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Fim do gás e arma nuclear: quais as maiores ameaças da Rússia ao Ocidente?

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante anúncio de convocatória "parcial" para a guerra na Ucrânia na TV estatal - SPUTNIK/via REUTERS
Presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante anúncio de convocatória "parcial" para a guerra na Ucrânia na TV estatal Imagem: SPUTNIK/via REUTERS

Simone Machado

Colaboração para o UOL

21/09/2022 12h47Atualizada em 23/09/2022 09h21

O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou nesta quarta-feira (21) uma mobilização de até 300 mil reservistas para lutar na Guerra da Ucrânia, e disse que irá proteger com armas nucleares, se necessário, as populações de território ocupados que pretende anexar após referendos a serem feitos em quatro regiões ucranianas no leste e no sul do país a partir de sexta (23).

Desde que a invasão da Rússia à Ucrânia começou, em fevereiro, existe o medo de um confronto mais sério, capaz de desencadear uma Terceira Guerra Mundial. Ameaças do governo russo não faltaram:

Ameaça nuclear

Desde o início da invasão russa à Ucrânia, Putin e autoridades russas deixam clara a possibilidade de uma guerra nuclear caso algum país ajude os ucranianos ou resolva se aproximar mais da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

A Rússia alertou o Ocidente que haverá uma resposta militar dura a qualquer ataque ao território russo, acusando os Estados Unidos e seus aliados europeus de incitarem abertamente a Ucrânia a atacar a Rússia.

Putin já ameaçou uma retaliação rápida "como um raio" contra quaisquer países ocidentais que se envolverem no conflito ajudando os ucranianos. Em discurso divulgado nesta quarta, Putin disse que o país tinha "muitas armas para responder" e mandou um recado claro: "isso não é um blefe".

"Nosso país também tem vários meios de destruição, e para componentes separados e mais modernos que os dos países da Otan e quando a integridade territorial de nosso país for ameaçada, para proteger a Rússia e nosso povo, certamente usaremos todos os meios à nossa disposição", disse Putin.

Ele tem feito estardalhaço e exibido as novas armas que o país desenvolveu, capazes de carregar ogivas cada vez mais poderosas e acertar alvo com muita precisão. Lançou mísseis supersônicos e intercontinentais, apresentou laser de alta tecnologia e mostrou o investimento em armamento sofisticado.

Ameaças para aliados da Otan

O ex-presidente e membro do Conselho de Segurança da Rússia, o ex-presidente Dmitry Medvedev, já havia citado a possibilidade de usar armamento nuclear caso a Finlândia e a Suécia entrassem na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Os dois países aderiram ao grupo em julho. Ele levantou explicitamente a ameaça ao dizer que não se pode mais falar de um Báltico "livre de armas nucleares".

"Não se poderá falar mais de um Báltico livre de armas nucleares. O equilíbrio tem de ser restaurado. Até hoje, a Rússia não tinha adotado essas medidas e não planejava adotá-las. Mas, se formos forçados? Lembrem-se: não fomos nós que propusemos isto", disse ele em abril para agências de notícias russas.

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A primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, fala durante a sessão plenária no Parlamento finlandês, em Helsinque
Imagem: Emmi Korhonen/Lehtikuva/Reuters

Interrupção do fornecimento de gás

Até agora, porém, as ameaças que saíram do papel foram aquelas relacionadas ao fornecimento de gás. A Rússia já interrompeu o abastecimento para Bulgária e Polônia depois que os países rejeitaram a exigência de pagamento em rublos — tática usada pelo governo russo para mirar diretamente as economias europeias e que, segundo os russos, foi feita para proteger sua economia das sanções.

"Ninguém nos vende nada de graça, e também não faremos caridade. Isso significa que os contratos existentes, no caso de não pagamento do gás em rublos, serão rescindidos", disse Putin. Líderes europeus classificaram a medida como "chantagem".

Em agosto, as entregas de gás russo por meio do gasoduto Nord Stream foram suspensas por três dias. O Kremlin afirmou em seguida que a interrupção do fornecimento de gás é de total responsabilidade do Ocidente. De acordo com Moscou, as sanções impostas à Rússia em razão da invasão da Ucrânia impedem a manutenção adequada das infraestruturas do setor energético.

A Rússia é o principal fornecedor de gás da Europa.

Barrados na fronteira

A Rússia anunciou, em março, a proibição de entrada em seu território aos líderes europeus e à maioria dos eurodeputados, em represália às medidas punitivas contra Moscou por sua intervenção militar na Ucrânia.

A medida também se aplicou a líderes políticos de países membros da UE, bem como figuras públicas e jornalistas que apoiaram sanções ilegais contra a Rússia.

"As restrições se aplicam aos dirigentes mais importantes da União Europeia, incluindo comissários europeus e chefes de órgãos militares europeus, assim como a grande maioria dos deputados do Parlamento Europeu, que promovem políticas antirrussas", declarou o Ministério russo das Relações Exteriores, em um comunicado, em março.