Zelensky diz que guerra não vai parar na Ucrânia e que EUA podem fazer mais
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, alertou os países ocidentais que a guerra não vai parar na Ucrânia e disse que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, "pode fazer mais" para parar o conflito iniciado pela invasão russa e que já dura treze dias. As declarações foram dadas ontem durante uma entrevista ao ABC World News Tonight.
"Todo mundo pensa que estamos longe da América [EUA] ou do Canadá. Não, estamos nesta zona de liberdade. E quando os limites dos direitos e liberdades estão sendo violados e pisoteados, então você tem que nos proteger. Vocês virão em segundo lugar. Porque quanto mais essa fera come, mais ela quer, e mais e mais", declarou o presidente ucraniano.
Zelensky divulgou ontem um vídeo de 8 minutos em que aparece inicialmente caminhando por seu escritório para mostrar que está na sede do governo, em Kiev. "Não me escondo", afirma ele.
Ainda durante a entrevista à rede de TV americana, ele destacou novamente a necessidade de proteger o espaço aéreo da Ucrânia, algo que ele já pediu aos EUA e à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), sem sucesso.
"Não podemos permitir que a Rússia seja ativa, porque eles estão nos bombardeando, estão enviando mísseis, helicópteros, caças, muitas coisas. Nós não controlamos nosso céu", disse.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, reafirmou ontem que a Otan não criará uma zona de exclusão aérea na Ucrânia, de modo a não acirrar ainda mais as tensões com a Rússia. Segundo ele, a ação teria um "risco considerável" de ampliar o conflito.
Em um cenário de conflito militar, uma "zona de exclusão aérea" seria o bloqueio para que qualquer aeronave adentre o perímetro, de modo a impedir incursões inimigas pelos ares e consequentes ataques.
Zelensky acrescentou que acredita que Biden "pode fazer mais" para parar a guerra. "Tenho certeza de que ele pode e gostaria de acreditar nisso. Ele é capaz de fazer isso."
Ontem, a Casa Branca disse que Biden continua firme em seu compromisso de manter as tropas americanas fora do conflito.
Os EUA e a Otan se opõe à criação de uma zona de exclusão aérea na Ucrânia. Ontem, Blinken disse que a medida "traria um risco considerável de criar um conflito direto entre nossos países (aliados da Otan) e a Rússia". "Portanto, seria uma guerra mais ampla."
O presidente russo, Vladimir Putin, disse no sábado que os países que impusessem tal zona de exclusão aérea seriam considerados participantes do conflito.
Ele acrescentou que a imposição da medida teria "consequências colossais e catastróficas não apenas para a Europa, mas também para o mundo inteiro".
Zelensky disse que os mísseis russos estão atingindo estruturas civis, incluindo universidades e clínicas pediátricas. "Se um míssil está voando no céu, acho que não há outra resposta: eles precisam ser derrubados. Você tem que preservar vidas."
Presidente cita 'promessas' não cumpridas dos ocidentais
Em um vídeo publicado hoje no Telegram, Zelensky denunciou as "promessas" não cumpridas dos países ocidentais de proteger a Ucrânia dos ataques russos.
"Há 13 dias estamos ouvindo promessas. Há 13 dias que estão nos dizendo que vão nos ajudar (...) que haverá aviões, que vão nos entregar", declarou.
"Mas a responsabilidade por tudo isso também recai sobre aqueles que não foram capazes de tomar uma decisão no Ocidente há 13 dias. Sobre aqueles que não protegeram o céu ucraniano dos assassinos russos", acrescentou.
A opção sem precedentes de fornecer em caráter de urgência caças aos ucranianos para ajudar na defesa de seu espaço aéreo contra os russos, uma possibilidade citada por vários líderes ocidentais, é muito difícil de ser concretizada.
A frota militar ucraniana é exclusivamente composta por antigos caças soviéticos do tipo Mig-29 e Sukhoi-27 (defesa antiaérea e apoio em terra), além de caça-bombardeiros Sukhoi-25, segundo o "Balanço militar" do IISS (Instituto Internacional para Estudos Estratégicos). Estas aeronaves são as únicas que os ucranianos poderiam pilotar sem treinamento prévio.
De qualquer forma, seriam apenas os ucranianos que os pilotariam, para que outros países não fossem acusados de participação no conflito.
Major-general do exército russo 'liquidado', diz Ucrânia
A inteligência militar da Ucrânia disse hoje que as forças ucranianas mataram um general russo perto da cidade sitiada de Kharkiv, o segundo comandante militar de alto escalão russo a morrer na invasão.
O Major General Vitaly Gerasimov, primeiro comandante adjunto do 41º Exército da Rússia, foi morto na segunda-feira, disse o chefe do Departamento de Inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia em comunicado.
O Ministério da Defesa da Rússia não pôde ser imediatamente contatado para comentários.
Outro general russo, Andrei Sukhovetsky, também comandante adjunto do 41º Exército, teria sido morto, segundo relatos, no final de fevereiro.
A Ucrânia diz que suas forças já mataram mais de 11 mil soldados russos. A Rússia confirmou cerca de 500 baixas.
Nenhum dos lados divulgou informações sobre baixas ucranianas.
A invasão russa ao território ucraniano entra no 13º dia na expectativa de uma trégua para evacuação de civis na Ucrânia após uma sequência de tentativas frustradas.
Um corredor humanitário foi aberto hoje em Sumy, cidade ucraniana a cerca de 330 quilômetros a leste da capital, Kiev, perto da fronteira com a Rússia. Ontem, Sumy foi atingida por um ataque russo, que matou crianças. "Vamos tentar de novo", disse Mykhailo Podolyak, conselheiro da Presidência da Ucrânia. O país espera a abertura de mais corredores.
A ONU (Organização das Nações Unidas) estima que o número de refugiados em razão do conflito na Ucrânia deve superar a marca de 2 milhões de pessoas entre hoje e amanhã.
* Com Reuters
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