'Musk fez algo inédito na história e tentou interferir na eleição dos EUA'

O bilionário Elon Musk, dono da Tesla e Space X, fez algo inédito e tentou interferir nas eleições americanas, segundo avaliação feita pelo professor e historiador João Cezar de Castro Rocha durante participação no UOL News Especial, nesta terça-feira (5).

Nunca houve um bilionário, é o primeiro da história, que tenha tentado interferir de maneira tão cabal numa eleição, a ponto de oferecer na Pensilvânia, que promete ser o estado decisivo dos 'swing states' para esta eleição, oferecendo US$ 1 milhão por dia para as pessoas se registrarem para votar. Você não pode simplesmente ir votar no dia, é preciso se registrar com antecedência. Essa oferta é absurda e inédita.
João Cezar de Castro Rocha, professor da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

Em outubro, Musk iniciou a realização de sorteios de US$ 1 milhão (R$ 5,8 milhões na cotação atual) a eleitores que se registraram em alguns estados para assinar petição com tendência conservadora. O objetivo do magnata era tirar do papel projetos de emendas sobre liberdade de expressão e direito ao porte de armas. Dias antes, ele já havia anunciado a oferta de US$ 47 (R$ 272,66) para aqueles que se engajaram. Depois, aumentou o valor para US$ 100 (R$ 580) e prometeu fazer os sorteios diários no valor milionário, o que acabou ocorrendo.

O caso repercutiu nas redes sociais e dividiu opiniões de especialistas. A polêmica fez o Departamento de Justiça dos Estados Unidos enviar uma carta aos responsáveis pelo lançamento da petição alertando sobre a possível ilegalidade dos sorteios e ofertas.

A petição foi lançada pelo grupo conservador The America PAC, criado por Musk, que conta com o apoio de vários empresários engajados a apoiar a campanha presidencial de Donald Trump. O objetivo principal do grupo é financiar operações de angariação de fundos. A imprensa americana diz que Musk doou US$ 75 milhões para a campanha de Trump. O magnata não se manifestou abertamente sobre a carta enviada pelo governo americano.

Eleições acirradas nos EUA

Após meses de campanha intensa, com troca de farpas e acusações, a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump chegam no dia da votação para as eleições presidenciais americanas sem favoritismo. Os dois aparecem em várias pesquisas tecnicamente empatados.

A vice-presidente entrou na corrida eleitoral apenas em agosto, quando o partido decidiu substituir o atual presidente, Joe Biden, que tentava a reeleição à Casa Branca, em decorrência do desempenho ruim no primeiro debate. Ela aceitou o desafio e, desde então, passou a ser titular da chapa democrata.

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Já a campanha do ex-presidente foi marcada por um atentado a tiro em julho. Trump foi atingido de raspão enquanto discursava no comício da Pensilvânia. O atirador, identificado como Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, foi morto pelo Serviço Secreto. Uma pessoa que estava no local morreu ao ser atingida por um dos tiros.

Além da eleição presidencial, os Estados Unidos também decidem, nesta terça, eleições para governador em 11 estados, além de 33 cadeiras no Senado e todas as vagas na Câmara.

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Imagem: Arte/UOL

O que você precisa saber

Nos Estados Unidos, o presidente não é eleito diretamente: os eleitores escolhem os representantes do colégio eleitoral (delegados) de seus respectivos estados. Na prática, o partido que vence em cada estado ganha um determinado número de "pontos", representados pelos delegados.

O candidato recebe todos os votos do estado, independentemente das porcentagens. Ou seja, se a votação ficar 51% a 49% em um estado com dez delegados, o candidato que teve mais votos levará os dez representantes.

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É possível que um candidato receba a maioria dos votos populares, mas perca a eleição. Em 2016, por exemplo, Donald Trump teve quase três milhões de votos a menos do que Hillary Clinton, mas foi eleito porque somou 306 delegados. A mesma situação aconteceu nas eleições presidenciais de 1824, 1876, 1888 e 2000.

A Califórnia, Texas e Flórida são os que valem mais: são 54, 40 e 30 delegados respectivamente. Seis estados (Alasca, Dakota do Norte, Dakota do Sul, Delaware, Vermont e Wyoming) e a capital Washington são os que têm menos delegados, com três cada um.

Os estados de Maine e Nebraska são os únicos que fogem à regra, usando o método do distrito congressional. Neste caso, os estados indicam dois votos de delegados para o vencedor no estado todo e mais um delegado para o vencedor em cada distrito.

Candidatos disputam os chamados estados roxos ou estados—pêndulo, que oscilam entre democratas e republicanos, os maiores partidos. É onde não há uma preferência definida entre os partidos.

  • Michigan
  • Nevada
  • Pensilvânia
  • Wisconsin
  • Arizona
  • Geórgia
  • Carolina do Norte.

A Flórida já foi um estado roxo, mas, na última eleição, passou a ser considerado com uma tendência republicana.

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O voto não é obrigatório, diferentemente do Brasil. os norte-americanos podem se abster de votar, e pessoas a partir dos 18 anos estão aptas a participar.

Assista ao UOL News Especial - Eleição nos Estados Unidos

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