrou que a cidade tem um microclima quente, mas acusou a gestão Nogueira de fazer uma "política predatória" na área ambiental. "O problema se agravou e não foi investido quase nada. Tinha uma rubrica R$ 1 milhão reservada para o plantio de árvores na cidade, que não foi usada", disse.
Ele diz que pretende viabilizar o plantio de 100 mil árvores, reabrir parques fechados, investir na produção orgânica local e buscar alternativas para não faltar água na região. "O aquífero [Guarani] está secando, não está dando conta da demanda. Precisamos resolver os problemas, se não, vai faltar água em Ribeirão", afirmou.
Ribeirão está convivendo com os dois extremos, ou com as queimadas ou as enchentes. É uma região suscetível. Nós precisamos virar a chave para dar outra dimensão para a política ambiental na região e também aumentar a fiscalização, com mais agentes e a aquisição de um satélite de monitoramento
Jorge Roque (PT), em sabatina UOL/Folha
Segundo o candidato, há oito anos não se investe nada na prevenção de enchentes no município. "Precisamos tornar a cidade mais porosa, diminuir o asfalto. Estamos estudando a criação de asfalto-esponja. O governo federal tem recurso para esse tipo de questão, mas tem que ter projeto", disse.
Roque aparece em segundo lugar em pesquisa Quaest divulgada em 27 de agosto, com 9% das intenções de voto. Está empatado tecnicamente com Marco Aurélio (Novo), que tem 6%, e André Trindade (União), com 5%. Ricardo Silva (PSD) lidera, com 46%. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
O petista foi questionado sobre a viabilidade de sua campanha, em uma cidade que preferiu o ex-presidente Jair Bolsonaro ao presidente Lula nas eleições de 2022. Ele respondeu que espera dialogar "para além do nosso espectro político" para chegar ao segundo turno com uma frente popular.
Desde a saída do então prefeito Antônio Palocci, em 2002, para compor o ministério do primeiro mandato do governo Lula, o PT não consegue ir ao segundo turno em Ribeirão. Em 2016, o partido sequer lançou candidato na cidade.
Apesar de ter perdido a eleição, o Lula foi muito bem votado. Teve 27% dos votos no primeiro turno e 41% dos votos no segundo turno. O antipetismo reduziu, aquele bolsonarismo mais fanático também reduziu. A direita aqui em Ribeirão Preto está dividida. Eles lançaram três candidaturas, dividindo o espólio bolsonarista. Nós vamos para o segundo turno, e o segundo turno é uma outra conversa
Jorge Roque, em sabatina UOL/Folha
Tarifa zero no transporte, segurança e moradia
Roque citou projetos para atrair a população de baixa renda para o centro da cidade. Dentre eles, atividades culturais, como a Feira do Livro, e a possibilidade de implementar tarifa zero no transporte público.
Na segurança, culpou a desigualdade social pelos índices de criminalidade e disse que vai atuar na prevenção. Prometeu dobrar o efetivo da GCM (Guarda Civil Municipal) de 200 para 400 agentes ao longo de quatro anos.
Se eleito, Roque diz que vai entregar 15 mil unidades habitacionais em parceria com o programa Minha Casa, Minha Vida do governo federal. "Ribeirão Preto tem 45 mil pessoas vivendo em favelas. Não teve uma política de moradia e de emprego nos últimos anos", disse.
Também citou iniciativas para gerar emprego e renda. Uma delas é a criação de um polo digital, a exemplo do Recife, voltado a jovens de baixa renda para o desenvolvimento de produtos digitais.
Mais concursos públicos para professores e médicos
Roque defendeu a abertura das escolas nos finais de semana e nas férias, além da contratação de mais professores por meio de concursos públicos. "A educação de Ribeirão tem sido privatizada por dentro através de terceirizações", criticou.
Também citou a abertura de concursos para contratar mais médicos e triplicar as equipes de saúde da família na cidade, focando na atenção primária. A saúde é o principal alvo de reclamações dos moradores.
Apesar de ser crítico à gestão das obras feitas pela atual prefeitura, como os corredores de ônibus, garantiu que vai concluí-las. "Não vou fazer demagogia. Essas obras são importantes para a cidade. Falhou na gestão e execução, e a gente vai resolver essa história", disse.
Jorge Roque tem 46 anos e é formado em ciências sociais e direito. Atua como advogado de sindicatos na região de Ribeirão Preto. É filiado ao PT desde 2018, quando disputou o cargo de deputado federal.
A jornalista Paola Rosa, da Folha, conduziu a sabatina, com a participação de Mariana Bomfim, editora do UOL, e de Marcelo Toledo, repórter da Folha.
Sabatina em 18 cidades
O UOL e a Folha estão recebendo os principais candidatos à prefeitura de 18 cidades do país.
Em Ribeirão Preto, além de Roque, Ricardo Silva (PSD) e André Trindade (União) já foram entrevistados.
Também já aconteceram as sabatinas de:
- Belo Horizonte: com Fuad Noman (PSD) e Rogério Correia (PT);
- Salvador: com Bruno Reis (União) e Kleber Rosa (PSOL);
- Porto Alegre: com Thiago Duarte (União Brasil) e Maria do Rosário (PT);
- Recife: com João Campos (PSB), Gilson Machado (PL) e Daniel Coelho (PSD);
- São Paulo: com Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e José Luiz Datena (PSDB). A candidata Tabata Amaral foi sabatinada pelo UOL;
- Curitiba: Ney Leprevost (União), Eduardo Pimentel (PSD) e Luciano Ducci (PSB);
- Fortaleza: José Sarto e Capitão Wagner (União Brasil);
- Maceió: Rafael Brito (MDB) e Lobão (Solidariedade);
- Manaus: Marcelo Ramos (PT) e David Almeida (Avante);
- Santo André: Bete Siraque (PT), Luiz Zacarias (PL) e Gilvan Júnior (PSDB);
- Guarulhos: Lucas Sanches (PL), Elói Pieta (Solidariedade) e Jorge Wilson Xerife do Consumidor (Republicanos);
- São Bernardo do Campo: Luiz Fernando Teixeira (PT), Marcelo Lima (Podemos) e Alex Manente (Cidadania);
- Osasco: Emídio Souza (PT) e Dr. Lindoso (Novo);
- Campinas: Pedro Tourinho (PT), Dario Saadi (Republicanos) e Rafa Zimbaldi (Cidadania).
Ainda acontecerão as sabatinas com candidatos de Sorocaba e São José dos Campos.
São Paulo
Na capital paulista, o UOL e a Folha iniciaram uma segunda rodada de sabatinas, para discutir temas que preocupam os eleitores da cidade.
Já foram entrevistados Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB), Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Altino Prazeres (PSTU), Ricardo Senese (UP), João Pimenta (PCO) e José Luiz Datena (PSDB). Em 18 de setembro, às 9h, a entrevista com Marina Helena (Novo) encerrará o ciclo.