'Casa tremeu': Brasileiros relatam apreensão e vontade de deixar a Ucrânia
Brasileiros relataram medo, apreensão e vontade de deixar a Ucrânia após a invasão da Rússia, que só no primeiro dia deixou mais de 100 mortos. Há cerca de 500 brasileiros na Ucrânia entre estudantes, jogadores de futebol, executivos de multinacionais e familiares de ucranianos.
A Embaixada do Brasil na Ucrânia orientou os brasileiros a deixar o país europeu imediatamente. Já o ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto França, afirmou hoje que o governo só vai retirar brasileiros do País quando as condições forem consideradas seguras.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou na tarde de hoje (24) que está empenhado em "proteger e auxiliar os brasileiros que estão na Ucrânia" após a invasão russa.
Estou totalmente empenhado no esforço de proteger e auxiliar os brasileiros que estão na Ucrânia.
Presidente Jair Bolsonaro sobre a crise na Ucrânia
Horas após os ataques, milhares de moradores começaram a deixar a capital Kiev. Longas filas de carros foram registradas nesta manhã em estradas, supermercados, postos de gasolina e também em caixas eletrônicos.
"Quero cruzar a fronteira", diz brasileiro
O brasileiro Rafael de Sousa Pinto mostrou em seu canal no YouTube a dificuldade para retirada de dinheiro em caixas eletrônicos e revelou que iria tentar deixar o país de trem.
"Quero cruzar a fronteira. Estou aqui correndo, fazendo as malas e abandonando a minha casa. Se não funcionar, volto. Uns amigos querem ficar. Eu quero ir", disse a publicação mais recente.
Nos vídeos, Rafael não revela em que cidade está. Contudo, se identifica como morador de Kiev em seu perfil no Facebook. "São 8h (3h pelo horário de Brasília) e os supermercados estão cheios de pessoas com sacolas imensas. Escuto sirenes a todo momento na cidade", disse em um dos vídeos, em espanhol.
"Minha casa tremeu com bombas", diz brasileiro em Kiev
O brasileiro Leovitor dos Santos, 30, trabalhava no computador dentro do apartamento onde mora em Kiev, capital da Ucrânia, quando sentiu os primeiros tremores das bombas em meio ao ataque russo.
"Pensei: 'não é possível que o vento esteja tão forte'. Aí, um amigo brasileiro ligou e perguntou se eu tinha escutado o barulho. Minha casa tremeu com as bombas. Só então percebi que estavam acontecendo os ataques. Depois, ouvi mais umas cinco explosões", contou ao UOL.
Leovitor pretende seguir o mesmo rumo. Ele perambulou hoje pelas ruas à procura de combustível para o carro, já que deve tentar deixar o país amanhã (25). Em seguida, andou de metrô para ir à casa dos pais da namorada ucraniana. Disse ter se surpreendido com o que viu.
Ninguém esperava um ataque por toda a Ucrânia. Ainda assim, tem pessoas andando normalmente pelas ruas de Kiev. Até sei de gente que foi trabalhar. Parece que algumas pessoas estão acostumadas com as guerras e deixam de se importar tanto"
Leovitor dos Santos, brasileiro há dois anos na Ucrânia
Ele confirmou ainda a grande quantidade de ucranianos dispostos a se alistar para enfrentar as forças russas.
Jogadores de futebol pedem ajuda
Jogadores brasileiros que atuam no Shakhtar Donetsk e no Dínamo de Kiev publicaram um vídeo em suas redes sociais pedindo ajuda ao governo brasileiro para deixarem o país. Cerca de 20 pessoas, entre atletas e familiares, estão em um hotel em Kiev.
Entre os jogadores no vídeo é possível identificar o zagueiro Marlon, ex-Fluminense, o meia Pedrinho, ex-Corinthians, o atacante David Neres, ex-São Paulo, e o lateral Dodô, ex-Coritiba.
"Escutei barulho de bomba", diz jogadora
Entre os atletas que não podem voltar para o Brasil está a jogadora Lidiane Oliveira, que atua no FC Kryvbas, na cidade de Kryvyi Rih, a aproximadamente 400 km de Kiev, a capital do país.
"Eu escutei barulho de bomba porque o hotel em que a gente morava fica ao lado da base militar da cidade. E aí foi quando bateu o desespero. Tiraram a gente daquele hotel perto da base e colocaram a gente em um mais afastado. Muita coisa passa pela cabeça porque a gente está aqui e não sabe o que fazer, qual rumo tomar", relatou a Lidiane Oliveira, ao UOL, diretamente da Ucrânia.
Há oito dias na Ucrânia, jogador sofre para deixar o país
O jogador de futebol Joanderson Normandes dos Santos vivencia o ataque russo com medo e sem domínio da língua local. Ele chegou há oito dias na cidade de Kharkiv para jogar em um time local.
"Hoje o dia todo a gente passou escutando as bombas. De manhã, parecia longe. Mas quando foi chegando o final da tarde, as bombas começaram a ficar mais perto e começou até a tremer o apartamento. Agora à noite, houve uma rajada de bombas, bem perto. Os sons são altos e a gente vê os clarões das explosões pela janela", disse o jogador.
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